Collor culpa tecnologia pela decadência das suas empresas
O senador Fernando Collor de Mello (foto) culpa as novas tecnologias pela decadência do grupo de comunicações da sua família em Alagoas. Trinta anos após a eleição que o levou à Presidência da República, de onde seria retirado por um impeachment, o parlamentar reclama de perseguição, que, segundo ele, afeta sua vida privada e os...
O senador Fernando Collor de Mello (foto) culpa as novas tecnologias pela decadência do grupo de comunicações da sua família em Alagoas. Trinta anos após a eleição que o levou à Presidência da República, de onde seria retirado por um impeachment, o parlamentar reclama de perseguição, que, segundo ele, afeta sua vida privada e os seus negócios.
As queixas de Collor constam em carta enviada à Crusoé. Ele decidiu escrevê-la após reportagem publicada há uma semana mostrar que o senador continua a se envolver em escândalos de corrupção, enquanto vê o seu conglomerado naufragar em dívidas. Procurado para entrevista antes da publicação da reportagem, Collor havia dito, por meio de assessores, que não tinha espaço na agenda para conversar com Crusoé.
Na carta, o senador se atém às denúncias que culminaram em sua saída da Presidência e ignora as recentes investigações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Também não diz nada sobre os débitos que tem com os funcionários e ex-funcionários das suas empresas.
O grupo, outrora o maior e mais influente do Norte e Nordeste, chega aos 85 anos com 11 empresas e uma dívida de quase 300 milhões de reais com funcionários, ex-funcionários e a União, segundo a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. A TV e a Rádio Gazeta devem 95% desse valor. As dívidas trabalhistas respondem por quase metade dos débitos.
Aos empregados da TV Gazeta, são devidos 140 milhões de reais, enquanto que para os funcionários do jornal Gazeta de Alagoas, o débito é de 113 milhões de reais. O montante corresponde à soma de 173 processos tramitando na Justiça do Trabalho em Alagoas contra as empresas da família Mello, das quais Fernando Collor é sócio majoritário. Há três semanas, a Gazeta de Alagoas anunciou que deixará de circular sua versão impressa diária. A partir de janeiro, terá apenas edições semanais, aos sábados.
"Quanto às empresas da família em Alagoas, elas passam pelas dificuldades a que toda a imprensa escrita está vivendo. A novidade tecnológica vem devastando jornais e revistas nos quatro cantos do mundo", alegou Collor, na carta enviada a Crusoé.
Uma das investigações recentes que envolvem o nome do senador de Alagoas culminou na Operação Arremate, deflagrada em 11 de outubro. A operação investiga o envolvimento do ex-presidente em um esquema de lavagem de dinheiro por meio de compras de imóveis por laranjas em leilões de bens penhorados pela Justiça.
De acordo com a PF, as investigações visam identificar e comprovar “o provável envolvimento” de Collor como responsável por arrematações de imóveis em leilões públicos em 2010, 2011, 2012 e 2016, por meio de laranjas. Quatro anos antes, a mesma Casa da Dinda que foi pivô da queda de Collor voltou aos holofotes com a cena de uma Ferrari, um Lamborghini e um Porsche deixando sua garagem em fila, no cumprimento da operação. Antes disso, em 15 de julho de 2015, policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão na Operação Politeia, para apurar o envolvimento de políticos em esquema de desvios da Petrobras, incluindo Collor.
"Renunciei ao mandato de presidente da República quando a Câmara dos Deputados aceitou o processo de impeachment. Ainda assim, o Senado insistiu em me punir com a perda do mandato e a supressão dos meus direitos políticos. Na época desta decisão o presidente da República já era Itamar Franco. Cumpri pena e permaneci oito anos longe da vida política. O impeachment de Dilma Rousseff não resultou na suspensão dos direitos políticos dela. Dois pesos, duas medidas", reclamou Collor na carta.
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Comentários (10)
Uira
2019-11-30 18:23:37Se ele gostar de desafios e competição, é só começar para que a adrenalina faça o seu efeito. Basta combinar isto com a resiliência e a persistência de testar as ideias até encontrar as que dão certo, na hora que isto acontecer, aí a coisa engrena e passa a andar sozinha, é só realizar leves ajustes na direção.
