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EXCLUSIVO: Quase vice, príncipe diz que chefe da campanha de Bolsonaro agiu como agiota ao negociar chapa

Luiz Philippe de Orleans e Bragança diz que foi isolado por Gustavo Bebianno, presidente do PSL e um dos aliados mais próximos de Jair Bolsonaro, para não ter a vaga. Ele afirma que, nas conversas para tratar da candidatura e cobranças por “lealdade”, só faltou perguntar: “Olha, quanto é que é para o negócio sair?”
13.09.18 17:18

Na última segunda-feira, Carlos, um dos filhos de Jair Bolsonaro, recebeu uma visita especial no hospital em que o pai está se recuperando do atentado a faca. Era o príncipe Luiz Philippe de Orleans e Bragança, candidato a deputado pelo PSL que foi cotado para ser vice na chapa. A imagem, registrada no corredor do hospital Albert Einstein, sintetiza a proximidade do príncipe com os filhos de Bolsonaro. Carlos, Flávio e Eduardo Bolsonaro integram o pelotão mais próximo da campanha do pai. O grupo inclui ainda um quarto elemento, tão influente quanto o trio, embora não seja da família Bolsonaro: o advogado Gustavo Bebianno, presidente do PSL, que tem sido uma das vozes mais ativas na definição das estratégias do ex-capitão do Exército. A relação entre Bebianno e os filhos do candidato, porém, não é das melhores. Os ruídos começaram ainda no processo de definição da vaga de vice. O processo foi turbulento. Primeiro, a advogada Janaína Paschoal recusou o posto. Depois, Luiz Philippe de Orleans e Bragança, líder de um movimento anti-PT, surgiu como opção. Mas também ficou pelo caminho.

Gustavo Bebianno era o encarregado de tocar as negociações. É nesse contexto que surge a história da qual Crusoé trata a seguir, em uma entrevista com o príncipe. O herdeiro da família real diz que, durante o processo, Bebianno e seu braço-direito, Julian Lemos, vice-presidente do PSL, atuaram como “agiotas”. O príncipe diz que eles não chegaram a lhe pedir dinheiro em troca da vaga de vice, mas que estranhou as sucessivas cobranças por “lealdade”: “Era uma conversa em que faltava eu falar ‘olha, quanto é que é para o negócio sair?’”. Luiz Philippe diz que, a certa altura, ouviu um “Me ajuda a te ajudar”, numa espécie de “jogo remunerativo”. Hoje candidato a deputado federal pelo partido de Bolsonaro, o príncipe mantém boas relações com o candidato, apoia seu nome e faz elogios públicos ao general da reserva Hamilton Mourão, que depois acabou escolhido para a vaga. Não se pode dizer o mesmo, contudo, de Gustavo Bebianno e Julian Lemos. Crusoé tentou, sem sucesso, falar com os dois. A seguir, a entrevista do príncipe.

Como foi a sua relação com Gustavo Bebianno durante a discussão para ser vice de Bolsonaro?
A tratativa era com ele. Eu nunca fui o candidato de escolha do grupo. Eu fui colocado lá pelos seguidores (nas redes) do Bolsonaro. Em decorrência da escolha da Janaína, a base do Bolsonaro reagiu negativamente e de certa maneira começou a ventilar meu nome. Eu nem estava no Brasil, estava em férias.

Então foi de fora para dentro?
Foi. O Bolsonaro acatou a voz dos seguidores dele. Ele é muito sensível aos seguidores e, então, resolveu considerar meu nome para ser um dos candidatos e deixou em aberto quem seria. Eu não tive chance de conversar com o Jair. Não houve tempo. Foi isso que aconteceu e ele teve que decidir baseado naquilo mais conveniente, mais conhecido por ele. É um cargo de confiança.

Houve um certo distanciamento? Dizem que consideraram o senhor prepotente.
Procede. Me acham arrogante, prepotente. Não é que eu seja isso. Mas na dinâmica com eles (Gustavo Bebianno e Julian Lemos), eles podem não ter gostado de mim. Eu não acho que eu seja arrogante e os seguidores do Bolsonaro também não acham.

Então o nome do general Mourão foi uma escolha mais tranquila?
Gera uma certa paz de espírito de que “não vai ter golpe”. Eu estou na vida pública há quatro anos, não tenho base, não tenho nada. Mas não estou triste. Comuniquei aos filhos do Bolsonaro: “É só falar: não deu liga. Não tem problema nenhum”.

