Foto: Paul R. Burley via Wikimedia Commons

Segunda chance para o Pelourinho

Operação com drones e câmeras de vigilância tenta reverter onda de roubos e furtos no Centro Histórico de Salvador neste ano
08.06.23

As ladeiras históricas do Pelourinho, um dos cartões-postais mais famosos do país, guardam quase 475 anos da nossa história, que passam por revoltas populares, da chegada de povos de diversas nações africanas, da mistura com europeus ou mesmo de marcos da cultura mundial — Michael Jackson subiu aquelas ladeiras em 1996, enquanto Paul Simon as desceu seis anos antes com o Olodum.

A região do Centro Histórico de Salvador, no entanto, sofreu neste ano um pico no número de roubos e furtos: entre janeiro e abril deste ano, foram 181 ocorrências no local, incluindo tentativas de extorsão, roubos, agressões, pequenos furtos e mesmo casos mais graves, como roubos de equipamentos em teatros da região

O alto número de casos tirou o brilho do local: parte do comércio na região fechou as portas por causa da violência e uma sensação de insegurança paira igualmente sob brasileiros e estrangeiros.

No fim de abril, dois turistas romenos foram agredidos por assaltantes na região. O crime mostrou que a petulância dos criminosos chegou a um extremo, já que a abordagem violenta ocorreu a menos de 150 metros de uma delegacia de polícia.

Os furtos na área, que eram em cerca de dez ou 12 por dia, ainda são comandados por grupos de adolescentes infratores. Nada novo, já que a cena lembra aquelas descritas por Jorge Amado em seu “Capitães de Areia”, de 1937.

As correntinhas de ouro, comuns entre turistas, são itens visados. “Os guias sempre recomendam que se tome mais atenção a isso”, diz Regula Strommer, uma suíça que há 28 anos mora na capital baiana e que tem uma agência turística. Nos últimos anos, ela explica, uma nova forma de extorsão na região entrou em moda na região: pintar desenhos coloridos nos braços dos turistas despretensiosamente, para depois cobrar um valor extorsivo pelo serviço, muitas vezes sob ameaça de agressão.

“O Centro Histórico sempre foi muito policiado, mas a legislação é muito frouxa com grupos de adolescentes infratores”, diz José Iglesias, que possui um bar e uma pousada na região, além de comandar a associação de comerciantes locais. “São, em parte, furtos de pequenos valores.”

Iglesias, como é conhecido localmente, apareceu em matérias na imprensa local em abril, falando com certo desalento da região. Menos de dois meses depois, ele é um dos que dá o braço a torcer e acredita que algumas medidas positivas já estão saindo do papel: “Essa onda de violência é parte do passado”, ele diz.

A mudança estaria na “Operação Pelô Forte 2023”, lançada pelo governo da Bahia no final de maio. Um aporte de 12 milhões de reais garantirá, diz o governo estadual à reportagem, a operação de drones, viaturas novas e uma central de monitoramento por câmeras. Os roubos na região recuaram 48% em maio, na comparação com abril, caindo de 39 para 20 ocorrências.

A prefeitura de Salvador tomou outra ação relevante: no fim de abril, a diretoria responsável pela Guarda Civil Metropolitana para a área foi instalada na região. O chefe da operação foi trocado e 100 guardas foram colocados exclusivamente ali. Questionadas, a Polícia Civil e a GCM indicaram ter profissionais com inglês básico para atender aos turistas.

Regula e Iglesias, sócios na agência de turismo, ainda consideram que o centro da primeira capital do Brasil tem seus riscos: casarões abandonados, consumo de drogas e locais em que, de fato, turistas não devem se arriscar — “mas é assim em qualquer cidade da Europa”, diz a suíça Regula.

“Há boa vontade para que o centro de Salvador seja, novamente, a cereja do bolo”, arrisca Iglesias.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
  1. VERGONHA, VERGONHA, VERGONHA, NOJO, REPULSA E REVOLTA!!!! A criminalidade, a marginalidade, a roubalheira, a imoralidade e a desonra generalizadas: são esses os legados de degradação ilimitada que essa ladralha geral ha 2 décadas deixa ao POVO DO BRASIL, deteriorando totalmente a escala de valores da decência, da dignidade, da legalidade e da civilidade!!!!

    1. A horda de marginais saqueia os cofres públicos, saqueia cargas de veículos acidentados a ponto de pisotearem o cadáver de um motorista morto para alcançarem as cargas!!!! É o país mergulhado no mais profundo e abjeto FUNDO DO POÇO!!!!

    1. O senhor é um exemplo vivo do brasileiro culto e extremamente ignorante.

  2. A Suíça mente, não é assim em qualquer cidade da Europa, especialmente nos contatos urbanos de cidades turísticas. No país dela mesmo não há violência urbana. Quanto ao Brasil, nenhuma estratégia de segurança pública jamais dará certo sem reforma das nossas leis penais. Neste momento temos uma polícia que prende e uma justiça que solta num círculo infernal.

Mais notícias
Assine agora
TOPO