Duda Teixeira/Crusoé"Olavo de Carvalho terminou a vida dizendo que foi utilizado e descartado. É mais um exemplo da minha coleção"

‘As ideias não governam o mundo’

O economista Eduardo Giannetti compara a liberdade bolsonarista com a petista e afirma que intelectuais sempre acabam sendo usados pelos governos de turno
07.10.22

Por trinta anos, o economista e cientista social Eduardo Giannetti da Fonseca deu aulas na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, na Faculdade de Economia e Administração da USP e no Insper. Hoje, aos 65 anos e morando em São Paulo, ele escreve um novo livro e viaja o Brasil dando palestras. Também se dedica às atividades na Academia Brasileira de Letras, da qual se tornou membro em agosto deste ano.

Entre suas obras se destacam Autoengano, Felicidade, O valor do amanhã e Trópicos utópicos. Em seu último livro, O anel de Giges, ele discute a ética individual. Em uma fábula que aparece no livro República, de Platão, o personagem Giges descobre que fica invisível ao girar um anel no dedo. Sem se preocupar com regras ou com sua reputação, ele seduz a rainha, mata o rei e assume o trono.

Em entrevista a Crusoé, Giannetti compara o poder do anel de Giges com o foro privilegiado dos políticos, explica as diferenças entre o conceito de liberdade bolsonarista e o petista, diz que os intelectuais são sempre usados pelos governos e critica a política educacional do governo de Dilma Rousseff.

 

Os brasileiros elegeram, no dia 2 de outubro, centenas de políticos, que em breve terão foro privilegiado. É como se eles ganhassem o anel de Giges, com o qual poderão fazer o que bem entenderem?
Eu não iria tão longe. Mas há uma fantasia bastante difundida no Brasil de que um cargo eletivo confere ao seu detentor um grau de ascendência e de imunidade a certas transgressões. A ideia é a de que os políticos, uma vez eleitos, apropriam-se do poder e então podem desfrutá-lo. Ganham regalias e privilégios, os quais não estão disponíveis para as pessoas comuns. A palavra “privilégio” nesse ponto é elucidativa. O termo une algo privado, particular, e legislação — uma lei que não vale para todos. Enfim, quem tem foro privilegiado está submetido a uma lei diferente. Essa é uma característica do Antigo Regime. Na França, os aristocratas viviam como se a lei do populacho não lhes dissesse respeito. Foi preciso que uma revolução acontecesse para instaurar o princípio da igualdade perante a lei, algo que ainda está longe de existir no Brasil. Nosso país, já na época da República Velha, tinha um lema consagrado: “Para os amigos, tudo. Para os inimigos, a lei”.

O que move os políticos? É a vontade de poder fazer o que quiser? De desfrutar o poder?
Falar de motivação é pisar em um terreno escorregadio. Não sabemos o que passa na cabeça dos outros, nem na de nós mesmos. Mas é incontornável que ganhar um cargo eletivo no Brasil confere uma situação de ascendência, e creio que isso seja altamente motivador para muita gente. Um filósofo francês, Nicolas Malebranche, disse que o desejo mais ardente do ser humano é ocupar um lugar de honra na mente dos seus semelhantes. Isso se dá de diferentes maneiras: pela fama, pelo dinheiro, pelo poder. Em qualquer sociedade, há uma competição social por esses lugares de honra. Basta ver que, quando aparece um bilionário ou alguém poderoso em um lugar, fica todo mundo embasbacado, querendo falar com eles. Esse comportamento tem raízes muito profundas na psique humana.

Lula e Bolsonaro, ao disputar o segundo turno, estão competindo para ganhar um lugar de honra na mente dos semelhantes? Ou eles querem um anel de Giges, para fazer o que quiserem?
As duas coisas andam juntas. Não acho que eles queiram sair por aí fazendo tudo com impunidade. Mas acredito que eles queiram gozar de um certo privilégio, para poder favorecer os seus grupos políticos. Também querem fazer as coisas que consideram certas. Não descarto que existam motivações genuínas. É certo ainda que ambos têm gana de poder. Aliás, quem não tem essa vontade, nem sequer entra na política. Algumas pessoas têm esse sentimento em um grau assombroso. Elas querem exercer poder sobre o Orçamento, sobre pessoas, sobre exércitos, sobre burocracias. Não é um sentimento distribuído uniformemente pela população.

Falando em motivações genuínas, Bolsonaro fala muito em liberdade. O que é a liberdade para os bolsonaristas?
Eles defendem principalmente a liberdade negativa. Esse conceito foi formulado pelo filósofo Isaiah Berlin, e implica a ausência de restrições. A liberdade positiva, por outro lado, significa ter capacidade para fazer algo, o tal empoderamento. De que adianta uma pessoa ser livre para ler Machado de Assis se ela é analfabeta? Ninguém a está proibindo de fazer isso, mas se esse indivíduo não tiver liberdade positiva que permita a ele ler e apreciar, isso não significa absolutamente nada. Não dá para dizer para um morador de rua que ele é livre para ir ao melhor restaurante da cidade. Ele certamente o é, mas não poderá exercer essa liberdade.

