Como o impasse no Congresso afeta a diplomacia dos EUA?
Enquanto o presidente dos EUA Joe Biden viajava para Israel na última semana, o Senado do país se reunia para sabatinar Jack Lew, o nome indicado pela Casa Branca para a embaixada daquele país. A pressa era não apenas um sinal de boa-vontade com Tel Aviv em um momento de guerra, mas também uma mostra...
Enquanto o presidente dos EUA Joe Biden viajava para Israel na última semana, o Senado do país se reunia para sabatinar Jack Lew, o nome indicado pela Casa Branca para a embaixada daquele país. A pressa era não apenas um sinal de boa-vontade com Tel Aviv em um momento de guerra, mas também uma mostra de que o Congresso dos EUA têm tratado os nomes para embaixadores aos solavancos.
Atualmente, de acordo com a federação de diplomatas americanos, 29 embaixadores já escolhidos por Biden aguardam sua vez de serem sabatinados. Atualmente, 41 postos da diplomacia americana tem seus cargos vagos, o que analistas apontam como um recorde.
Um exemplo prático é a guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza: o cargo em Israel está vago enquanto Lew espera a decisão do Senado; a escolhida para a missão no Egito, Herro Mustafa Garg, aguarda sabatina há quase sete meses; no Líbano, Lisa Johnson aguarda a apreciação há quase oito meses e meio. A atual ocupante do cargo em Beirute, Dorothy Shea, aguarda uma vaga na ONU por quase o mesmo período (não há embaixada dos EUA na Palestina).
O caso de Jack Lew —que foi chefe de gabinete e secretário do Tesouro de Barack Obama— foi relativamente rápido, visto que ele havia sido indicado uma semana antes do início dos ataques do Hamas. Como há um apoio à causa israelense de ambos os lados do Congresso, ficou mais fácil desobstruir seu nome, que terá entre outras missões, a de estar em contato com o mais estratégico parceiro do país na região, e trabalhar na liberação de reféns do Hamas. Outras sabatinas, como a do Egito, devem ocorrer em breve, motivadas pela guerra.
O secretário de Estado, Antony Blinken, já disse que a falta de embaixadores é uma questão de "risco à segurança nacional" e culpou os republicanos pela dificuldade em apreciar nomes. Em junho deste ano, o senador Rand Paul (Republicano-Kentucky) indicou que travaria as nomeações até que o governo Biden provasse com documentos que o coronavírus teria vazado de um laboratório chinês.
Mesmo o Brasil esteve envolvido nesse impasse: o nome de Elizabeth F. Bagley, indicado para comandar a embaixada americana em Brasília, ficou na geladeira por quase um ano. Sua indicação, feita em janeiro de 2022, foi apreciada apenas em abril e chancelada em dezembro do ano passado. Durante as últimas eleições presidenciais brasileiras, o país confiou os temas ao encarregado de negócios da embaixada, Douglas Koneff, as atribuições do cargo.
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