A segunda greve de mulheres na Islândia
Durante toda esta terça-feira (24), as mulheres da Islândia estão em greve. A manifestação, apesar de bastante singular, não é inédita na nação que fica entre a Europa, a América do Norte e o Polo Norte — e é mais lembrada pelo seu papel estratégico nos jogos de tabuleiro "War" do que por outras questões....
Durante toda esta terça-feira (24), as mulheres da Islândia estão em greve. A manifestação, apesar de bastante singular, não é inédita na nação que fica entre a Europa, a América do Norte e o Polo Norte — e é mais lembrada pelo seu papel estratégico nos jogos de tabuleiro "War" do que por outras questões.
A manifestação tem como pauta central a luta por melhores condições de igualdade salarial e por medidas mais duras contra a violência de gênero. Profissionais da indústria da pesca, dos negócios, da mídia e da educação suspenderam seus trabalhos, assim como donas de casa se recusam a executar tarefas domésticas. Mesmo a primeira-ministra do país, Katrin Jakobsdóttir (foto), não deu expediente.
O país não tem uma demografia muito vibrante: uma ilha isolada no Atlântico norte, a Islândia é lar de 387 mil pessoas (menos que o bairro carioca da Barra da Tijuca), sendo 187,8 mil delas mulheres. A paralisação de hoje também inclui as pessoas que se identificam como não-binárias (o governo islandês indica que são 132 delas).
A manifestação não tem a mesma conotação do retratado, por exemplo, em Lisístrata, a comédia de Aristófanes em que as mulheres convocam uma greve de sexo para parar a guerra — mas ecoa a primeira greve do gênero na história moderna, ocorrida em 24 de outubro de 1975, há exatos 48 anos. Naquele dia, as islandesas fizeram o Kvennafrí (dia livre), parando por maior igualdade nas relações de trabalho e sociais.
Na época, a manifestação surtiu efeitos imediatos. Sem telefonistas, o sistema de comunicações do país caiu. Jornais não tiveram como ir às bancas no dia seguinte sem suas copidesques. Voos de Reykjavik foram cancelados por falta de comissárias de bordo.
Após o primeiro Kvennafrí, a igualdade de gênero foi instituída na Constituição do país. Cinco anos após a greve, o país elegeu a primeira mulher presidente da história, Vigdís Finnbogadóttir. A diferença salarial no país entre gêneros caiu de 40% para 9,7% após a primeira greve — algo que as islandesas desta geração têm em mente hoje.
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Comentários (3)
Odete6
2023-10-25 03:29:39É uma medida legítima, mas dá preguiça (e raiva!) pensar q a metade da Humanidade ""ainda"" tenha q tomar providências do gênero e de 'gênero', para q o absolutamente normal e legal (sentido legalidade) se cumpra. Acho bom a ""outra metade"" não medir forças com esta metade pelo poder: perderão. Os tempos são outros. E se encaminham de modo "muito diferente"" também. Assim será até o dia em q entenderem q a ""prevalência"" é uma idiotice ignóbil e NÃO interessa a nenhum indivíduo desta espécie.
Marcia Elizabeth Brunetti
2023-10-24 14:42:32Vamos contar que um país pequeno, sem pobreza e educado é bem mais fácil conseguir vitórias em manifestações. No Brasil varonil tem de tudo e aos milhões. Panelaços e ir para as ruas está cada vez surtindo menos efeito. Até porque não são mais representativos.
ANDRÉ MIGUEL FEGYVERES
2023-10-24 14:02:10Sem Lula e sem as esquerdas, PT incluído, um dia chegaremos lá!