ReproduçãoReproduçãoO princípe em visita ao hospital, com um dos filhos de Jair Bolsonaro
Houve algum episódio de atrito ou briga com Bebianno?
Não. Mas ele nunca me quis.

Ele chegou a pedir algum tipo de contribuição financeira?
Eu não posso dizer que pediu, de jeito nenhum. Mas a conversa dele e do sócio dele, o Julian, era muito nessa linha. Era uma conversa em que faltava eu falar ‘olha, quanto é que é para o negócio sair?’. Se eu fosse do gênero que eles estão acostumados a lidar, eu teria falado algo do gênero. Mas estou fazendo isso (política) por ativismo. Não tenho ambições de ser eleito para nada, a não ser querer mudar o Brasil. Para mim não cabe fazer esse tipo de jogo remunerativo, que talvez seja o jogo que eles estejam jogando.

Mas como ele insinuou? Falou em valores?
Não teve valor nenhum negociado. Não foi nada negociado. Mas havia o atrito, o bate-papo fútil. Aquele papinho que não leva a nada, ‘me ajuda a te ajudar’.

Eles usaram essa frase?
É, ‘me ajuda a te ajudar. Me mostra lealdade, como é que você vai mostrar lealdade’. Era esse papinho. Eu falei: ‘Como que eu vou mostrar lealdade ao Jair? Eu mal conheço o Jair. Quero conhecer o Jair, me bota junto com o Jair’. E a resposta era ‘se eu te botar você junto com o homem, e aí, como é que fica?’.

Essa insinuação, financeira, era para eles ou para a campanha?
Isso é totalmente desvinculado do Jair. Não tem nada a ver com ele. Ali está acontecendo o contrário. Enfim, é isso. Eu queria deixar registrado que o Jair não participa dessas reuniões. Quando fui chamado para falar com o Jair, eu não conversei com ele. O Jair tomou uma decisão sem me conhecer. Foi uma reunião rápida, tensa. Eles estavam juntos.

ReproduçãoReproduçãoBebianno e Julian Lemos: “Eles agiram como se fossem agiotas”
O senhor e Bolsonaro não conversaram a sós?
Não houve nada a sós. Eu insisti para ter uma conversa a sós. Os filhos (de Jair Bolsonaro) insistiram: “Luiz, pede uma conversa sozinho. Os caras (Bebianno e Julian) não vão deixar, mas pede”. Eles cercaram o Jair e blindaram de qualquer interação.

O senhor não teve a oportunidade de falar para Bolsonaro que achava que eles pediram dinheiro?
Não. E vou ser sincero: eles não pediram dinheiro. Quero deixar isso bem claro. O que estou dizendo é que eles agiram como se fossem agiotas. Mas não pediram dinheiro.

O senhor ficou com a impressão de que se oferecesse dinheiro talvez o cenário mudasse?
Eu não estou acostumado a entender esse tipo de coisa. Só muito mais tarde é que pensei ‘puxa, será que eles estavam realmente querendo dinheiro meu? Será que era isso?”. Não posso especular aqui, não posso afirmar nada. Eles são muito espertos, eles gravam todas as conversas, eles não falam nada, falam só aquele papinho básico, ficam pescando. Então não é um papo, assim, um diálogo aberto, como o que estou tendo com você.

Mas a mensagem que o senhor entendeu foi essa?
Algumas vezes, por telefone, o Julian falou: “Me ajuda a te ajudar”. Julian Lemos. Bebianno, o que ele falou: ‘Me mostra lealdade. Quero ver, estamos aqui para entender sua lealdade’. E fica naquele vazio. Eu… Como é que eu vou responder uma pergunta dessas? Como é que eu vou responder à altura da pergunta, né? Então, ficou horas comigo falando isso: “Queremos lealdade, lealdade”. E eu sabendo que ele não me queria lá, né? Então, por que ele estava falando isso? Por que ele, sendo que o Jair é o cara que decide?

A sua relação permanece boa com a candidatura de Jair Bolsonaro e o general Mourão?
Sim, apoio. Jantei com o Mourão aqui em casa. É uma pessoa culta, muito preparada. Ele agrega.

Atualização: Após a publicação da entrevista, Julian Lemos entrou em contato com Crusoé. O que ele disse pode ser lido aqui.

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500
  1. Decepcionante, a entrevista, de responsabilidade do Felipe Coutinho, o seu condutor tendencioso: fofoca e ilações. Pensei que estava lendo Caras ou Capricho, a da minha adolescência. A "ilha do jornalismo" fez obra de imprensa marrom. Onde cancelo a assinatura?

