Por que a aprovação de Milei é maior que a de Lula
O argentino é mais querido que o brasileiro porque não hesitou em realizar as reformas necessárias, ainda que impopulares.
O presidente da Argentina Javier Milei (na foto, com Lula) completará um ano de governo no próximo dia 10 de dezembro.
Uma pesquisa do instituto Poliarquía feita em outubro e divulgada pelo jornal Clarín dá que Milei tem uma aprovação de 52% e desaprovação de 45%.
Outra pesquisa, divulgada pela consultoria Aresco, dá que Milei tem uma imagem positiva de 53,7%.
No Brasil, a Paraná Pesquisas dá que o presidente Lula é aprovado por 46% e reprovado por 51%.
Motivos
Milei é mais querido que Lula porque não hesitou em realizar as reformas necessárias, ainda que impopulares.
Lula fez o sentido oposto.
O presidente brasileiro adia indefinidamente as reformas necessárias com medo de perder aprovação.
O problema é que, ao fazer isso, sua rejeição só aumenta.
Inflação sob controle
Ao cortar quase um terço dos gastos públicos, Milei conteve a inflação.
Em dezembro do ano passado, o índice estava em 25% ao mês. Caiu para 2,7% ao mês.
"Milei hoje tem uma aprovação acima da porcentagem de votos de cerca de 30% obtida no primeiro turno das eleições do ano passado, número que representa seus eleitores mais fiéis. Isso mostra que ele é popular mesmo entre aqueles que não são parte do seu núcleo duro, de seguidores mais animados", diz o analista de opinião pública argentino Orlando d'Adamo, diretor do Centro de Opinião Pública da Universidade de Belgrano e professor da Universidade de Buenos Aires.
"Sem dúvida, o controle da inflação explica muito esses bons índices de aprovação", diz d'Adamo.
Ajustes
As medidas de Milei não foram fáceis de serem tomadas.
Antes de o libertário tomar posse, havia 2.600 obras públicas em execução na Argentina. Hoje há 70.
Essa redução nas atividades causou um impacto grande nas taxas de desemprego em várias cidades.
Mesmo assim, o controle da inflação gerou um alívio para muitos, porque os salários deixaram de perder poder de compra.
É um fenômeno parecido com o que ocorreu no Brasil durante a adoção do Plano Real, nos anos 1990.
O bem-estar gerado pela queda da inflação também pode ter contribuído para arrefecer as manifestações nas ruas.
Na Argentina, a histórica capacidade de mobilização dos peronistas leva muitas pessoas a acreditarem que somente um presidente peronista pode governar o país.
Se o presidente não for perosnita, manifestações intensas e violentas podem tornar sua gestão inviável.
Protestos foram anunciados pela esquerda kirchnerista, ligada à Cristina Kirchner, assim que Milei foi eleito, mas o alcance delas foi pequeno.
Em um ano de governo de Milei, ocorreram apenas duas grandes manifestações: uma organizada pelos estudantes e outra por professores universitários.
"Os kirchneristas estão muito desgastados. Fizeram duas greves gerais, que tiveram um comparecimento razoável. Mas não conseguiram dividir o país. Acho que eles temem convocar uma nova manifestação e aparecerem poucas pessoas. Como muitos membros dessa esquerda kirchnerista estão envolvidos em escândalos de corrupção, eles também evitam se expor demais", diz d'Adamo.
Leia em Crusoé: Haddad tem que aprender com Milei
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