Waldemir Barreto/Agência Senado

Após ultimato, diplomatas são cotados para o Itamaraty; Centrão quer político no cargo

25.03.21 15:06

Após o “basta” dado por líderes do Congresso ao ministro Ernesto Araújo na noite de quarta-feira, 24, integrantes do governo que acompanham a pauta internacional e parlamentares da base passaram a especular alternativas para uma troca no comando do Ministério das Relações Exteriores.

Na lista de cotados aparecem nomes como o de Nestor Forster Jr., embaixador do Brasil nos Estados Unidos, e Luis Fernando Serra, embaixador na França, tidos em mais alta conta pelo Planalto. Enquanto isso, próceres do Centrão se esforçam para convencer o governo a adotar uma “ruptura” com a diplomacia ideológica, nomeando um político para a chancelaria. “Não vai adiantar trocar seis por meia dúzia”, adverte um congressista, que pediu a reserva do nome.

Na Câmara, parlamentares da base articulam o que chamam de “solução política” para o Itamaraty. Uma costura possível seria a nomeação de Tereza Cristina para chefiar a chancelaria, o que liberaria o Ministério da Agricultura para um nome do Centrão. Neste cenário, o deputado Neri Geller, do Progressistas do Mato Grosso, é quem tenta se cacifar para o cargo que seria deixado pela ministra.

A ideia não é nova, existe desde a eleição de Arthur Lira como presidente da Câmara, mas voltou a ser comentada por congressistas da base aliada de Bolsonaro na manhã desta quinta-feira. A pessoas próximas, a ministra sinalizou que não pretende embarcar na articulação, já que não vê ganho na troca. “Itamaraty não dá voto”, resume um interlocutor de Tereza.

Já no Senado, nomes da própria casa, como os de Antonio Anastasia, do PSD, e Fernando Collor, do Pros, são mencionados como alternativas por parlamentares. Tratam-se de referências dentro do Congresso para assuntos internacionais. Em 2017, no governo Temer, Anastasia chegou a ser cotado para assumir o Itamaraty – posto que acabou ficando com o tucano Aloysio Nunes.

Nestor Forster, que tem boa relação com Eduardo Bolsonaro, é elogiado por auxiliares palacianos. O diplomata recebeu a missão de abrir canais de diálogo com o governo de Joe Biden, onde Jair Bolsonaro criou atritos ao acusar, sem provas, a ocorrência de fraude nas eleições americanas. Recentemente, em uma conversa reservada com outros diplomatas, o embaixador brasileiro em Washington teceu críticas à atuação de Ernesto Araújo.

Além de agradar a ala ideológica, Forster tem boa relação com Tereza Cristina, o que poderia aliviar a pressão do agronegócio sobre a chancelaria, segundo pessoas próximas ao embaixador. Empresários do setor acreditam que o Itamaraty de Ernesto atrapalha a relação econômica com a China. Após os atritos entre Brasília e Pequim, o governo chinês travou negociações que ampliariam a pauta de exportações de produtos do agro

Por outro lado, Luis Felipe Serra tem como padrinho político o ministro Onyx Lorenzoni, da Secretaria-Geral da Presidência. Em Paris, um dos postos de maior prestígio do Itamaraty, o diplomata tem demonstrado alinhamento ao bolsonarismo. Um dos gestos nesse sentido foi o boicote a uma homenagem a Marielle Franco promovida pela prefeitura da capital francesa em 2019.

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  1. Vão passar o Itamaraty pra trás de novo? Esses políticos não se importam minimamente com a meritocracia nem com a qualificação profissional de quem ocupa cargos de poder nesse país... É impressionante a distância que existe entre esse pessoal que nos comanda e o mundo real do trabalho e dos negócios...

  2. Era só o que faltava para entornar o caldo, nomear Fernando Collor para a Chancelaria. Se não colar, pode indicar, também, o Renan Calheiros ou o Temer.

    1. Amigo, para azar do Brasil Collor foi afastado da presidência e o Brasil mergulhou na hiperinflação. Collor não roubou dinheiro público, o que houve foi o uso por PC Farias, coordenador financeiro da campanha, de sobras de dinheiro privado da campanha para compra de uma Kombi (única prova material existente). Collor abriu a economia do país ao mundo e a indústria automobilística se modernizou. Fernando Collor foi o presidente mais injustiçado deste país e seu impeachment um grande erro político

    1. Qualquer nome ligado ao genocídio tupiniquim não serve. O certo mesmo é remover o genocida o mais rápido possível!

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