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Compras de respiradores por R$ 183 mi estão sob suspeita de fraude no Rio

08.05.20 10:16

Despesas de 183 milhões de reais para a aquisição de respiradores na rede pública de Saúde estadual do Rio de Janeiro estão sob suspeita de fraudes e superfaturamento.

O uso de empresas em nome de laranjas para forjar pesquisas de preços, firmas sem capacidade para prestar o serviço e pagamentos milionários como adiantamentos são algumas das descobertas da Operação Mercadores do Caos, deflagrada na quinta, 7.

A investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção, o Gaecc, do Ministério Público do Rio, levou à prisão do ex-subsecretário de Saúde do governo de Wilson Witzel, Gabriell Neves, e também seu sucessor na pasta, Gustavo Borges da Silva. Dois empresários também foram detidos.

Os contratos investigados foram firmados com as empresas Arc Fontoura, no valor de 67,9 milhões de reais, MHS Produtos e Serviços, num total de 56,2 milhões, e A2A Comércio, Serviços e Representações, por 59,4 milhões.

A Arc Fontoura foi fundada em 2012, com capital de 2 mil reais. Sua sede fica no apartamento de sua sócia Cínthya Silva Neumann, gerente administrativa com salário de 1,5 mil reais.

Entre 2015 e março de 2020, ela também era sócia da Farmaeros, empresa também concorrente no processo que contratou a Arc. Em seu apartamento, também é sediada a Jabel Marketing, outra empresa que “concorreu” ao contrato.

Os investigadores classificaram a simulação entre as empresas com relações societárias como “escrachada”.

Já no contrato conquistado pela a MHS, os investigadores identificaram diversos elos societários entre a empresa e sua concorrente, a Win Distribuidora. Nome presente no quadro de sócios da MHS, Leonardo Pereira Anjos já foi registrado como como “motorista de carro de passeio” da Win, com salário de 1,2 mil reais.

Tanto Leo quanto Cinthya são vistos como testas de ferro dos verdadeiros donos dessas empresas.

A empresa A2A Comércio chegou a receber o adiantamento de 9,9 milhões de seu contrato, mas nunca forneceu qualquer equipamento. Sua sede fica em um apartamento no Centro do Rio, e seu capital é de 20 mil reais.

Em nota, a Secretaria de Saúde do Rio afirma que vai receber até o fim de semana “97 respiradores adquiridos da empresa MHS”. “Cada aparelho saiu a um custo de R$ 176 mil, uma redução de mais de R$ 1 milhão com a revisão do contrato. A previsão é que os equipamentos cheguem no dia 08/05”.

“Além desses, a SES receberá ainda outros 68 respiradores de transporte, com previsão de entrega nesta primeira quinzena de maio, da empresa Arc Fontoura. A SES informa que a primeira parcela de pagamento já foi realizada, a um custo de R$ 168,9 mil cada um e que, com a revisão do contrato, o valor caiu para R$ 130 mil a unidade”, diz a pasta.

A Secretaria ainda diz que o contrato com a “A2A foi cancelado pelo descumprimento de exigências contratuais”.

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