  2. O príncipe deixou claro desde o primeiro momento que eles não pediram dinheiro. O repórter insiste mil vezes na mesma pergunta. Desculpa, mas o leitor da Crusoé não é retardado!

    1. Verdade Murillo!! A Crusoe se propõe a fazer um jornalismo isento e diferente, mas parece que estão usando as mesmas técnicas de qq outra revista. Só que eles esquecem q o leitor deles não é igual ao leitor das outras...

  3. Essa entrevista está com cara de coisa encomendada para minar se campanha. Sendo inteligente o príncipe guardaria o fato para informar ao Bolsonaro sobre o ocorrido na melhor hora o qual decidiria qual atitude tomar. Aqui na Crusoé o tom é de fofoca. O príncipe deveria ter respondido um "não é da conta de vocês" quando foram sugerir essa "reportagem".

  4. Espero,que apesar do "contratempo",contribua com o governo Bolsonaro.Descendente dos Pedros estadistas(vide campanhas do I na Europa) será um "reforço" na reconstrução do Brasil.

  5. Bom, como o Diego é Amoedo, deve tá querendo queimar a candidatura de Jair para ajudar o Novo, ou então queimar o filme do Príncipe!

    1. Torço, para que o Amoedo se resguarde para a continuação do trabalho do Governo Bolsonaro. No momento,precisamos de um "trator" para preparar o terreno para um Brasil desenvolvido e capitalista.

    2. Tem muito mais gente que é Amoêdo, eu inclusive. De carteirinha e tudo :)

  6. Ora façam favor de colocar matérias com algum fundamento. Acabei de fazer a assinatura e já estou me decepcionando. Que entrevista mais besta. O "príncipe" que caiu de para-quedas não entendeu pq o indagavam sobre lealdade? Agora tá aí insinuando coisa. Ah por favor né. Será que agora ele entendeu?!

    1. Você faz um comentário desse depois de uma reportagem dessa? O próprio príncipe esclareceu e foi bem claro que ninguém estava pedindo dinheiro. Como outro leitor comentou, está me parecendo mais revista de fofoca do que aquela que se propuseram a fazer quando do lançamento.

    2. Duvido que o Bolsonaro venha a ser um Collor. Mais fácil ele dar uma rasteira no tal Bebiano.

  7. Entrevista estranha. De todo modo o PSL é um partido pequeno e pode estar precisando de uma injeção de dinheiro. Mas acho o Gal Mourao melhor que o principe é a Janaína.

  8. Partido de aluguel. Bolsonaro há tanto tempo na política poderia ter fundado um partido seu. Mas dá muito trabalho, né? E tem o problema de ter representatividade. Se Bolsonaro for eleito, capaz de ter problemas com o próprio partido. A cobrança do aluguel virá depois. Quero ver como Capitao se arranja, ou não se arranja. De graça por certo não vai ficar.

    1. Ele faz como o Reguffe, fica sem partido. Interessante, um presidente sem partido.

    1. Olha o General Mourão,seu "infiltrado"!...a Inteligência já está funcionando.

  9. Deixa eu ver se entendi, o príncipe alega que em horas e horas de conversa com a duplinha sempre foi instado a reagir à mesma indagação: "Queremos lealdade, lealdade." Será que em nenhum momento durante estas "horas e horas" de conversa passou pela mente do Príncipe -- tão culto e inteligente -- perguntar a seus interlocutores a qual "lealdade" eles se referiam?! Mais estranho ainda: p q só agora ele resolveu contar sua versão dos fatos? Aliás, p q JUSTO AGORA ele resolveu trazer isso a tona?

    1. Excelente comentário!! A crusoé está decepcionando...

    2. Roderick, pensei a mesma coisa! Horas e horas mascando capim? O Principe não tem boca para perguntar? E se tudo está sendo gravado melhor ainda, tava com medo do que?

  10. Estranho. Poderiam estar testando Luiz Philippe ou cobrando uma atitude pública. Mas soltar esta, prejudicando a campanha, assumindo o prejuízo, pressupõe que Luiz Philippe deve ter eliminado esta opção. Faltou perguntar isto. Comeram mosca, Crusoé? Se o compromisso é esclarecer, informar, ficou a dúvida. Os caras agiram de má fé ou Luiz Philippe viajou? Agir como agiota? Isto não é agiotagem. Tá mal explicado.

