A complicada meta de Dilma Rousseff para o Banco do Brics

Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, a petista Dilma Rousseff, presidente do NDB (New Development Bank), o “Banco do Brics”, afirmou que a instituição financeira espera emprestar entre US$ 8 bilhões de dólares e US$ 10 bilhões, com 30% do volume em moedas locais.

Para viabilizar o movimento, o Banco dos Brics emitiria dívida em rand para empréstimos na África do Sul e faria “a mesma coisa no Brasil com o real. Vamos tentar fazer uma troca de moeda ou emitir dívida. E também em rúpias (moeda indiana)”.

Dilma defende que os empréstimos em moeda local evitam o risco cambial dos países envolvidos e também protegem os devedores do impacto da política monetária americana. Com a eloquência de sempre, a ex-presidente afirmou que a medida vai reforçar as divisas locais como alternativas ao sistema internacional. ”Até agora, o sistema tem sido unipolar… ele será substituído por um sistema mais multipolar“, explicou.

Alertada pela reportagem do Financial Times sobre a suspensão de todas as operações do NDB na Rússia, em março, para evitar que a instituição fosse excluída do sistema financeiro internacional, Dilma arrematou: “Você não pode negar que [o sistema financeiro internacional] existe. Você tem que conviver com isso“.

A agência de análise de risco Fitch chegou até a reduzir a avaliação do NDB, por causa de sua exposição à Rússia. Há dúvidas, por exemplo, sobre a capacidade do Banco do Brics de emitir bônus de dívidas de longo prazo no mercado americano.

Pelo visto, a meta de usar moedas locais parece ser um objetivo aberto e passível de ser dobrada — se alcançada, é claro.