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China culpa ‘forças estrangeiras’ por derrota eleitoral em Hong Kong

26.11.19 15:55

A agência estatal de notícias da China, Xinhua, publicou nesta terça-feira, 26, uma matéria culpando “forças estrangeiras” pela derrota de candidatos alinhados com o Partido Comunista de Pequim nas eleições distritais de Hong Kong (foto), realizadas no domingo. Candidatos pró-democracia ganharam 347 das 452 cadeiras de conselheiros distritais. Os políticos ligados ao regime comunista levaram apenas 60 assentos.

“Nos últimos cinco meses, os manifestantes conspiraram com forças estrangeiras e intensificaram atos violentos, o que resultou em polarização política, divisões sociais e reveses na economia”, diz a matéria da Xinhua. “A eleição também foi vítima disso. As campanhas de alguns candidatos patrióticos foram seriamente interrompidas e seus escritórios foram destruídos e incendiados. Um candidato foi ferido em um ataque. O assédio a candidatos patrióticos ocorreu no dia da votação. Ao criar um ‘terror negro’, os manifestantes e os políticos por trás deles, que são contra a China e querem atrapalhar Hong Kong, colheram benefícios políticos substanciais.”

O comparecimento nas eleições distritais foi de 70%. Até então, esse índice nunca tinha passado dos 50%. O resultado do pleito foi visto como um referendo popular sobre os protestos por mais democracia na cidade.

“O voto esmagador a favor dos que defendem mais democracia em Hong Kong foi uma demonstração clara da vontade popular. Não se trata do produto da manipulação estrangeira, e sim de uma declaração forte e pacífica de apoio à causa que levou as pessoas às ruas em junho”, diz o americano Clayton Dube, diretor-executivo do Instituto EUA-China, em Los Angeles. “Essas eleições serão deturpadas por Pequim, mas elas não poderão ser ignoradas.”

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  1. Hong Kong, ex território britânico devolvido à China. A posse britânica de mais de um século criou um viés cultural ocidental capitalista na população; uma cultura mista. A devolução política à China não tirou os hábitos liberais do povo. A governadora anterior errou feio ao querer processar pessoas na jurisdição chinesa. Aí começou a confusão. A China errou e não está sabendo como lidar com a situação, e teme o efeito contágio ao interior continental. Uma eterna pedra no sapato chinês.

    1. Com a vitória dos democratas, a balança mudou de polo na política local. Ficou mais complexo. A única saída da China é dar autonomia a HK, com regras negociadas, e isolar o efeito da contaminação democrática para o território continental chinês. A China tem que esfriar esse vulcão. HK é um grande centro econômico-financeiro na Ásia e faz a China ganhar com isso.

  2. La como ca, a auto critica e zero. Os caras levam uma lavada e mesmo assim a culpa e'das forcas externas. Devem ter aprendido com Janio quadros com suas 'Forcas Ocultas' q ate hj nao sabemos quem eram.

  3. A rede americana CNN vai divulgar mensagens do Instagram, obtidas pela Glenda Verdevaldo, confirmando a interferência de Donald Trump e dos russos na eleição em Hong-Kong.

  4. A diferença entre a China continental comunista tradicional e Hong Kong ocidentalizada e moderna é enorme,quase impossivel imaginar uma solução sem conflitos sérios...afinal são uma mma nação que não se reconhecem como irmãos!

  5. Portanto parece razoável se pedir maior flexibilidade por parte do Estado chinês em relação à Hong Kong e mais realismo do lado hongue-congue, se eles quiserem continuar se debatendo contra os tentáculos da China, no máximo conseguirão ficar mais fracos e cansados. Ou seja, não resolvem seu problema e ainda se tornam presa fácil.

  6. Crescer de um patamar baixo com mão de obra abundante e barata é uma coisa, outra é continuar crescendo a partir do patamar de segunda economia do mundo onde a tecnologia muda com um piscar de olhos. A China de hj não é a China de Mao, muito menos a China de 30 anos atrás, portanto deveria supor-se que o Estado chinês se adapte e evolua para não ficar em descompasso com o todo. Qual é a chance de qq candidato pró-democracia conseguir alguma coisa sem aval do Estado chinês?

    1. Eu não se8, mas a China Comunista como o PT dizem que não precisam de auto crítica! É só olhar para o umbigo dos outros, em vez do próprio !

  7. Com os ânimos quentes isto é tarefa impossível, mas não há a menor chance de Hong Kong escapar das garras chinesas, então não custaria nada eles pensarem em algo que pudesse aliviar o estresse e sensação de desconexão da juventude hongue-congue em relação ao continente. O modelo de industrialização chinês funcionou até agora, mas uma coisa era copiar o que já tinha sido feito por outros com modificações para as especificidades chinesas, outra é a partir disto criar um modelo sem novo.

  8. Se as duas partes fossem razoáveis, pontos de intersecção e interesse certamente poderiam ser vistos. O que não deve faltar para um jovem hongue-congue são oportunidades de empregos no continente com salários acima dos pagos aos locais e custo de vida mais em conta que em Hong Kong. Por outro lado, o custo para a China de tentar atrair estes jovens não deve ser tão alto assim, Hong Kong não tem nem 1% do total da população chinesa.

  9. Além do mais, percebe-se um comportamento nos jovens hongue-congues que é um tanto estranho, sendo eles falantes das duas línguas de negócios mais faladas no mundo, não se valem disto. Eles não teriam grandes oportunidades no “continente”, já que tem acesso a um sistema de educação avançado? Por outro lado, a China não parece ter feito grande esforço para integrar esta mão de obra extremamente qualificada e preparada no continente, talvez pq achasse que não precisasse.

  10. Quanto mais os hongue-congues se debaterem, pior será a ressaca, pois além de não terem conseguido nada, ainda terão destruído parte do que levou décadas para ser alcançado. Mesmo que o PIB de Hong Kong seja baixo perto do chinês, o território poderia ter um papel de servir como uma espécie de “redoma” fora da China onde alguns cidadãos ainda poderiam ser chineses, mas sem ficar presos ao regime claustrofóbico que impera no “continente”.

  11. O ideal de democracia é bonito, mas na prática uma democracia sólida e consolidada é extremamente delicada e complexa. O que está acontecendo em Hong Kong é um choque de realidade, uma crise de identidade, pois eles não querem se ver como chineses, mas pelas circunstâncias isto é algo que está além do alcance deles, pois são pequenos demais e estão muito próximos para escaparam dos tentáculos chineses, a mosca pode incomodar, mas ainda assim ela é só uma mosca.

  12. O principal problema da relação China-Hong Kong parece estar na questão identitária, que envolveria tb o ideal de democracia e autonomia. Diga-se de passagem, se a China mantiver o acordo, em 2047 o princípio um país, dois sistemas acaba. Sobretudo os jovens de hj em Hong Kong estão lutando contra isto, pois sabem que quanto mais o prazo diminuir, menos chances eles terão. Mas a verdade é que eles não têm chances nenhuma nem agora nem em 2047, a não ser que um evento imprevisível ocorra.

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