Segredo e estratégia: os bastidores do ataque de Israel ao programa nuclear iraniano
O general de divisão Oded Basiuk, chefe da direção das operações militares israelenses, declarou ao WSJ que "era extremamente difícil prever se tudo funcionaria como planejado"

As operações israelenses direcionadas contra líderes militares e cientistas nucleares iranianos, que tiveram um papel crucial na tentativa de desmantelar o programa nuclear do Irã, foram meticulosamente planejadas ao longo de várias décadas.
Um recente artigo do Wall Street Journal (WSJ) revela que muitos dos estratagemas utilizados remontam à década de 1990.
De acordo com a reportagem, a eficácia e a rapidez dessas operações surpreenderam até mesmo os próprios arquitetos das ações.
Imprevisibilidade
O general de divisão Oded Basiuk, chefe da direção das operações militares israelenses, declarou ao WSJ que "era extremamente difícil prever se tudo funcionaria como planejado".
Em novembro de 2024, uma reunião envolvendo 120 oficiais do serviço de inteligência e da força aérea israelense foi realizada para identificar os alvos prioritários em um eventual confronto com o Irã.
Essa cúpula culminou na elaboração de uma lista abrangente que incluía mais de 250 alvos, abrangendo desde cientistas até locais estratégicos, como instalações nucleares e lançadores de mísseis.
"Ponto sem retorno"
No dia 13 de junho, Israel lançou uma ofensiva direta contra o Irã, isso porque Teerã estava se aproximando de um "ponto sem retorno" no desenvolvimento de armamentos nucleares.
Uma operação específica, apelidada de "Casamento Vermelho", em referência a um evento impactante da série Game of Thrones, resultou na eliminação de altos comandantes militares iranianos em um curto espaço de tempo.
O impacto desta ação reverberou por todo o Oriente Médio e além. Outra operação notável dessa ofensiva inicial, chamada "Operação Nárnia", ficou famosa por eliminar nove cientistas nucleares iranianos quase simultaneamente em suas residências em Teerã.
Este sucesso ressaltou a habilidade do Estado israelense em realizar operações de inteligência complexas e eficazes.
Décadas de planejamento
A origem dessas manobras remonta à metade da década de 1990, quando os serviços secretos israelenses começaram a estabelecer uma rede abrangente dentro do Irã para facilitar uma campanha de sabotagem.
Essa estratégia incluiu explosões em instalações essenciais para o enriquecimento nuclear e assassinatos direcionados de cientistas.
Para tal, agentes do Mossad passaram meses utilizando contêineres e caminhões para contrabandear peças destinadas a drones armados com explosivos.
Com alvos localizados a mais de 1.600 quilômetros de distância, os pilotos israelenses precisavam ser treinados para voar em formações específicas ao redor de um avião-tanque durante suas missões.
O treinamento começou em 2008 com a operação "Guerreiro Glorioso", onde mais de 100 caças israelenses realizaram voos simulados até a Grécia.
Após anos sem poder atacar diretamente o Irã devido a restrições políticas, a queda do regime sírio criou novas oportunidades para Israel operar livremente no espaço aéreo regional.
Decisão final sob sigilo
Em 9 de junho, Netanyahu e seus conselheiros tomaram a decisão final para o ataque programado para quatro dias depois.
A equipe israelense sabia da importância de manter sigilo sobre seus planos para evitar que o Irã tomasse precauções preventivas.
Para disfarçar suas intenções, o escritório do primeiro-ministro anunciou um feriado familiar coincidente com o casamento do filho mais velho de Netanyahu, Avner. Contudo, nem mesmo os convidados estavam cientes dos verdadeiros planos do premiê para adiar as festividades.
Adicionalmente, informações foram vazadas à mídia sugerindo um desacordo entre Netanyahu e o presidente americano Donald Trump sobre a necessidade da ação militar.
Enquanto Trump enfatizava seu compromisso com uma resolução diplomática através das redes sociais, os preparativos israelenses estavam em pleno andamento.
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