Ex-Alemanha Oriental, do comunismo à direita radical em 35 anos
As eleições da Alemanha para o Parlamento Europeu, realizadas neste domingo, 9, mostraram a força do partido de direita radical Alternativa para a Alemanha (no original Alternative für Deutschland, ou AfD), que saiu com 15 cadeiras, uma a mais que o SPD, partido social-democrata do primeiro-ministro Olaf Scholz. Uma análise do mapa eleitoral (foto), no...
As eleições da Alemanha para o Parlamento Europeu, realizadas neste domingo, 9, mostraram a força do partido de direita radical Alternativa para a Alemanha (no original Alternative für Deutschland, ou AfD), que saiu com 15 cadeiras, uma a mais que o SPD, partido social-democrata do primeiro-ministro Olaf Scholz.
Uma análise do mapa eleitoral (foto), no entanto, se mostra ainda mais fascinante: a AfD venceu, principalmente, nos estados e províncias onde era a antiga Alemanha Oriental. o AfD foi o mais votado apenas em províncias da parte oriental — e apenas cinco acabaram tendo maioria para outros partidos.
A região, que foi comandada por regimes comunistas até a queda do muro de Berlim em 1989 e a subsequente reunificação no ano seguinte, agora faz uma aposta coletiva no partido de direita radical, que tem uma agenda antiimigração e com foco anti-União Europeia. Como explicamos ainda em 2021, a região costuma fazer votos de protesto, uma vez que as províncias atrás da antiga Cortina de Ferro adotam um ressentimento em relação ao resto do país, mais rico e desenvolvido.
Entre os partidos com a mesma agenda na Europa, o AfD é visto como radical demais — a ponto da francesa Marine Le Pen, líder do partido Frente Nacional, ter anunciado o rompimento com os alemães após uma liderança ter tido que "nem todos os membros da SS nazista eram criminosos."
Um alto comparecimento — quase 65% dos eleitores — e um voto de protesto generalizado em temas como imigração e segurança pública facilitaram o ganho de cadeiras do AfD, que ganhou quatro vagas no Parlamento Europeu. Onde era antigamente a Alemanha Ocidental, a maior parte dos votos foi para a coalizão da Democracia Cristã, a ex-primeira-ministra Angela Merkel.
Houve exceções, claro: em regiões metropolitanas, houve predomínio dos Verdes, com uma agenda mais voltada às questões climáticas. O partido teve vitórias em locais como Hamburgo e Berlim, a capital — lá, a população mais cosmopolita da cidade garantiu a vitória dos Verdes em meio ao mar de vitórias do AfD.
Nesta segunda-feira, 10, no entanto, o premiê Olaf Scholz preferiu não seguir as estratégias da França e da Bélgica para reformular seus governos, após a vitória da direita radical. Ele negou que convocará novas eleições, e garantiu que continuará trabalhando como de costume.
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