Depoimento de Mandetta traça caminhos para a CPI
O extenso depoimento de Luiz Henrique Mandetta (foto), destrinchado ao longo de cerca de sete horas, reforçou o arsenal da CPI da Covid contra o governo Jair Bolsonaro. Com a apresentação de relatos de conversas, observações e datas-chave, o ex-ministro da Saúde pavimentou o caminho para a investigação, que, agora, deve mirar a obtenção de...
O extenso depoimento de Luiz Henrique Mandetta (foto), destrinchado ao longo de cerca de sete horas, reforçou o arsenal da CPI da Covid contra o governo Jair Bolsonaro. Com a apresentação de relatos de conversas, observações e datas-chave, o ex-ministro da Saúde pavimentou o caminho para a investigação, que, agora, deve mirar a obtenção de documentos para comprovar a responsabilidade do presidente e de integrantes do alto escalão do governo em ingerências indevidas na pasta.
À CPI, Mandetta afirmou que, na pandemia, Bolsonaro não quis uma liderança "técnica" e disse acreditar que o presidente se aconselhava com um "assessoramento paralelo" para alinhar a postura do governo federal às suas conveniências políticas, ao invés de ouvir as orientações do corpo técnico do Ministério da Saúde.
As explicações a respeito da orientação do uso da cloroquina consumiram boa parte do depoimento. Mandetta assegurou que a decisão de ampliar a produção do medicamento ocorreu à margem do Ministério da Saúde e relatou que, certa vez, durante uma reunião no Planalto, chegou a ver uma minuta de decreto destinada a alterar a bula da medicação a fim de permitir a prescrição para pacientes diagnosticados com Covid-19. A proposta, no entanto, não prosperou.
O ex-ministro acrescentou que a Advocacia-Geral da União chegou a alertar Bolsonaro que a compra de medicamentos para tratar a Covid-19 sem comprovação científica, como a cloroquina, implicaria em improbidade administrativa.
Sobre a discordância entre ele e Bolsonaro a respeito do isolamento social, Mandetta contou ter enviado uma carta ao presidente em 28 de março de 2020, com alertas sobre o avanço da pandemia no Brasil. No documento, o ex-ministro recomendou que a Presidência da República mudasse seu posicionamento para acompanhar as recomendações do Ministério da Saúde, “uma vez que a adoção de medidas em sentido contrário poderá gerar colapso do sistema de saúde e gravíssimas consequências à saúde da população".
O ex-deputado federal do DEM também incluiu em seu depoimento relatos sobre a família e o entorno do presidente. De acordo com o ex-ministro, o vereador Carlos Bolsonaro era figura carimbada em reuniões do Ministério da Saúde e se dedicava a fazer anotações, embora não houvesse nada que justificasse a sua presença. O deputado Eduardo Bolsonaro, por sua vez, teria agido para comprometer as relações entre Brasil e China. "Eu tinha dificuldades, por exemplo, nas relações com a China. Eu tinha um Ministério de Relações Exteriores que eu precisava muito porque eu era dependente de insumos que estavam na China, insumos que eu tinha que trazer para dentro do Brasil. Então, era mais do que necessário que nós tivéssemos um bom diálogo com a China. Tinha dificuldade com o ministro de Relações Exteriores. O outro filho do presidente que é deputado, o Eduardo, tinha rotas de colisão com a China, através do Twitter".
Não bastasse às menções aos filhos 02 e 03 do presidente, Mandetta ainda lançou luz sobre a ação do governo na tentativa de se blindar na CPI, mencionando o nome do ministro das Comunicações, Fábio Faria. Ao responder Ciro Nogueira sobre a orientação para que pacientes ficassem em casa e só procurassem hospitais em caso de agravamento da doença, o ex-ministro revelou que, na véspera, havia recebido a mesma pergunta por WhatsApp do ministro das Comunicações, Fábio Faria. Segundo Mandetta, percebendo o erro, Faria rapidamente apagou a mensagem. A artilharia foi montada.
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Comentários (10)
SONIA
2021-05-05 16:36:16Tadinho do Mandetta. Queria ver ser entrevistado pelo jornalista da BBC, que depois de ouvir Dória dizer horrores do presidente, mandou: o Sr., pelo q conta, pretende se candidatar ao cargo e concorrer co. ele. Muito bom!
Lourival
2021-05-05 15:28:20Quem viu todo depoimento, sendo minimamente imparcial, sabe que foi uma patuscada, coisa de panfletagem, que confrontada com os fatos e mesmo pronunciamentos, atos de ofício assinados, entrevistas e postagens nas redes sociais, Mandetta é desnudado pelo próprio Mandetta. Cru$oé publicou que Mandetta era indicação ruim para a Saúde, mas agora, a mesma Cru$oé faz campanha extemporânea em favor do Mandetta. Certa$ mudança$ tão radicai$ têm lá $ua$ motivaçõe$
Jaime
2021-05-05 13:06:40Também poderiam escrever: " Depoimento de Mandetta traça caminho rumo à Presidência". Daria no mesmo. É curioso como a imprensa parece ter esquecido os mortos E, agora, só falam na CPI. Impressionante MESMO.
mauricio
2021-05-05 12:02:03trata-se de ministro oportunista politico , que depois cospiu no prato que comeu. Envolvido em falcatruas na area de planos de saúde. Durante pandemia, fez shows diarios e não tinha tempo para trabalhar. Um fracasso.
MARCIO
2021-05-05 11:02:02Não é novidade, mas os comentários aqui comprovam que a petezada assumiu o controle da ilha do jornalismo. Só não entendi porque ainda não entregaram a direção desse jornaleco ao Reinaldo Azevedo. Uma grande injustiça.
Oswaldo
2021-05-05 09:50:54Pazzuelo, o estafeta, terá o seu dia "D" e hora "H"
Onofre
2021-05-05 09:19:45O objetivo final e adequadamente planejado para a CPI é o IMPEACHMENT do Presidente, obviamente. Para os senadores, nada importa as 400 ou 450 mil mortes. O importante é o impeachment e ter logo o General Mourão no governo. Com Mantreta já abriram mais caminhos. Vamos lá, firme aí. Nada de reformas, nada de orçamento, nada de acabar com supersalários, nem acabar com Foro Privilegiado, nem a volta da Prisão para condenados em segunda instância. Nada, nada. Só o impeachment importa p eles.
Sônia
2021-05-05 09:14:26SE OS INTEGRANTES FOREM ÉTICOS E CORRETOS SIM ,já deu para ver a postura para tumultuar do GIRAO ,e do Nogueira ,que só apoia por 💰💰
Natalia
2021-05-05 09:06:55O PR finge que governa e seus filhos monitoram ministros com potencial para possível adversário, a fim de destituí-los caso sejam "protagonistas". Foi assim com Mandetta, com Moro e com todos os outros. Ao final não temos mais um governo e seus ministros, mas Bolsonaro e seus capachos, para prejuízo do Brasil! Só na republiqueta das bananas um participante não convocado, que não faz parte do governo, participa de reuniões de Ministério e fica fazendo anotações no bloquinho. Coisa de mafioso...
LUCIMARY
2021-05-05 08:30:20Bolsonaro precisa ser apeado do poder AGORA...pelo que vi no dia primeiro de maio, o gado é grande e pode reeleger essa coisa.