'Colapso no SUS não aconteceu e não vai acontecer', diz Pazuello ao ser efetivado
O presidente Jair Bolsonaro efetivou nesta quarta-feira, 16, Eduardo Pazuello como ministro da Saúde. O general do Exército exercia a função de forma interina havia mais de três meses. Em um discurso afinado com o Planalto, o militar afirmou que o receio sobre eventual colapso no Sistema Único de Saúde, o SUS, “não pode mais...
O presidente Jair Bolsonaro efetivou nesta quarta-feira, 16, Eduardo Pazuello como ministro da Saúde. O general do Exército exercia a função de forma interina havia mais de três meses. Em um discurso afinado com o Planalto, o militar afirmou que o receio sobre eventual colapso no Sistema Único de Saúde, o SUS, “não pode mais existir”. “Isso não aconteceu e isso não vai acontecer”, cravou.
Pazuello comemorou a marca de mais de 3,6 milhões de pessoas recuperadas da Covid-19, sem fazer menção ao total de 4.382.263 infectados pelo vírus desde o início da pandemia e às 133.119 mortes decorrentes da doença. Os quantitativos colocam o Brasil na terceira colocação em número de casos e na segunda posição em óbitos no ranking mundial da Covid-19, elaborado pela Universidade Johns Hopkings.
O ministro ainda exaltou a "forma transparente e profissional" com a qual, em sua visão, foi conduzida a relação do governo com o Congresso Nacional e estados e municípios. "Como resultado desse esforço conjunto, conseguimos alcançar uma situação de estabilidade bem definida. No Norte e Nordeste, onde os números estão em total declínio, a população já está voltando para as suas atividades normais. No Centro-Sul, a tendência de queda é clara e já podemos visualizar o retorno à normalidade muito em breve", continuou.
O general acrescentou que o "novo normal" significa novos hábitos, mais atenção a medidas de profilaxia e higiene e "principalmente, naturalidade em conviver com uma doença assim como todas as outras do nosso cotidiano". "A solução definitiva virá com a vacina, e as medidas já estão sendo tomadas", completou.
Em reforço ao discurso de Bolsonaro, Pazuello arrancou aplausos do chefe e da plateia ao afirmar que "não era o melhor remédio o 'fique em casa' ", em alusão ao mote da gestão de Luiz Henrique Mandetta. "O aprendizado ao longo da pandemia demonstrou que quanto mais cedo atendermos os pacientes, melhores são suas chances de recuperação. O tratamento precoce salva vidas. Por isso temos falado dia após dia: não fique em casa esperando falta de ar. Não espere. Procure o médico."
Apesar de elogiada por governadores e secretários de Saúde, a atuação do general de três estrelas suscitou polêmicas em Brasília. Durante a gestão Pazuello, como mostrou Crusoé, o governo Jair Bolsonaro usou cifras bilionárias reservadas para o combate à Covid-19 como moeda de troca em negociações com senadores e deputados.
Trata-se de dinheiro que deveria estar no caixa das cidades mais atingidas pela pandemia, ou daquelas que sofrem com o sufocamento de seus sistemas de saúde, mas acabou escoando, às centenas de milhões de reais, para lugares que nem sequer foram atingidos pela doença – em alguns casos, prefeitos nem usaram a verba.
Em outra ponta, o ministério publicou orientação para a prescrição da cloroquina ou da hidroxicloroquina no tratamento precoce de pacientes com Covid-19 no Sistema Único de Saúde, o SUS, apesar da falta de comprovação científica sobre a eficácia da medicação contra o novo coronavírus.
Além disso, sob a batuta de Pazuello, a pasta chegou a mudar a forma de divulgação dos indicadores do coronavírus, deixando de apresentar dados consolidados sobre mortes e infecções. Em meio à polêmica, contudo, recuou.
O militar chefia o Ministério da Saúde desde 15 de maio, quando o oncologista Nelson Teich pediu demissão. A nomeação dele como interino, no entanto, ocorreu apenas em 3 de junho. Apesar de efetivado, ele já afirmou a pessoas próximas que, apesar de ter sido efetivado, não pretende passar à reserva, como fizeram os demais integrantes do primeiro escalão.
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Comentários (6)
MARIA
2020-09-17 13:21:48Deixa ver se eu entendi.... Chegamos no século XXI com um SUS não informatizado, medicalizando problemas sociais, sociedade que se automedica, índices altíssimos de diabetes e hipertensão, saúde sendo vista como separada de educação e segurança e nosso SUS é sensacional? Mesmo depois do fiasco da pandemia? Cegueira ou má fé?
Jackson
2020-09-17 13:17:41O CEO do grupo Caoa (ramo automobilistico) é um médico. Temos de entender que o ministro da saúde não irá fazer cirurgia, passar receita ou fazer consulta médica. Ele deve ser um facilitador e gestor de recursos. Vamos ler um pouco sobre gestão de negócios.
Heraldo
2020-09-17 07:37:52Um general no ministério da saúde. Por que nao nomear um médico para o ministério da defesa?
Edgar
2020-09-16 21:32:34No início, não se conhecia a doença como se conhece hoje,, embora ainda esteja longe de conhecê-la. Então, a orientação geral e acertada era e ainda é o isolamento social. Dizia-se que o uso da máscara não servia como medida preventiva. Hoje conclui-se ao contrário. A verdade é que o ministro faz o que o chefe manda. Não tem conhecimento técnico para o assunto e portanto não está alheio à comunidade científica.
Silvana
2020-09-16 18:53:19Vergonha! Vergonha! Vergonha! Pazuello e Bolsonaro são uma VERGONHA para o Brasil. Fora Pazuello. Volte para o quartel. Você não entende NADA de Saúde Pública e muito menos de pandemia.
Jose
2020-09-16 18:48:56Claro que não aconteceu. Os governadores fizeram hospitais extras durante o pico da pandemia. Além disso, muita gente preferiu sofrer (a as vezes morrer) em casa do que passar pelo sofrimento de ir a um hospital público. Em resumo, este ministro e tão ruim quanto o chefe dele!