‘Campeão nacional’ na economia gera corrupção, alerta Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse na manhã desta sexta-feira, 6, ser “totalmente” favorável à iniciativa privada, “mas pelas suas próprias pernas”, em um seminário do BNDES sobre saneamento, na sede do banco no Rio de Janeiro. Guedes criticou a política de apoio a “campeões nacionais” da economia, adotada em gestões do PT, e relacionou a estratégia à corrupção.

“Ninguém pode virar campeão nacional bombado pelo governo”, defendeu o ministro. “Isso é um absurdo na alocação de recursos, principalmente se depois isso vira dinheiro de campanha para financiar quem o financiou previamente”, argumentou. “É corrupção, no melhor estilo da própria confissão que foi feita”, disse, em referência a esquemas de suborno em troca de favorecimento a empresas revelados por delatores em investigações como as da Operação Lava Jato.

O ministro lamentou o uso do banco em políticas de privilégio a empresas e setores determinados na economia nos governos anteriores. “O BNDES, na linguagem popular, foi pedalado”, avaliou. “Pedalaram o BNDES, com quadro técnico extraordinário, gente espetacular, de ótima qualidade, mas a missão era estreita: alavancar campeões nacionais, parte da gigantesca máquina de transferência perversa de renda. No Brasil, quem tem mais poder econômico ou político captura orçamentos públicos. Os recursos são desviados da finalidade principal, que seria ajudar as populações mais pobres”, apontou.

O ministro voltou a defender a desoneração da folha de pagamento como forma de gerar empregos. “Os impostos sobre folha de pagamento são o imposto mais cruel, armas de destruição em massa de empregos”, definiu Guedes na sede do BNDES. “Dezenas de milhões de empregos são destruídos por estes impostos excessivos sobre a folha de pagamento. É um crime contra o trabalhador brasileiro”, atacou.

Para o ministro, o BNDES está voltando às suas funções, com financiamento a projetos sociais e de saneamento, que vão se refletir em educação e saúde. “Como vamos salvar as crianças se elas não tiverem sequer saúde, por falta de saneamento?”, questionou. “A mortalidade infantil é brutal. Se a criança brinca sem água, sem saneamento, saúde, não tem nada lá embaixo, morre cedo, pega doenças letais. Esse é um crime contra as crianças brasileiras”, criticou. “O S de saneamento é viga mestra no novo BNDES. É um legado que o novo BNDES, no papel de articulador dessas políticas, quer deixar”, declarou.