Bolsonaro discutiu mensagens de Moro em almoço com Zambelli fora da agenda

O presidente Jair Bolsonaro almoçou nesta quinta-feira, 14, no Palácio do Planalto, com a deputada federal Carla Zambelli, do PSL, e o marido dela, o coronel Aginaldo de Oliveira, diretor da Força Nacional de Segurança. O encontro, fora da agenda oficial, aconteceu no dia seguinte ao depoimento da parlamentar à Polícia Federal no inquérito que apura as denúncias do ex-ministro Sergio Moro de que Bolsonaro tentou interferir na corporação.

Zambelli foi chamada a depor após o ex-juiz apresentar, como prova de suas acusações contra o presidente, mensagens enviadas pela deputada na véspera de ele pedir demissão do Ministério da Justiça, no final de abril. Segundo apurou Crusoé, o cardápio do almoço de ontem foi justamente essas mensagens trocadas entre os dois. Os deputados federais Eduardo Bolsonaro e Bia Kicis também participaram do encontro.

No almoço, Zambelli mostrou ao presidente a mensagem que enviou a Moro minutos antes de ele anunciar sua demissão, em 24 de abril. “Deixa eu entrar só 5 minutos. O Planalto que pediu, mas estou vindo não como parlamentar. Mas como sua admiradora. (…) O Brasil precisa de você”, pediu a deputada. “Se o PR (presidente) anular o decreto de exoneração (de Maurício Valeixo do comando da PF), ok”, responde o ex-juiz.

Bolsonaro, então, pediu a deputada para mostrar a mensagem na live que faria no Facebook naquela noite. E assim o fez. “Ele dá a entender que cancelaria a coletiva dele. Voltaria ao seu trabalho normal e não se falaria mais em interferência. Reparou que acabou a interferência?”, disparou o presidente na live. “Isso mata de vez a história de interferir na Polícia Federal. Mata de vez. Ponto final. Pá de cal em cima dessa coisa aí”, emendou.