'É perfeitamente possível incrementar o Auxílio Brasil sem furar o teto', diz Moro

Em entrevista coletiva no Senado nesta terça-feira, 23, o pré-candidato ao Planalto pelo Podemos, Sergio Moro, (foto) afirmou ser possível conciliar responsabilidade social e fiscal.

Em sua fala, em meio ao debate sobre a PEC dos Precatórios no Congresso, Moro teceu duras críticas à proposta defendida pelo governo Jair Bolsonaro, que prevê o parcelamento de dívidas do governo reconhecidas judicialmente e dribla o teto de gastos, abrindo espaço no orçamento para o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família.

Moro lembrou que o teto de gastos, que estabelece que as despesas da União não podem crescer acima da inflação do ano anterior, resultou numa imediata queda dos juros cobrados pelo mercado e argumentou que a medida "impulsionou a recuperação da economia, que vinha da recessão criada pelo governo do PT".

"Não vamos aqui fechar os olhos para as consequências do rompimento dessa política e do teto de gastos. Isso vai gerar um aumento da inflação, que terá que ser respondida pelo Banco Central, com o aumento dos juros. Já foram elevados [os juros] nas últimas reuniões do BC e terão de ser novamente elevados pela perda de credibilidade fiscal do Brasil perante a comunidade internacional e mesmo pelo mercado interno", pontuou.

O ex-juiz acrescentou que o desrespeito ao teto e o consequente aumento de juros levará o Brasil a um cenário econômico de recessão ou estagnação. "Isso significa, na prática, menores salários e desemprego", resumiu. 

O ex-juiz saiu em defesa da versão alternativa da proposta de Emenda à Constituição apresentada por Oriovisto Guimarães, parlamentar do seu partido, e pelos senadores Alessandro Vieira e José Aníbal. O texto limita a 90 bilhões de reais as despesas fora do teto de gastos e não altera as regras que restringem as despesas públicas. Também extingue as chamadas emendas de relator, que estão no centro do orçamento secreto, e torna permanente o programa Auxílio Brasil – o governo Jair Bolsonaro propôs pagar o benefício apenas até dezembro do ano que vem, depois da eleição.

"A proposta do Podemos é combater a pobreza, aumentando os benefícios, mas sem seguir uma proposta que gera perda da credibilidade fiscal do país", completou.