Cuba vive pior crise desde o 'período especial' dos anos 90
Uma combinação de fatores tem levado Cuba a passar pela sua pior crise econômica desde o "período especial", na década de 1990. Em 1991, o fim da União Soviética suspendeu as remessas de dinheiro para a ditadura comunista. A fome se alastrou e só foi atenuada quando o venezuelano Hugo Chávez começou a ajudar o...
Uma combinação de fatores tem levado Cuba a passar pela sua pior crise econômica desde o "período especial", na década de 1990.
Em 1991, o fim da União Soviética suspendeu as remessas de dinheiro para a ditadura comunista. A fome se alastrou e só foi atenuada quando o venezuelano Hugo Chávez começou a ajudar o país com barris de petróleo em troca do envio de médicos, enfermeiros e professores de esportes cubanos, em 2003.
Uma das facetas atuais da crise é o fim dos convênios de saúde, como o Mais Médicos. Nos últimos doze meses, os acordos com Brasil, Equador e Bolívia foram interrompidos.
A receita da ditadura cubana com esses três convênios era em torno de 500 milhões de dólares. "É um valor alto, principalmente por causa do número de médicos que trabalhavam no Brasil, mas que não chega a ser tão representativo quando olhamos as outras perdas de receita", diz o economista cubano Carmelo Mesa-Lago, da Universidade Pittsburgh.
O maior baque veio com a redução da ajuda venezuelana, que inclui o pagamento por serviços de médicos, o envio de petróleo e o comércio de outros bens. De 16 bilhões de dólares em 2012, o valor despencou para 8 bilhões de dólares em 2017. Nos últimos dois anos, deve ter caído ainda mais. Com a economia destruída, o ditador Nicolás Maduro teve de conter a generosidade.
Outro impacto veio com as medidas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O americano suspendeu os cruzeiros e as viagens de intercâmbio cultural e entre famílias.
Em maio deste ano, Trump também permitiu a abertura de processos judiciais contra empresas estrangeiras que se estabeleceram em Cuba para lucrar com propriedades que foram expropriadas de americanos ou de cubanos exilados nos Estados Unidos. Com base na lei Helms-Burton, 36 empresas, como as redes de hotel Meliá, a American Airlines e o banco BBVA, estão sendo alvo de processos. Como consequência, o investimento estrangeiro na ilha encolheu.
Nas cidades cubanas, a população tem aguardado várias horas em filas para abastecer os carros e obter comida. "Como Cuba não ganha dólares, também não consegue importar alimentos, sendo que 80% deles poderiam ser produzidos localmente", diz Mesa-Lago.
"Esta é a maior crise desde o período especial, e nenhum país até agora parece capaz de substituir a importância que tinha a Venezuela. China e Rússia estão preocupadas com a desaceleração de suas próprias economias. O México, que cogitou algum intercâmbio médico, está relutando em anunciar qualquer coisa", diz Mesa-Lago.
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Comentários (10)
Uira
2019-12-01 22:59:27Do lado de Cuba há o maior tubarão do MAR ECONÔMICO, mas ela preferiu ser o patinho feio do COMÉRCIO GLOBAL e viver da dependência. Não é possível se criar um ambiente educacional e técnico-científico para que a população cubana seja capaz de competir em nível global proibindo-se até que a criação de redes de internet para se JOGAR ONLINE. Para se obter INFORMAÇÃO e CONHECIMENTO que transformam é necessário se ter o acesso a eles.
Uira
2019-12-01 22:54:57Um sistema completamente autocrático e fechado praticamente anula a chance de se estabelecer um ambiente robusto e dinâmico de qualificação da população e dos trabalhadores para se tirar vantagem da maior adaptabilidade e evolutividade que o processo simbiótico entre TUBARÕES ECONÔMICOS e RÊMORAS TECNOLOGICAMENTE E CIENTIFICAMENTE SUPERDESENVOLVIDAS requer. A rêmora jamais será capaz de competir em tamanho e PODER TOTAL com o TUBARÃO, mas este é mais PESADO e LENTO para se adaptar e evoluir.
