Argentina retoma discurso nacionalista pelas Malvinas
O governo de Alberto Fernández (foto) e da vice-presidente Cristina Kirchner ordenou a reimpressão dos mapas do país, que em breve passarão a ser usados nas escolas. No novo desenho — que na Argentina só pode ser impresso com autorização oficial —, a Antártida, onde os argentinos acreditam ter direito a um território, será retratada...
O governo de Alberto Fernández (foto) e da vice-presidente Cristina Kirchner ordenou a reimpressão dos mapas do país, que em breve passarão a ser usados nas escolas. No novo desenho — que na Argentina só pode ser impresso com autorização oficial —, a Antártida, onde os argentinos acreditam ter direito a um território, será retratada com outra escala, para parecer maior na imagem. O mapa agora é chamado de "bicontinental", por englobar a América e a Antártida. Os argentinos também ampliaram a fatia da plataforma continental oceânica. Somando o que se ganhou no gelo e no mar, o território do país foi expandido em 1,7 milhão de quilômetros quadrados — uma área maior que a do estado do Amazonas.
A nova geografia é o resultado de leis aprovadas no meio do ano. Com a chancela dos parlamentares, criou-se um Conselho Nacional Assessor de Políticas sobre as Malvinas. O governo também prometeu impor sanções a quem praticar pesca ilegal em águas argentinas, que agora abrangem uma área muito maior e inclui ilhas como as Malvinas (ou Falklands, para os britânicos).
Mas a chance de os argentinos colocarem em prática esse último item é pequena. Os kelpers, habitantes das Ilhas Malvinas, praticam a pesca na área marítima em que os argentinos consideram ser deles. Mas as Forças Armadas comandadas por Buenos Aires não conseguem prevalecer militarmente no entorno do arquipélago. Nas Malvinas, há uma base militar britânica dotada de caças supersônicos Typhoon, que não encontram paralelo na frota argentina.
A nova política de Alberto Fernández retoma o tom nacionalista dos governos de Néstor e Cristina Kirchner. Entre 2003 e 2015, o contato com o Reino Unido foi nulo. Depois, com a posse de Mauricio Macri, os argentinos voltaram a conversar com o governo em Londres. Em 2018, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, chegou a visitar Buenos Aires.
No final do ano passado, um voo semanal de São Paulo, pela companhia Latam, teve autorização para ir às Ilhas Malvinas. Para os que faziam a oposição a Mauricio Macri, o voo de São Paulo foi um ato de traição do Brasil. É essa turma que agora está despachando da Casa Rosada. "O atual governo resolveu retomar o tema da soberania das ilhas porque sabe que isso reverbera bem na cultura popular argentina", diz o cientista político argentino Alejandro Corbacho, da Universidade do Centro de Estudos Macroeconômicos da Argentina (Ucema).
"Além disso, a tática de criar um inimigo externo para desviar a atenção continua funcionando, ainda que cada vez menos", prossegue Corbacho. Com a pandemia de Covid, metade da população passou a ser considerada dentro da linha da pobreza. O desemprego está em 13% e pode chegar a 20% no ano que vem.
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Comentários (10)
JOAO
2020-10-12 16:44:18A Argentina sempre busca fugir dos seus problemas e caçar encrencas. As Ilhas Falklands são dos Ingleses ! Acho que os Argentinos se esqueceram da guerra santa travada em 1982! É melhor procurar a paz e deixar como Ilhas Falklands!
Mauricio
2020-10-12 08:48:28Coisas da América Latrina
PAULO
2020-10-12 01:38:08Será que essa é a hora correta de iniciar tal discussão ?
Antonio
2020-10-11 19:40:59A esquerda é uma desgraça em qualquer lugar do planeta.
Maria
2020-10-11 16:39:09Vai levar mais uma ferrada!!!
ADONIS
2020-10-11 14:49:07O tango se dança assim. Um passo à frente e dois para trás.
Edmilson
2020-10-11 11:52:56O Estado do Amazonas tem 1,5 milhão de km². O redator trocou km por metros.
Rodrigo
2020-10-11 11:46:30Os argentinos criaram um mostro dentro de casa! agora estão sendo devorados! que pena!
Vasconcellos
2020-10-11 10:20:05Criar vilões é uma das mais velhas táticas dos populistas para desviar as atenções dos problemas importantes. Agora, só uma correção, Duda: a área "incorporada" pela Argentina é de 1,7 milhões de QUILÔMETROS quadrados (e não metros quadrados).
Marco
2020-10-11 09:56:55🤮, tem que tomar outra cossa dos ingleses, demorou