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Delegado afirma que Ramagem o convidou a assumir PF no Rio ainda na gestão Valeixo

13.05.20 20:17

O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Silva Saraiva (foto), afirmou em seu depoimento ser “amigo” do diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem, e que foi convidado por ele a comandar a PF no Rio no segundo semestre de 2019. À época, o cargo acabou sendo assumido por Carlos Henrique Sousa.

O depoimento de Saraiva expõe os bastidores da troca na Polícia Federal do Rio e mostra que Ramagem articulava mudanças exigidas por Bolsonaro já em 2019, durante a gestão do diretor-geral Maurício Valeixo. À época, o presidente declarou publicamente que gostaria de tirar Ricardo Saadi do comando da PF no estado sob a alegação de falta de produtividade. O evento desencadeou um dos primeiros atritos com o ministro da Justiça, Sergio Moro.

Segundo Saraiva, no “segundo semestre de 2019, recebeu uma ligação do Dr. Ramagem, perguntando se ele aceitaria assumir a superintendência da PF no Rio, ao que prontamente aceitou”. Ele diz não se recordar “qual cargo Ramagem ocupava à época desse telefonema, porém recorda-se dele ter afirmado que o presidente da República Jair Bolsonaro tinha alguns nomes para sugerir ao ex-ministro Sergio Moro para ocupar a função”. Ramagem, como se sabe, passou a comandar a Abin em julho de 2019.

À época, Saraiva disse que aceitaria o convite, “considerando que é natural do Rio”. No entanto, quem acabou assumindo a PF no Rio foi Carlos Henrique Sousa, que, segundo o ex-ministro Sergio Moro, também teria sido alvo de ingerência de Bolsonaro. Sousa é hoje o número dois na corporação, atualmente comandada Rolando Alexandre Sousa.

Saraiva afirma que, após a ligação de Ramagem, “teve um novo encontro com o então ministro Sérgio Moro no aeroporto de Manaus” , quando o ministro teria questionado: “Saraiva, que história é essa de você no Rio de Janeiro?”. Ele conta que disse a Moro ter recebido o convite de Ramagem, mas fazendo a ressalva de que iria apenas com a anuência da diretoria-geral.

O delegado diz considerar “que Moro teve uma atitude extremamente correta e digna em relação à sua pessoa, tendo em vista que considera a conversa sobre a cogitação de seu nome para assumir a SR/RJ uma deferência que lhe foi feita”.

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