A política armamentista de Bolsonaro nas mãos do Supremo
Sem conseguir avançar na pauta armamentista no Congresso, Jair Bolsonaro (foto) tenta flexibilizar a legislação à base de canetadas. O problema é que seus decretos passaram a ser contestados no Supremo Tribunal Federal. Nesta semana, a corte começa a definir o futuro de uma das principais bandeiras do presidente da República. Entre 26 de fevereiro...
Sem conseguir avançar na pauta armamentista no Congresso, Jair Bolsonaro (foto) tenta flexibilizar a legislação à base de canetadas. O problema é que seus decretos passaram a ser contestados no Supremo Tribunal Federal. Nesta semana, a corte começa a definir o futuro de uma das principais bandeiras do presidente da República.
Entre 26 de fevereiro e 5 de março, os ministros decidirão se autorizam ou não o governo federal a implementar a alíquota zero para a importação de revólveres e pistolas. A isenção decretada pela Câmara de Comércio Exterior, vinculada ao Ministério da Economia, passaria a valer em 1º de janeiro deste ano.
O ministro Edson Fachin, contudo, a suspendeu sob o argumento de que a medida cria o “risco de um aumento dramático da circulação de armas de fogo” e pode ocasionar “perda automática de competitividade da indústria nacional”. O plenário virtual do STF iniciou o julgamento do caso em 5 de fevereiro, mas a votação acabou suspensa em razão de um pedido de vista do ministro Luís Roberto Barroso.
Mais adiante, em data a ser definida, o STF analisará ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas por partidos políticos e entidades contra quatro decretos presidenciais que flexibilizaram as regras para a aquisição e o porte de armas. As normas foram editadas por Bolsonaro em 12 de fevereiro, às vésperas do Carnaval. Dias depois, o Supremo recebeu uma enxurrada de contestações.
Os decretos do presidente implementam um "pacote de mudanças" na legislação. As regras ampliam, de quatro para seis, o número de armas de uso permitido para pessoas com Certificado de Registro de Arma de Fogo. Profissionais das Forças Armadas, policiais e membros da magistratura e do Ministério Público, pelos dispositivos, poderão adquirir mais duas armas de uso restrito.
Os textos preveem a possibilidade de substituição do laudo de capacidade técnica, exigido por lei para colecionadores, atiradores e caçadores, por um “atestado de habitualidade”, quando o desportista tiver frequência mínima de seis jornadas, durante o ano, em estande de tiro.
Os decretos permitem também que atiradores e caçadores comprem até 60 e 30 armas, respectivamente, sem autorização expressa do Exército. Ainda elevam, de 1 mil para 2 mil, a quantidade de recargas de cartuchos de calibre restrito que podem ser compradas por desportistas ao ano. Partidos argumentam que as normas mudaram significativamente o Estatuto do Desarmamento, o que só poderia ser feito por lei.
Desde 2020, ainda tramitam no STF ações contra uma portaria, assinada pelos ministérios da Defesa e da Justiça e Segurança Pública, que aumentou de 200 por ano para 550 por mês o limite para a compra de munições por civis que têm direito ao porte e à posse de armas. O julgamento desse caso não foi agendado.
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Comentários (10)
Carlos
2021-02-22 16:50:01É urgente que o STF ponha fim a essa insanidade!
F. Moreno
2021-02-22 16:47:05Qual seria o motivo de ter tirado o controle de armas e munições em poder de civis do Exército? Antimilitarismo talvez? Qual seria a justificativa para eliminar recursos da taxação das armas, tão necessários para a aquisição de vacinas? Genocídio complementar? Por que será que ele não gosta de trabalhar? Ergofobia? Por que sua atração por armas? Freud explica.
Jose
2021-02-22 08:44:34Esta politica do Bozo foi inspirada na política do Mussolini, o fascista italiano. Brasileiros, vocês deixarão a história italiana se repetir no país?
Ivete
2021-02-22 07:17:42Enquanto no Brasil mortes e mais mortes pela Covid, ó Bozó se preocupa com as mortes! Triste realidade!
Maria
2021-02-21 19:53:03Essa foto ofende o país .
Jaime
2021-02-21 18:05:32"...indústria nacional..." do que diabos ele está falando? Da Taurus? Acaso o STF AINDA desconhece os problemas com as armas automáticas da Taurus? Problemas que já levaram a óbito Deus sabe quantas vidas, de militates principalmente? Que que é que há com esse povo? Tão querendo divodor o Brasil em "bolsonaristas", "antibolsonaristas" e "brasileiros"?
Sillvia2
2021-02-21 17:15:16Triste é recordar e avaliar que meu voto e minha campanha entre familiares e amigos tenham ajudado a eleger esse presidente ignorante e maníaco, que governa DE COSTAS PARA O BRASIL E CONTRA OS BRASILEIROS...
Ivan
2021-02-21 17:04:07A Crusoe está entrando numa onda desarmamentista, quebrando sua tradição de jornalismo investigativo. Eu e minha mulher (eu vos declaro marido e mulher) , ambos com 74 anos, somos CAC e frequentamos clube de tiro do qual somos sócios. É uma pena ver críticas infundadas a uns decretos que só nos trazem facilidades contra uma burocracia absurda. Por favor, voltem a conhecer antes de criticar, e tomem cuidado com o “bom mocismo”. Garanto-lhes que não somos bolsonaristas, nem bandidos.
Nilson
2021-02-21 15:55:58A nossa classe politica é tão ruim e mediocre que deixou de governar, de legislar apesar de terem sido eleitos pra isto e o resultado é que justamente os que nunca tiveram voto e lá estão pelo QI dos seus padrinhos passaram a politizar a corte e se acham no direito de querer governar. Que país é este?????
PINTO SEM PINGO NO I
2021-02-21 15:20:461.1 - Eu nasci a noite. Mas não nasci ontem a noite. Bolsonaro quer armar os bolsonaristas. Mas toda ação gera uma reação. Se isso for levado adiante, aumentará o clima de desconfiança, podendo levar a um ciclo vicioso. Bolsonaristas se armando de um lado e brasileiros se armando do outro. Um lado aumenta a capacidade armamentista, o outro lado se sente ameaçado e aumenta também. Decreto de armas não pode ser feito em papel que embrulha pão.