Argentina: a outra eleição de Mauricio Macri
As eleições presidenciais da Argentina, cujo segundo turno ocorre em 19 de novembro, têm a sua própria disputa paralela, que envolve o futebol e as principais forças políticas do país, e só será resolvida em dezembro. Trata-se das eleições para a presidência do Boca Juniors, clube sediado no bairro de La Boca, na cidade de...
As eleições presidenciais da Argentina, cujo segundo turno ocorre em 19 de novembro, têm a sua própria disputa paralela, que envolve o futebol e as principais forças políticas do país, e só será resolvida em dezembro.
Trata-se das eleições para a presidência do Boca Juniors, clube sediado no bairro de La Boca, na cidade de Buenos Aires.
O Boca é o maior clube de futebol da América do Sul, em títulos, tradição e história recente — os xeneizes foram vice-campeões da Copa Libertadores no início do mês, em derrota na prorrogação para o Fluminense por 2 a 1.
Além disso, o clube de La Boca é um dos principais bastiões políticos do ex-presidente argentino Mauricio Macri (foto), junto à cidade de Buenos Aires como um todo.
De fato, antes de chegar à Casa Rosada, em 2015, e mesmo de assumir o governo da cidade de Buenos Aires, em 2007, Macri construiu sua carreira política no Boca.
Ele presidiu o clube entre 1995 e 2007 e se tornou o dirigente com mais títulos da história xeneize. Macri esteve no comando da gestão do Boca quando o clube venceu duas Copas Intercontinentais, que é o antigo mundial de clubes, e quatro Copas Libertadores, mais do que qualquer equipe brasileira na história.
O ex-presidente da Argentina oficializou a sua candidatura à gestão do Boca ontem, quarta-feira, 8 de novembro, duas semanas após a derrota no primeiro turno das eleições presidenciais argentinas, em 22 de outubro.
A coalizão de Macri, Juntos por El Cambio, ficou em terceiro lugar, com pouco menos de 24% dos votos. Dias depois da derrota, o ex-presidente e sua candidata presidencial, Patricia Bullrich, declararam apoio a Javier Milei no segundo turno.
Segundo a imprensa argentina, Macri tomou o comando da campanha do libertário neste segundo turno. De fato, alguns macristas, em especial Bullrich, assumiram papel de porta-vozes de Milei nos meios e escantearam a ala ideológica libertária.
E, muito possivelmente, o ex-presidente da Argentina possa assumir um cargo em um eventual governo de Milei. Cabe se questionar se uma vitória libertária em 19 de novembro o tiraria da disputa pela gestão do Boca.
Macri é candidato a vice-presidente do clube na chapa de Andrés Ibarra (à direita na foto), aliado de longa data no clube e que chegou a ser seu ministro da Modernização, do início do mandato na Casa Rosada até setembro de 2018.
Macri e Ibarra devem enfrentar um dos maiores ídolos da história do Boca, o ex-meio-campista Juan Román Riquelme, que jogou no clube durante a gestão macrista. Essa eleição está marcada para 2 de dezembro.
Riquelme, que ainda não oficializou sua candidatura, representa a situação no clube. Ele é o atual vice-presidente do Boca, sob a presidência de Jorge Amor Ameal. Se confirmada a sua entrada na disputa, Riquelme deve ter como candidato a vice o próprio Ameal, em uma troca de posição.
Uma pesquisa realizada antes do vice-campeonato da Libertadores aponta a chapa Riquelme-Ameal com cerca de 45% das intenções de voto, contra pouco menos de 40% da fórmula Ibarra-Macri.
É importante lembrar que Riquelme é amigo pessoal do rival de Milei nas eleições presidenciais nacionais, o ministro da Economia, Sergio Massa.
“Construí uma relação muito boa com o Román [Riquelme]. A gente se reunia para comer churrasco com o nosso grupo”, disse Massa em uma entrevista em agosto.
Não há evidências explícitas de interferência do ministro-candidato no pleito no Boca, mas alguns veículos afirmam que Massa estimulou Riquelme a entrar na política do clube para fazer contraponto a Macri.
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