    1. Fiz isso há 32 anos. Mas já lhe digo, é muito duro. Precisa de muita perseverança, paciência, disposição para tudo. Se não tiver pelo menos 90% de certeza, não saia.

  11. É uma insinuação muito séria, quero ver quando o Jair souber disso e puder dar uma resposta. Acredito no príncipe, mas o controle excessivo da campanha tem seus motivos e pode dar margens a má interpretação.

  12. Daqui a uns dias a gente vê qual é a desse Bebiano. Esse papo de púlpito vazio, a falta de colete naquele dia fatídico etc. Tem bastante coisa esquisita. Mas timing é tudo!!!!

  13. Depois que tudo passou, minha impressão foi de que estava combinado Mourão desde o início. O preservaram e aproveitaram para dar visibilidade política à Janaína e a você. O que de fato ocorreu. Não descarto que esse Bebiano não seja boa busca, mas menos inocência, Luiz, menos inocência. Espere o capitão melhorar, pelo amor de Deus!!

  14. Você perguntou se ele se referia à causa monárquica? E, mais. Não acha muito estressante para o Jair se essa conversa chegar aos seus ouvidos justo hoje? Para mim só está provado que você não tinha a força e a maldade necessária ao soltar isso pra imprensa justo agora!

  15. Não gostei. Notícia sensacionalista e sem nenhum conteúdo ou consistência. Um verdadeiro "disse me disse" . Não está à altura da reputação que a revista deseja atingir. Lamentável

  16. Para quem não sabe, Bebianno era o dono do partido e o emprestou ao Bolsonaro. Está na hora de Bebianno sair de cena. Nesta agenda não há espaço para pessoas como ele.

    1. E partido é time de futebol para ter dono? Só no Brasil mesmo!

  17. Ainda bem que temos pessoas civilizadas, educadas.o jair Bolsonaro está cercado de muita gente grosseira Mas vamos lá. Segundo turno!!

    1. O principe ,gosto muito. Mas também acho que não é hora.poupem Bolsonaro

  18. Eu admiro muito o Príncipe, mas acho sinceramente q não é hora de entrar nesse tipo de assunto. O clima já está pesado demais no país, tenho amigos e parentes q estão apavorados com a possibilidade de volta do PT, especialmente por verem as imagens de Bolsonaro na cama sem poder fazer nada e a imprensa, tipo Estadão e JP/Villa, criticando o Bolsonaro e apoiando descaradamente o Alckmin, q não vai ganhar nem com macumba brava. Aqui, no Brasil real, o povo está mergulhado no pesadelo!

    1. Concordo como o Cassio, em que falar, e o moemnto de falar é agora. É óbvio que eles queriam dinheiro. Mas tb acho muita ingenuidade o principe nao se dar conta disso. A ver.

    2. É aquele negócio, mostra o quê é bom e esconde o que é ruim. Moça, isso já derrubou um ministro, viu?

  19. Gente, mas qual o propósito desse tipo de entrevista a essa altura? Isso nada agrega à candidatura do Bolsonaro, que precisa crescer. Santa paciência!

    1. Se precisar lavar a roupa suja com esse cara vamos lavar. Mas a questão por ora e de sobrevivência do Bolsonaro.

  20. O antagonista fez agora a chamada dessa matéria. Publica a manchete e convida os seus leitores para ler a entrevista completa, mas somente poderão fazê-lo na revista CRUSOÉ. Poder-se-ia pensar que é uma forma de fazer com que eles fossem levados a assinar a revista. Mas sinto que não é exatamente isso. A intenção, subjetiva, é desidratar a candidatura de Bolsonaro. Subjetiva, mas clara! A CRUSOÉ tem, hoje, não mais que 50 mil assinantes. Por que não publicam a entrevista completa no antagonista?

  21. Precisamos de mais gente como o Príncipe. Infelizmente o Bolsonaro está cercado de uma seita chucra, mas que sabemos que não representam a grande maioria dos seus eleitores.

  22. Bom. Do início. Será que o príncipe seria tão inocente que esperava uma atitude cavalheiresca e forrada de rapapés? Ora, o lance aí é POLÍTICA! Poder! Não duvido dele, mas insinuar que agiram como "agiotas" é sério! Não conheço, nem tinha ouvido falar em Bebiano. Ilustre desconhecido para mim. Apenas uma perguntinha básica: por que o príncipe resolveu falar justo AGORA? Outra, por que a Crusoé resolveu dar destaque a essa matéria de puro "achismo"? Vocês não acham que isso tumultua o cenário?

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