Argentina: inflação mensal reacelera e vai de 4,2% a 4,6%
O Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), da Argentina, anunciou nesta sexta-feira, 12 de julho, que a inflação mensal foi de 4,6% em junho, na primeira aceleração desde dezembro. Assim, o índice está 0,2 ponto percentuais acima do registrado em maio, 4,2%. A reaceleração era esperada para junho, em especial após reajustes nas contas...
O Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), da Argentina, anunciou nesta sexta-feira, 12 de julho, que a inflação mensal foi de 4,6% em junho, na primeira aceleração desde dezembro.
Assim, o índice está 0,2 ponto percentuais acima do registrado em maio, 4,2%.
A reaceleração era esperada para junho, em especial após reajustes nas contas de luz e gás devido ao não pagamento de subsídios do governo às empresas do setor energético.
Essa política, que também gera uma nova dívida, é um dos principais pilares da política fiscal do governo de Javier Milei, marcada por sucessivos superávits fiscais ao mês.
Um superávit fiscal é quando o governo gasta menos do que arrecada em determinado período, incluindo o pagamento de dívidas e juros.
A forma como o governo mantém as contas públicas no azul, que foi a principal causa para a desaceleração da inflação no primeiro semestre, não é sustentável ao longo prazo.
O principal dos pilares do ajuste econômico de Milei, por aparente ironia, depende da própria inflação e gera desgaste social.
Trata-se dos cortes nos gastos do governo que não são reajustados pela inflação, o maior dos quais é o pagamento das aposentadorias.
Esse fenômeno é chamado de licuadora, "liquidificador" em espanhol, porque a inflação desvaloriza a moeda e, logo, liquida os gastos não reajustados.
Outro pilar do ajuste econômico é o corte de repasses às províncias, o que gera instabilidade política e inviabiliza a agenda de governo no Congresso.
Por que há pessimismo?
Além da insustentabilidade dos superávits, outras notícias deveriam preocupar pelo futuro da economia argentina a curto e médio prazo.
No início de junho, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que pode derrubar a mini-reforma das aposentadorias imposta por Milei via decreto em abril.
Como no Brasil e em diversos outros países, as aposentadorias são o principal gasto no orçamento público na Argentina.
A seguridade social, que inclui também pensões e assistência social, respondeu por mais de 46% dos gastos públicos em 2023.
Segundo o órgão técnico do Congresso para o Orçamento, o projeto de lei aprovado na Câmara no início de junho deve aumentar as despesas, ao menos, acima dos 0,4% do PIB argentino.
Isso pode apagar quase todo o aumento em arrecadação garantido pelo pacotão de reformas aprovado pelo Congresso em junho.
Economistas próximos do governo calculam esses ganhos em 0,45% do PIB, incluindo benefícios de efeito único.
Milei afirmou que vetará qualquer proposta de lei da Câmara sobre as aposentadorias que aumente os gastos públicos.
Quais são os próximos desafios para Milei?
Com a aprovação do pacotão de reformas em junho, teve início a segunda fase do governo deve ser marcada por alterações na política econômica.
“Milei precisa mostrar que a sua agenda pode se sustentar no tempo. Até o momento, ela se centrou em políticas de curto prazo, como baixar as aposentadorias e cortar os investimentos públicos em infraestrutura”, diz Juan Luis Bour, economista-chefe do think tank argentino Fundação de Investigações Econômicas Latinoamericanas.
Leia também: O Temer argentino, pero no mucho
A política monetária, em especial, é um ponto importante.
O governo tem depreciado a cotação oficial do peso bem abaixo da inflação.
Em quanto a inflação esteve na casa dos dois digitos ao longo do primeiro trimestre e chegou a 4,2% ao mês em maio, a taxa de câmbio oficial do peso tem depreciado apenas 2% ao mês.
Trata-se de uma política deliberada do governo Milei, conhecida como crawling peg, para conter a inflação.
Em outras palavras, o peso está supervalorizado.
Isso não é sustentável, porque encarece o custo de vida, desestimula o investimento estrangeiro e torna as exportações argentinas menos competitivas.
O Fundo Monetário Internacional tem cobrado de Milei a flexibilização da taxa de câmbio, mas isso comprometeria uma das principais fontes de renda do governo hoje, que é o imposto sobre operações internacionais.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (1)
ARAGUACI FAUSTINO DA SILVA
2024-07-12 21:52:54Porque não divulgaram a inflação anual que, com certeza, caiu.