França promete se opor "total e resolutamente" ao acordo entre Mercosul e UE
A ministra da Agricultura, Annie Genevard, afirmou que o projeto não garante "condições justas de concorrência" para os agricultores do país
O governo da França anunciou nesta terça-feira, 26, que irá se opor "total e resolutamente" ao acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia e prometeu barrar qualquer tentativa de entendimento entre os blocos.
Diante da Assembleia Nacional, em Paris, a ministra da Agricultura, Annie Genevard (foto), afirmou que o projeto, "nas condições atuais", não garante "condições justas de concorrência para os nossos agricultores".
Além da questão ambiental, o governo de Emmanuel Macron recorreu ao 'temor sanitário', relacionado ao controle de doenças e ao uso de pesticidas, para sustentar a decisão.
França lidera resistência ao acordo
Como mostramos, a França não é o único país que promete barrar o acordo. O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, afirmou nesta terça, 26, que Varsóvia não aceitaria tal como está o acordo de comércio livre entre a União Europeia e os países do Mercosul.
"A Polônia não aceitará o acordo de comércio livre com os países da América do Sul, ou seja, o bloco Mercosul, nesta forma."
A Itália também se opõe ao tratado na forma atual, de acordo com declarações recentes do ministro da Agricultura italiano, Francesco Lollobrigida. Se a Comissão Europeia insistir no tratado, a França precisará do apoio de ao menos quatro países para bloquear sua aprovação.
Negociações são antigas
As negociações, que já duram mais de 20 anos, foram retomadas em 2019, mas seguem travadas por exigências ambientais lideradas pela França. A UE pressiona por garantias concretas de adesão ao Acordo de Paris e regras de sustentabilidade para evitar impactos como desmatamento e uso excessivo de agrotóxicos.
Embora países como Espanha e Alemanha apoiem o acordo, vislumbrando maiores exportações de veículos e produtos farmacêuticos, o Brasil, líder no Mercosul, estima que o tratado geraria impacto positivo de 0,46% no PIB nacional, além de ganhos significativos na balança comercial.
A UE planeja concluir o acordo antes da cúpula do Mercosul, marcada para dezembro no Uruguai. Contudo, a oposição liderada pela França pode dificultar a concretização desse objetivo.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)