Uira
2019-11-30 18:20:39Como o mercado de Alagoas é pequeno, montar centros de distribuição no estado não é tão atrativo. Focando-se em itens de menor escala e custo de distribuição, bastaria se aproveitar da vantagem única que a pltaforma TV + Rádio + Internet dão ao GRUPO em Alagoas. Política não está com nada, se Collor se engajasse em recuperar as empresas da família, veria que é muito mais gratificante e recompensador do que o ócio e tédio de Brasília.
Uira
2019-11-30 18:18:35Aliás, trata-se tb de diversificação das atividades buscando aproveitar sinergias que nascem da hegemonia que o GRUPO possui em Alagoas. Talvez em nenhum lugar do país se tenha uma sinergia deste tipo, envolvendo TV, rádio e diário online. Primeiro, em decorrência do tamanho da população, criando um pequeno universo bastante particular, segundo, pelo afastamento do Sudeste, o que implica em uma redução no grau de influência deste e tb nos maiores custos logísticos para players fora de Alagoas.
Uira
2019-11-30 18:15:26O problema não parece insolvível, desde que a disposição para resolvê-lo esteja lá. Para se desenvolver uma estratégia de cauda longa seria necessário se conhecer o perfil e os gostos dos alagoanos. Além do mais, a versão online do jornal já dá um acesso que muitas plataformas não são capazes de ter, como dados pessoais e de pagamento. Se isto já está em mãos, então pq não seria possível oferecer produtos e serviços que tem demanda, mas não estão sendo atendidos plenamente?
Uira
2019-11-30 18:12:04Sem reflexão e auto-crítica não é possível que se identifique as deficiências que precisam ser corrigidas, ainda mais quando o que antes era vantagem vira desvantagem. É fácil se prender no passado e culpar o presente pelos infortúnios, mas quem está sempre aprendendo e em movimento não acaba prisioneiro das circunstâncias. Para tudo na vida tem saída, até mesmo para as maiores enrascadas, a questão é ter a coragem e a disposição para assumir as consequências e trabalhar.
Uira
2019-11-30 18:09:28Por mais desleixado, negligente e divisivo que Collor tenha sido, ele não parece ser alguém que queira jogar o legado da família no lixo, ainda mais pq quanto mais velho se fica, mais isto faz diferença. Se ele realmente quer salvar alguma coisa, deveria calçar as sandálias da humildade, pois este seria o primeiro passo para realmente tomar um choque de realidade e ver o tamanho do desafio. Há saída para tudo, a questão é começar a procurar uma.
Uira
2019-11-30 18:07:31Mas a vantagem é que o custo inicial é extremamente baixo, pois todas as iniciativas possíveis podem ser implantadas de forma experimental e testadas para se checar a viabilidade. Essencialmente, o GRUPO só ofereceria produtos no qual ele tem um custo de distribuição baixo e uma margem de lucro elevada. Conforme a estratégia fosse se desenrolando, com o ganho de know-how e o aumento do portfólio de produto, seria possível se complementar as receitas tendo a plataforma como trampolim.
Uira
2019-11-30 18:04:10Se as sinergias forem capturadas e o alto-falante ligado para ampliar o alcance e o impacto da comunicação, então isto poderia ser acoplado a uma estratégia de cauda longa. Clubes de assinantes, clube do livro, clube de vinhos, shows patrocinados pelo jornal, espetáculos de teatro, são todas coisas que podem ser vendidas ao público alagoano se aproveitando do alto-falante que o GRUPO possui. Isto demanda tempo, inclusive pq seria necessária uma plataforma de analytics para gerar a sinergia.
Uira
2019-11-30 18:01:38Mas o que varejo online teria a ver com um grupo de mídia? Teoricamente nada, mas a necessidade é a mãe da invenção, é se adaptar ou morrer. No caso de Alagoas, o GRUPO tem uma vantagem que talvez não exista em mais lugar nenhum. Alagoas está longe do Sudeste, ou seja, é influenciada por este, mas não sem ter uma cultura totalmente distinta, além de que o GRUPO é hegemônico em três tipos de mídia: TV, rádio e imprensa. Combinados, eles podem criar um verdadeiro alto-falante.
Uira
2019-11-30 17:58:32Basicamente, de grão em grão a galinha enche o papo, é na verdade a mesma estratégia que o dono de um armazém ou empório utilizava e que é utilizada por supermercados: a maior variedade atrai um número mais de visitantes e usuários que, por sua vez, acabam por comprar outros produtos (isto já sai da estratégia de cauda longa, mas é complementar a ela, demonstrando que não existe uma estratégia única para se ser bem-sucedido em um mercado, mas uma conjunção delas visando adaptabilidade).