Como o staff de Flávio tentou blindar os assessores fantasmas de seu gabinete
Mensagens de celular de ex-funcionários do antigo gabinete de Flávio Bolsonaro (foto) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro mostram como o staff do senador atuou para tentar blindar os assessores fantasmas da investigação conduzida pelo Ministério Público sobre o suposto rachid. Eram esses funcionários que repassavam parte de seus salários pagos pela Alerj ao...
Mensagens de celular de ex-funcionários do antigo gabinete de Flávio Bolsonaro (foto) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro mostram como o staff do senador atuou para tentar blindar os assessores fantasmas da investigação conduzida pelo Ministério Público sobre o suposto rachid.
Eram esses funcionários que repassavam parte de seus salários pagos pela Alerj ao ex-assessor Fabrício Queiroz, homem de confiança do clã Bolsonaro apontado como operador financeiro de Flávio. Queiroz foi preso na quinta-feira, 18, em uma casa do advogado de Flávio, Frederick Wassef, em Atibaia, interior de São Paulo. Wassef também se apresentava, até recentemente, como defensor do próprio presidente da República.
Um dos assessores fantasmas, segundo o MP do Rio, era Luiza Souza Paes. A jovem de 29 anos depositou 155,6 mil reais em espécie na conta de Queiroz no período em que trabalhou no gabinete de Flávio.
Segundo as mensagens apreendidas pelo MP, Luiza se encontrou com Queiroz no dia 10 de dezembro de 2018, quatro dias após a revelação das movimentações financeiras atípicas de 1,2 milhão de reais na conta do operador de Flávio. Naquele momento, Queiroz já tinha sido exonerado do gabinete.
No dia 14 de dezembro, o pai da "funcionária fantasma", que era amigo de Queiroz, pediu para que sua filha levasse seus extratos bancários para, segundo o MP, "combinar com o operador financeiro uma versão falsa de que se trataria dos pagamentos de uma suposta dívida".
"Olha só, vê se você consegue levar esses extratos para casa hoje, se você conseguir. Que eu queria dar uma trabalhada neles na segunda-feira, quando eu chegar do trabalho, que é pra mim (sic) conversar com o Queiroz antes dele depor no dia 19. Entendeu?", afirmou o pai de Luiza na mensagem.
Em 17 de dezembro daquele ano, a jovem avisa o pai que recebera uma notificação para prestar depoimento ao Ministério Público. Dois dias depois, ele retorna para a filha dizendo que o advogado Gustavo Botto Maia, que defendia Flávio Bolsonaro no caso, determinou que a funcionária fantasma não prestasse o depoimento.
"Luiza, o Gustavo me ligou aqui agora. Se enrolou todo e ainda tá lá na Barra ainda. É para não ir amanhã! Eu perguntei a ele: Gustavo, não tem perigo esse negócio? Não, não, não. Não se preocupa não. Ninguém foi hoje e ninguém vai amanhã...”, escreveu o pai da então assessora de Flávio.
O mesmo advogado, segundo as mensagens, orientou Luiza a ir até a Assembleia para assinar retroativamente a folha de ponto que registra a presença do servidor em seu local de trabalho. Segundo o MP, o registro estava em branco havia dois anos.
Para os promotores, Queiroz, Botto Maia e a funcionária fantasma "perturbaram a regular produção de provas" no inquérito, "objetivando embaraçar a investigação através da adulteração de provas pertinentes à comprovação dos crimes de peculato praticados pela organização criminosa".
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