Uira
2019-12-01 22:50:57Exemplo: o mandato é de cinco anos e a eleição é entre dois candidatos escolhido pelo partido. Não é uma democracia, mas tb não fica-se a impressão de que não há opção de escolha alguma. Além do mais, seria bom que uma gestão técnica fosse implementada, para que houvesse assim a possibilidade do país se abrir gradualmente, sem que dirigentes CORRUPTOS se agarrem no poder para não irem para a cadeia ou acabarem mortos. Assim, torna-se possível uma transição para um sistema mais aberto.
Uira
2019-12-01 22:47:07O turismo é obviamente o primeiro caminho mais óbvio (para dar muita ênfase) para Cuba. Além disto, no longo prazo investimentos em educação poderiam criar em Cuba as condições para que ela seja um hub tecnológico, financeiro ou de alguma outra nova tendência técnico-econômica que já esteja sendo gestada. Se o partido comunista cubano não tem intenção de abrir mão do poder, pelo menos agora, no mínimo poderiam criar um mandato e eleições para presidente.
Uira
2019-12-01 22:42:23Mesmo que haja um abismo entre a renda per capita de um sueco e um indiano, ainda assim o PIB da Suécia não tem a menor chance de chegar perto do PIB indiano. E é óbvio que é muito mais simples organizar e administrar um país do tamanho da Suécia e com uma população muito menor, do que um país com praticamente 1,5 bilhão de pessoas. Esta dinâmica é praticamente impossível de ser alterada em um cenário de menor assimetria entre sistemas político-administrativos e maior integração global.
Uira
2019-12-01 22:38:56É razoável que o processo de administração e organização de grandes territórios e contingentes de indivíduos seja mais complexo do que de territórios e populações menores. Além deste custo menor de integração e organização, pois é mais simples se capturar sinergias político-econômico-sociais, países menores podem se beneficiar dos grandes conglomerados nacionais e a consequente dimensão de seus produtos internos, claro, desde que eles se preparem para isto.
Uira
2019-12-01 22:28:38Mas em pleno século XXI, como o planeta inteiro populado e interligado pelo comércio e pelas comunicações, este padrão é praticamente irreplicável por dois motivos: custo e redução das assimetrias entre sistemas político-administrativos distintos. Se países como Suécia, Noruega, Dinamarca, Suíça, e outros que não possuem nem grande extensão territorial, nem uma grande população podem ser tornar grandes motores econômicos, eles podem se aproveitar de sua "agilidade".
Uira
2019-12-01 22:22:36Os sistemas políticos que dispunham de maior capacidade de organização e integração, assim como estavam em um patamar de desenvolvimento técnico-civilizatório mais elevado, detinham maior capacidade de dominar vastos territórios habitados por populações esparsadas com baixo nível de organização e integração, e muitas vez em guerra uns com os outros, além de terem um nível de desenvolvimento técnico-civilizatório bem abaixo dos dominadores.
Uira
2019-12-01 22:17:42O império britânico provavelmente acabou com um padrão que se repetiu várias vezes ao longo da história, pequenas porções de terra e contingentes populacionais limitados sendo capazes de subjugar e dominar grandes extensões de território e gente. As assimetrias entre regiões e nível de desenvolvimento permitiam que este padrão pudesse existir. Mas isto só era possível devido à falta de integração (política, territorial, linguística, jurídica, econômica, cultural, e por aí vai).
Uira
2019-12-01 22:14:07Mas agora a situação se inverteu e o cansaço é com os desmandos e a inépcia da esquerda, além de que o saudosismo da Guerra Fria está desaparecendo conforme os últimos admiradores de uma utopia que nunca se concretizou vão morrendo. Teoricamente, qual é a maior vantagem estratégica de Cuba? A sua localização privilegiada em relação à maior economia do mundo, população e dimensões geográficas pequenas. Mas devido às circunstâncias, esta vantagem foi na verdade transformada em desvantagem.