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“Ao se aproximar do Irã, Hamas escolheu o lado errado”, diz historiador

07.01.20 15:40

O chefe do grupo terrorista Hamas, Ismail Haniyeh (foto), esteve nesta segunda-feira, 6, no Irã para acompanhar o funeral do general iraniano Qassem Soleimani.

Segundo a agência estatal de notícias iraniana Irna, Haniyeh disse que Soleimani “dedicou sua vida a apoiar os palestinos e os povos oprimidos da região”.

A presença de Haniyeh no Irã, um país de governo xiita e com ambição de liderar os países muçulmanos, pode trazer pelo menos três consequências negativas para o grupo terrorista que controla a Faixa de Gaza.

A primeira é a perda de recursos. “A estrutura burocrática do Hamas na Faixa de Gaza sobrevive com doações de outros países. É bem provável que países árabes sunitas agora interrompam a ajuda financeira”, diz o historiador militar israelense Shaul Shay, pesquisador do Instituto Internacional de Contraterrorismo em Herzliya. “O Irã é considerado o maior inimigo pelo Egito, pela Arábia Saudita e pelos países do Golfo.”

A segunda consequência é em relação à locomoção de Haniyeh. Ele deverá ter mais dificuldades para sair da Faixa de Gaza. Isso porque uma das condições dadas pelo Egito para permitir sua passagem era a de que ele não visitasse o Irã. “No futuro, quando Haniyeh tentar sair da Faixa de Gaza, é bem provável que não ganhe autorização”, diz Shay.

A terceira consequência negativa é o fim das negociações com Israel. Nos últimos meses, o Hamas estava tentando um cessar-fogo com o país, que tem retaliado os lançamentos de foguetes da Faixa de Gaza.

A amizade com o Irã vem se estreitando desde a deposição, em 2013, de Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, no Egito. O Hamas, vale lembrar, nasceu de grupos da Irmandade Muçulmana, que é sunita.

Até então, fazia mais sentido para o Hamas se aproximar dos países árabes sunitas. Em 2011, com o início da Guerra na Síria, o Hamas afastou-se do ditador Bashar Assad, apoiado pelo Irã. O grupo terrorista recusou-se a obedecer Assad e atacar a população, de maioria sunita. Com isso, foi obrigado a deixar a Síria.

Quando Mursi foi deposto em um golpe militar no Egito, o Hamas entendeu que deveria buscar a ajuda dos iranianos. “Sem dúvida, o caminho correto para o Hamas seria abandonar o terrorismo. Do ponto de vista da estratégia do grupo, contudo, pode-se dizer essa última opção não foi a mais inteligente. Ao se aproximar do Irã, o Hamas escolheu o lado errado”, diz Shay.

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