Adriano Machado/Crusoé

Dinheiro vivo, em pagamento de pesquisas e desviado depois de pago

18.01.19 18:15

Uma parte da delação premiada de Antonio Palocci (foto) anexada nesta quinta-feira, 17, ao inquérito da Polícia Federal sobre irregularidades na construção da Usina de Belo Monte trouxe detalhes de acusações de pagamento de propinas ao ex-presidente Lula pelas construtoras Andrade Gutierrez e Odebrecht. Elas foram repassadas em forma de pagamento de pesquisas, em dinheiro vivo, e também eram desviadas depois de recebidas, de acordo com  trechos da delação divulgados por O Antagonista.

Na delação já homologada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o ex-ministro diz que o ex-CEO da Andrade Gutierrez Otavio Azevedo se ofereceu para pagar pesquisas do Vox Populi encomendadas pelo PT, para garantir a participação da construtora nas obras de Belo Monte. Palocci havia sugerido a Azevedo doações para o Instituto Lula como forma de pagamento.

Num outro trecho, Palocci diz que José Carlos Bumlai e João Vaccari, a mando de Lula, cobraram 30 milhões de reais de propina da construtora para serem repassados ao ex-deputado Delfim Netto. Mas Delfim contou a Palocci ter recebido apenas 4 milhões de reais, relatou o ex-ministro de Lula à PF.

Lula ainda teria contado a Palocci que Bumlai pretendia ficar com parte dos 30 milhões, de acordo com o relato do ex-ministro petista. Palocci acrescentou que ele mesmo foi procurado por Bumlai mais de uma vez com pedidos de dinheiro “para atender aos projetos” dos filhos do ex-presidente.

Palocci relatou à Polícia Federal que se recordava de ter repassado dinheiro em espécie, em quantidades de 30 mil, 40 mil, 50 mil e 80 mil reais, entregues em caixas de uísque ou de celular para motoristas enviados pelo ex-presidente. Os pagamentos, neste caso, eram feitos pela Odebrecht.

As acusações estão no termo 5 da delação premiada de Palocci. Nela, o ex-ministro conta que, em 2012, Lula fez questão de receber Graça Foster, que iria assumir a presidência da Petrobras, no Hospital Sírio-Libanês, como forma de mostrar que ele continuaria a mandar na empresa, mesmo com a saída de José Sergio Gabrielli.

Na ocasião, Lula se tratava de uma inflamação na garganta decorrente da radioterapia contra um câncer na laringe. Graça havia sido uma escolha da então presidente Dilma Rousseff. Segundo a delação de Palocci, “Lula aceitava a substituição, mesmo contrariado”.

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