A curiosa missão do Quênia no Haiti já está sob risco
A Suprema Corte do Quênia suspendeu, nesta semana, a decisão do país de treinar e enviar 1.000 policiais e soldados do país para a Minustah, a missão de estabilização do Haiti coordenada pela ONU. A decisão esfriou os planos do país, situado no leste africano, de comandar a operação, algo que já foi feito pelo...
A Suprema Corte do Quênia suspendeu, nesta semana, a decisão do país de treinar e enviar 1.000 policiais e soldados do país para a Minustah, a missão de estabilização do Haiti coordenada pela ONU. A decisão esfriou os planos do país, situado no leste africano, de comandar a operação, algo que já foi feito pelo Brasil.
A decisão, em caráter liminar, foi tomada em uma ação movida por Ekuru Aukot, candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2022, contra o presidente eleito, William Ruto. Aukot convenceu a Suprema Corte do país, por ora, que não apenas o presidente não poderia enviar as tropas ao país caribenho sem ferir a Constituição, como o país não poderia liderar a missão - o motivo seriam os próprios conflitos éticos no país.
Agora, a corte se prepara para julgar o caso em plenário, ouvindo todas as partes envolvidas. Até o julgamento, marcado para o dia 24 deste mês, o governo de Narobi não enviará tropas ao Caribe.
Era um plano desejado por William Ruto, que pediu autorização para liderar a operação diretamente ao Conselho de Segurança da ONU. A autorização saiu na semana passada, e foi comemorada por quenianos e haitianos, que viram o caos político e social crônico de décadas piorar após o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em julho de 2021. Desde 2015, o país é governado por políticos sem mandato.
A capital do país, Porto Príncipe, é tomada por gangues que são, de fato, as comandantes do local. Com o Estado falido desde o terremoto de 2009 no país, a ação de estabilização da ONU não consegue, de fato, estabilizar o país. Em julho deste ano, o organismo internacional chegou a cortar dinheiro para alimentação no país, por falta de verba.
O Brasil deixou oficialmente o comando da Minustah em 2017, voltando brevemente em 2021 para uma ação humanitária pontual. Apesar de distante da ilha Hispaniola, o Quênia tem experiências em missões internacionais do tipo, e busca ampliar seu capital internacional ao comandar a missão em terras haitianas. Se ela fará isso, só sua Suprema Corte poderá dizer no final do mês.
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Comentários (1)
Marcia Elizabeth Brunetti
2023-10-14 10:16:44Parece claro que existe algo por trás dessa eterna reconstrução do Haiti. Tantos anos e não conseguem sair do lugar. Os interesses dessas gangues devem imperar. Só não entendo do assunto para afirmar qualquer fato ou condição.