Boulos é solução ou problema para Lula?
Especulação sobre adesão de psolista à Esplanada dos Ministérios reacende incômodos petistas da eleição municipal de 2024

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP, à direita em foto da campanha da eleição de 2024) surgiu como alternativa para o governo Lula melhorar a interlocução com movimentos sociais. Mas tem petista desconfiado de que há mais por trás na especulação sobre o psolista virar ministro da Secretaria Geral da Presidência.
"Os petistas se questionam se, ao pegar o deputado do PSOL pelo braço e conduzi-lo ao Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula Silva não está dando forte sinal de que Boulos será seu herdeiro político", diz o Estadão.
Não é de hoje que Boulos incomoda os petistas por sua proximidade com Lula (ao centro na foto). Boa parte do partido resistiu o quanto pôde a apoiar a candidatura derrotada do deputado federal do PSOL à Prefeitura de São Paulo, mas o presidente da República impôs a própria vontade.
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E a "frente ampla"?
A adesão de Boulos à Esplanada dos Ministérios seria mais um passo para longe da alegada "frente ampla" com a qual o petista teria sido eleito em 2022. Chegou-se a especular, no fim do ano passado, que Lula faria uma reforma ministerial para ampliar o arco de aliança, mas, até agora, o presidente só mexeu nos ministérios para realocar aliados do próprio PT.
A sinalização em direção a Boulos, ainda mais à esquerda do que os petistas, chega em um momento em que o governo ainda calcula os impactos de um escândalo de corrupção para a popularidade de um presidente progressivamente impopular.
Lula nem sequer compareceu aos eventos de 1º de Maio em São Paulo neste ano, para evitar o vexame do Dia do Trabalhador de 2024, quando participou de um palanque esvaziado montado por centrais sindicais e ainda pediu voto fora do período eleitoral para Boulos.
2026
Apesar de Lula garantir que será candidato à reeleição, não é certo que ele terá condições políticas para tentar um novo mandato, sob o risco de ser derrotado nas urnas e encerrar de forma melancólica a carreira, que vem tentando reabilitar sem sucesso neste governo, após passar meses na cadeia.
Ao tentar resolver o problema de popularidade, com uma aproximação com os movimentos sociais que nem sequer é garantida — Boulos levou apenas cerca 6 mil pessoas à rua outro dia —, o petista pode estar levando para o governo um agente de instabilidade entre os próprio aliados, e no momento em que os governistas se preparam para travar a batalha da CPMI do INSS.
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