Granma

A investigação sobre a demora da OMS e os médicos cubanos

24.05.20 14:51

Os países-membros da Organização Mundial de Saúde (OMS) aprovaram na semana passada a realização de uma investigação independente sobre a atuação da entidade durante a pandemia do coronavírus. Entre outras coisas, a apuração irá dizer se a entidade demorou para decretar uma emergência mundial.

Para Hugo Achá, diretor de pesquisa e projetos da Fundação Human Righs in Cuba, a investigação na OMS não deve prosperar. “É a direção da OMS que controlará todo o processo. Não existe a possibilidade de uma investigação contrariar a diretoria”, diz Achá.

O parâmetro de Achá é a investigação que a Organização Panamericana de Saúde (Opas), que integra a OMS, iniciou em 2014 para averiguar a escravidão de médicos cubanos. Uma auditoria externa disse que o contrato com Cuba tinha algo de errado, porque não seguia as normas jurídicas do Brasil. Também alertou a Opas de que isso poderia gerar custos financeiros, com os médicos entrando na Justiça. A reação da Opas foi cancelar o contrato com a auditoria e recrutar uma outra, da Espanha. O novo grupo de auditores disse a mesma coisa, e recomendou que a Opas criasse um fundo para arcar com as multas na Justiça. A Opas novamente ignorou os avisos e continuou com o Mais Médicos, que só terminou por decisão da ditadura cubana, em 2018.

“O que para mim pode ter consequências são os processos judiciais. Assim como quatro médicos cubanos que vivem nos Estados Unidos processaram a Opas em 2018, nove ações já foram movidas contra a OMS por cidadãos americanos por causa do coronavírus”, diz Achá. Eles alegam que sofreram prejuízos por causa da forma como a organização lidou com a pandemia. “O caso judicial do Mais Médicos mostrou que se pode entrar na Justiça contra uma organização multinacional.”

Na próxima semana, os advogados da Opas responderão ao processo dos médicos cubanos. No contrato com os profissionais, a entidade ficou com 5% dos seus salários.

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