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‘Escória maldita’, diz presidente da Fundação Palmares sobre movimento negro

02.06.20 18:11

Em reunião a portas fechadas com dois servidores, o presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo (foto), classificou o movimento negro como uma “escória maldita” que abriga “vagabundos” e chamou Zumbi, maior líder quilombola do país, de “filho da puta que escravizava pretos”, informa o Estado de S.Paulo

As declarações ocorreram em 30 de abril. Na ocasião, Camargo conversava com os dois servidores sobre o desaparecimento de seu celular corporativo. Cobrado pelo ressarcimento do aparelho, o presidente da autarquia sustentou que o telefone sumiu do escritório à época em que ele estava afastado do cargo em decorrência de decisão judicial.

“Eu exonerei três diretores nossos (…). Qualquer um deles pode ter feito isso. Quem poderia? Alguém que quer me prejudicar, invadir esse prédio para me espancar, invadir com a ajuda de gente daqui… O movimento negro, os vagabundos do movimento negro, essa escória maldita”, disse o presidente da Fundação Palmares. “Agora, eu vou pagar essa merda aí”, completou, conforme áudio obtido pelo jornal.

No diálogo, Camargo alega que teve a nomeação suspensa por três meses porque uma liminar o censurou. Na decisão, a Justiça entendeu que as declarações do presidente da Fundação, minimizando o crime de racismo, eram incompatíveis com o cargo.

“Esses filhos da puta da esquerda não admitem negros de direita. Vou colocar meta aqui para todos os diretores, cada um entregar um esquerdista. Quem não entregar esquerdista vai sair. É o mínimo que vocês têm que fazer”, alertou.

Ele argumentou que suas falas são resguardadas pelo direito de liberdade de expressão. “Não tenho que admirar Zumbi dos Palmares, que, para mim, era um filho da puta que escravizava pretos. Não tenho que apoiar agenda consciência negra. Aqui não vai ter, vai ter zero da consciência negra. Quando cheguei aqui, tinham eventos até no Amapá, tinha show de pagode no dia da consciência negra.”

Durante a conversa, segundo reportagem do Estado, Camargo se referiu a uma mãe de santo como “macumbeira” e adiantou que não daria verba para “terreiros”, numa alusão aos locais onde são realizadas cerimônias de candomblé e outras religiões de matriz africana. “Não vai ter nada para terreiro na Palmares enquanto eu estiver aqui dentro. Nada. Zero. Macumbeiro não vai ter nem um centavo”, garantiu.

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