Ato da CGT contra Javier Milei na frente do Congresso da Nação Argentina, em Buenos Aires - 24/01/2024. Caio Mattos/CrusoéAto da CGT contra Javier Milei na frente do Congresso da Nação Argentina, em Buenos Aires - 24/01/2024. Caio Mattos/Crusoé

Ato contra Milei lota e se esvazia em um piscar de olhos

24.01.24 18:06

O ato organizado pela maior central sindical da Argentina contra o presidente, Javier Milei, nesta quarta-feira, 24 de janeiro, lotou a Praça do Congresso ao longo da manhã e início da tarde, mas se esvaziou em poucas horas.

Segundo a Polícia da Cidade de Buenos Aires, participaram de 80.000 a 100.000 pessoas. O Ministério de Segurança Pública, do governo nacional, fala em 40.000.

Organizado pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), intimamente ligada ao peronismo, o ato desta quarta foi bem maior que o protesto de final de dezembro, que havia mobilizado 3.000 pessoas.

A concentração começou a crescer a partir das 10h e chegou a um pico pelo início da tarde.

Cabe lembrar que a greve convocada para esta quarta teve inicio às 12h.

Mesmo no ápice da mobilização, o trânsito na Avenida Entre Ríos, na faixada do Congresso, permaneceu normal, em respeito ao protocolo antipiquete do governo Milei.

Metade da frente do Congresso já estava vazia às 15h10, dez minutos após a data prevista para o início do ato — os discursos dos líderes sindicais foram adiantados e começaram por volta das 14h.

Ou seja, o protesto durou cerca de cinco horas. Para aqueles que precisaram trabalhar até pelo menos o início da greve, foram apenas três horas.

A celeridade surpreendeu a muitos manifestantes, aqueles não relacionados aos sindicatos e que, logo, foram ao local por conta própria, sem a ajuda sindical.

Leia também: Aparato peronista

Às 14h20, muitos grupos já se retiravam da Praça do Congresso pelas ruas que a cortam como espinha de peixe. Dois manifestantes afirmaram a Crusoé que se tratava de uma reorganização, porque a praça estaria lotada.

Entretanto, àquela hora, já havia bolsões de vazio pela Praça do Congresso e na frente da sede do Legislativo nacional.

A dificuldade para chegar à praça se devia ao fato das ruas que lhe dão acesso afunilarem os participantes do ato em “colunas” (fotos abaixo), como dizem os manifestantes.

Às 15h30, quando a desmobilização já alcançava as ruas da região, ainda era possível ver pessoas chegando à Avenida de Maio, principal via ao local do protesto.

A partir de então, alguns agrupamentos cantavam e marchavam em pontos isolados das redondezas.

Por que se esvaziou tão rápido?

Não há uma única explicação para a velocidade com a qual o protesto se encerrou, mas alguns fatores tiveram impacto.

Um deles, e mais óbvio, é o calor.

Esta quarta foi marcada por uma dia ensolarado e temperaturas na casa dos 28 ºC, sendo que muitos chegaram ao ato pela manhã e permaneceram lá por horas.

Outro fator relevante é a greve no transporte público. 

A grande base dos sindicatos e do peronismo kirchnerista, que controla aqueles, é a região metropolitana da cidade de Buenos Aires.

Para voltar para casa, muitos precisa pegar o trem.

Apesar de a greve do transporte público se iniciar às 19h, os principais terminais ferroviários da região, Constitución e Once, encerram mais cedo.

Às 17h40, estava para partir o último trem de Constitución, enquanto o terminal de Once já havia fechado as portas.

Como as duas estações de metrô mais próximas do Congresso estão fechadas por protocolo de segurança, o trajeto até àqueles terminais ferroviários levaria pelo menos cerca de 30 minutos, em condições normais.

Em maio de 2019, durante outra greve da CGT contra o então presidente Mauricio Macri, a paralisação do transporte público foi mais dura. O resultado foi um ato esvaziado.

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  1. Ainda que legítimo o protesto, fica mal se deixar instrumentalizar politicamente combatendo um presidente que foi democraticamente eleito há um par de meses.

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