Alan Santos/PR

Bolsonaro quer revogar Lei de Terras assinada por Dom Pedro II em 1850

08.11.20 12:17

Começou a tramitar na Câmara dos Deputados, no último dia 29 de outubro, projeto de lei encaminhado por Jair Bolsonaro para revogar 1.220 atos normativos considerados obsoletos pelo governo. A peça pretende extinguir do ordenamento jurídico brasileiro  a Lei de Terras, assinada por Dom Pedro II em 18 de setembro de 1850. O dispositivo é apontado por historiadores como um dos responsáveis pela concentração fundiária no Brasil e pelo surgimento de trabalhadores sem-terra.

“A consolidação tem por escopo o saneamento, a organização e a integração do arcabouço normativo vigente, com vistas a propiciar mais transparência, publicidade e fácil acesso aos atos normativos”, justifica o ministro Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência. “O processo de revogação expressa, parcial ou total, de leis e de decretos-leis já tacitamente revogados objetiva contribuir para a melhor racionalização e sistematização do ordenamento jurídico vigente”, acrescenta.

A Lei de Terras foi um dos primeiros dispositivos legais brasileiros destinados a organizar a propriedade rural no país. À época de sua edição, o campo brasileiro era marcado por conflitos agrários, invasões de áreas públicas e direitos de propriedade indefinidos. A lei estabeleceu que o acesso à terra se daria unicamente pela compra das chamadas “terras devolutas” do Império, pelas quais os candidatos a latifundiários precisavam pagar vultosas quantias à vista. Quando a lei foi discutida por deputados e senadores, nas décadas de 1840 e 1850, a maior parte dos congressistas era formada por fazendeiros, que acreditavam que enormes latifúndios eram a forma viável para aproveitamento das terras. Pequenos lavradores, assim, se viram excluídos do processo.

Não é a primeira vez que se tenta revogar a Lei de Terras. Em 2000, Fernando Henrique Cardoso encaminhou ao Congresso projeto de lei para consolidar a legislação referente a terras públicas e ao direito agrário, que incluía a revogação de uma série de dispositivos considerados “já revogados tacitamente com a edição da Lei n.º 4.504, de 30 de novembro de 1964 – Estatuto da. Terra” pelo então ministro Raul Jungmann, do Desenvolvimento Agrário.

Na visão de especialistas, no entanto, o projeto de lei encaminhado por Jair Bolsonaro para revogar a lei é falho. “A proposta de revogação nesse sentido deveria ser acompanhada de um documento mais detalhado que mostrasse que esses diplomas legais se encontram realmente revogados tacitamente”, diz Suely Araújo, ex-presidente do Ibama. “A mensagem que acompanha não me parece suficiente nesse sentido”, diz. 

O projeto precisa ser examinado pelo Grupo de Trabalho de Consolidação da Legislação Brasileira, que deve realizar um estudo detalhado sobre as revogações propostas e, então, encaminhar parecer à Comissão de Constituição e Justiça. O colegiado não se reúne oficialmente desde novembro de 2013, segundo o site da Câmara. 

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  1. PORTEIRA ABERTA Como sempre, o governo não coloca na mesa a discussão de assuntos relevantes. Tenta fazer na surdina em meio a outras agitações na mídia. Parabéns Crusoé por mais esta investigação.

  2. Os projetos apresentados precisam ser discutidos por sua importância e utilidade e Nunca por Sua paternidade. Ficar nesse eterno flaxflu , BozoxLulsdrão e patético. Um real prova de falta de inteligência.

  3. Precisavam revogar a lei do Imperador, que reconhece com o título de doutor os formados em ciências jurídicas. Excrecência do atraso !

  4. Melhor não mexer com certos assuntos, até que se tenha no Brasil um executivo preparado e honesto... bem como legislativo idem!

    1. De acordo. Com este pateta agindo como imperador não dá para esperar nada de util para o país. No máximo um cassino vagabundo com muita lavagem de dinheiro, rachadinha com milicianos, e loteamento de cargos para o centrão. O resto é cortina de fumaça para deixar "passar a boiada".

  5. Nós temos um montão projetos engavetados, escondidos, dormindo há décadas nas mesas do legislativo inoperante . Será que em vez do Mintomaníaco psicopata procurar chifre em cabeça de cavalo, procurasse esclarecer as rachadinhas, os 89mil depositados na conta da Micheques, porque a Familícia investe em imóveis com dinheiro vivo?

    1. Sr Paulo.. esquecemos? Seca do Nordeste.. E quem lembrou? Por acaso considera que 🤡SAFADO ter dado o DNOCs.. - Depto Nacional de Obras e Combate à SECA - ORÇAMENTO MILIONÁRIO - para um APADRINHADO DO CENTRÃO... ex sócio de empreiteira.. pra fazer uma obrinha aqui uma ali.. É isso q sua DIREITA faz pela seca do NE? Tem q faltar mta vergonha na cara pra defender isso.. Aliás.. DNOCs existe desde 1907 kkkkk e bolso vai combater a seca com ele no CENTRÃO.. nossa q coragem. Falta vergonha mesmo..

    2. Acho correta sua preocupação, mas conte-nos sobre os TRILHÕES surrupiados das Estatais, Instituições, e Via BNDES para nuestros amigos de ideologia. A esquerda SÓ saiu porque o assalto passou dos 10% “normais” para bilhões e bilhões. Fizemos portos, estradas e metrôs para os países amigos e esquecemos que nossos nordestinos ainda passavam sede. Sinto Helo, mas foi muita crueldade. Torço para que seu Rato seja candidato em 2022. No auge de aprovação necessitou de segundo turno. Recordas ?

  6. Confesso minha total ignorância sobre o assunto. Porém, vindo do atual governo fico sempre com um pé atraz. Perdeu a credibilidade.

  7. Não sei e exatamente do se trata essa lei, más se o governo/estado legalizasse a posse de terras na Amazônia, muitos dos problemas de conflitos de terra e desmatamento seria evitado, pois se sabe onde foi desmatado de quem o local..!! Responsabizando o proprietário, coisa q não acontece hoje pois as terras são da União..!! Terra de ninguém...!!

  8. Fiquei na mesma. Essa reportagem praticamente não esclarece o que é essa lei que se quer revogar e nem o que Bolsonaro pretende modificar. Não dá para tomar qualquer posição a respeito. Eu esperava mais esclarecimento desse texto.

    1. Se fossem dar todos os detalhes, teriam de escrever um livro. Mas a ideia geral, ao que me parece, é realmente modernizar a legislação. O problema é que os legisladores que temos não dão nenhuma certeza de honestidade para ninguém, muito antes pelo contrário. Aí aproveitam uma ocasião como esta para embutir na nova lei artigos que só interessam a seus interesses ou do grupinho a que pertencem, ou seja, esse congresso que está aí, em sua esmagadora maioria, não merece a confiança do povo.

    2. Para mim o que ficou que mais uma vez o Governo propõe as coisas sem todos os documentos e avaliações necessárias . Podemos até tentar entender o q a Lei a ser revogada trata mas a incompetência de fazer um processo completo se repete como temos visto ultimamente.

    3. pelo q entendi, é só uma limpeza de leis que já não valem mais nada...

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