Foto: Kremlin via Wikimedia CommonsO presidente do Cazaquistão, Kassim-Jomart Tokayev, durante um encontro com Vladimir Putin em 2022

Cazaquistão pode estar virando as costas para a “Mãe Rússia”

28.09.23 11:34

O presidente do Cazaquistão, Kassim-Jomart Tokayev (foto), indicou nesta quinta-feira (27) que não vai se alinhar automaticamente à Rússia, uma de suas principais parceiras comerciais e políticas na região. Em uma coletiva de imprensa realizada durante viagem à Alemanha, o chefe de Estado disse que seu país irá se unir ao Ocidente ao endossar as sanções aplicadas aos seus vizinhos do norte, responsáveis pela invasão à Ucrânia.

“O Cazaquistão declarou claramente que cumprirá as sanções e tem contratos com organizações relevantes para cumprir com o regime de sanções” declarou Tokayev, durante visita ao chanceler alemão Olaf Scholz. Ao premiê em Berlim, o país prometeu aumentar a entrega de petróleo, diminuindo a dependência da principal economia europeia do óleo russo.

Tokayev — que assumiu a presidência do país em 2019, em substituição ao líder autoritário Nursultan Nazarbaev— declarou que parte dessa confiança vem do fato de Moscou e Astana não tem disputas territoriais e que as fronteiras dos dois países são estáveis e há muito delimitadas.

Ele ainda deu uma de Lula, ao falar das negociações sobre a guerra: “Os lados ucraniano e russo estão prontos para negociações, mas a plataforma para isso não é clara. Precisamos parar com as acusações mútuas e negociar para encontrar opções que atendam a ambos os lados”, declarou, de acordo com veículos de imprensa russa.

O governo cazaque de Tokayev se mantém autoritário como nos tempos do seu mentor Nazarbaev, que governou o país após a dissolução da União Soviética e chegou a trocar o nome da capital para se homenagear, antes de deixar o cargo após 28 anos de um governo linha-dura. Tokayev, então presidente do Senado, assumiu o cargo interinamente, lá permanecendo por cinco anos.

Apesar da declaração que pode parecer um revés a Vladimir Putin, os dois países ainda mantém uma ligação umbilical, que remonta ao império russo no século XIX. Maior que as regiões Nordeste e Sudeste do Brasil somadas, o Cazaquistão é o segundo maior país a nascer após a dissolução da União Soviética em 1991, atrás da própria Rússia.

A Rússia ainda é o maior destino das importações cazaques, mas Moscou não é o principal destino de suas exportações (em sua maioria petróleo, cobre e ferro). A Itália foi o principal parceiro na balança comercial do país, seguido pela China e a Rússia, em terceiro lugar. No final de 2022, a participação de Moscou caiu ainda mais, graças às sanções pela invasão da Ucrânia.

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