Duda Teixeira/CrusoéDuda Teixeira/Crusoé“O PT olha mais para a liberdade positiva, o bolsonarismo para a negativa”
Cuba fornece o exemplo oposto, não? Na ilha comunista, todos são alfabetizados, mas não podem ler os livros que querem.
Sim. Em Cuba, falta liberdade negativa. Eu quero as duas liberdades. Gostaria de viver em um mundo em que as pessoas tenham poucas restrições, mas que também tenham empoderamento para exercer as suas escolhas. Do contrário, estamos falando de uma liberdade vazia.

Dá para comparar a ética petista com a bolsonarista?
A palavra ética é muito carregada. Prefiro falar em valores. O PT olha mais para a liberdade positiva, o bolsonarismo para a negativa. E, olhando criticamente para o petismo, vale falar do que foi feito com o ensino universitário no governo de Dilma Rousseff. Aquilo só pode ser chamado de ensino superior no Brasil. São escolas completamente despreparadas e incapazes de entregar o que se esperaria em termos de formação. Ocorreu uma expansão descontrolada da rede de ensino superior particular, sem nenhum controle de qualidade. Com isso, tivemos uma inflação de credenciais educacionais sem lastro.

Como assim?
Nossos alunos só terminam nominalmente o ensino fundamental, porque não adquirem as capacidades, habilidades e conhecimentos correspondentes. E muitos fazem o ensino médio e até a faculdade como analfabetos funcionais. Não há uma correspondência genuína que justifique esses graus educacionais.

Houve uma falha em prover essa liberdade positiva no governo Dilma?
Sim. Além do mais, trata-se de uma fraude. Muitas famílias humildes gastaram o dinheiro que não tinham para pagar uma faculdade a esses jovens, mas essas instituições muitas vezes não entregaram o que se esperava delas. Esses jovens, então, foram enganados. Com o diploma em mãos, eles não conseguem emprego, porque não adquiriram as competências e as qualificações necessárias.

O sr. defendeu uma tese de doutorado sobre o papel dos intelectuais na política. Como é a relação deles com os governos?
Ao contrário do que alega a quase totalidade dos intelectuais, argumento na minha tese que as ideias não governam o mundo. Elas vêm, quase sempre, a reboque. São usadas apenas como um verniz legitimador para projetos de poder. Há muitos exemplos disso ao longo da história política e da filosofia. Essa ilusão começou lá atrás, com Platão. A certa altura, ele acreditou que poderia se tornar o guru do Dionísio II, o tirano de Siracusa, na ilha da Sicília. O filósofo grego ficou tão entusiasmado que foi até lá aconselhá-lo a implantar um modelo ideal de monarquia. Ninguém sabe muito bem o que aconteceu, mas a coisa deu tão errado que Platão se tornou escravo. Seus amigos de Atenas tiveram que comprá-lo de volta. Essa ilusão do intelectual de que ele vai fazer a cabeça do governante é profundamente equivocada. Outro exemplo é o do economista americano Milton Friedman. Após assumir a Casa Branca, o republicano Richard Nixon prometeu seguir o monetarismo da Escola de Chicago. A coisa desandou de tal maneira que Friedman declarou: “Se isso é monetarismo, então eu não sou monetarista”. Não acredito em governantes que se escondem atrás de grandes filosofias ou ideologias. Na verdade, eles usam o pensamento de terceiros para dar uma legitimidade aos seus projetos.

O sr. citou o Milton Friedman, que tal falar do Olavo de Carvalho e da sua relação com o presidente Jair Bolsonaro?
Olavo de Carvalho terminou a vida dizendo que foi utilizado e descartado. É mais um exemplo dessa minha coleção. Os intelectuais sempre acham que podem governar o mundo com suas ideias. Isso vai do marxismo ao neoliberalismo austríaco. Mas são os políticos que usam os intelectuais.

Fernando Henrique Cardoso é uma exceção? Trata-se de um intelectual que governou o Brasil.
É um caso muito curioso esse. Gosto muito daquela frase dele: “Esqueçam o que eu escrevi” (risadas). O poder das ideias é residual. A gente não pode fantasiar demais. E nem acho que seria saudável o exercício dessa pretensão, de submeter o governo a um ideário muito rígido, muito exigente, formulado por um estudioso em seu gabinete.

O perfil de Fernando Henrique é muito diferente do de Jair Bolsonaro?
Bolsonaro não tem qualquer apreço pelo conhecimento, pela cultura, pela educação. Ele se orgulha da ignorância. Há um ressentimento contra o mundo intelectual, o que que em grande parte eu considero compreensível. Foi negada a uma grande parcela da sociedade brasileira a oportunidade de ter uma boa formação. Mas penso que esse ressentimento poderia se expressar de outra maneira. Em vez de querermos nos vingar e afirmar por meio da ignorância, poderíamos tentar corrigir essa deficiência. 

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  1. Uma idéia que espero vingar antes dos próximos debates dos candidatos à Presidência da República e dos candidatos a Governadores dos Estados: Apresentarem um Plano de Governo, assinando suas propostas como compromisso e lutando para implantá-los de fato, com honestidade. Não podemos aceitar, nesta altura, afirmações e propostas genéricas e impossíveis de serem cumpridas.

  2. Sr. Giannetti, sua afirmação pode estar certa estatísticamente. Mas existem as exceções e estas fazem a diferença! Exemplo de um país onde muitas idéias deram certo: América do Norte. Outro exemplo de um país onde a falta de idéias ou, onde a maior parte das idéias deram errado: Brasil! Triste! Mas se depois desta eleição o regime ditatorial não for implantado, teremos chance e esperança de eleger gente com boas idéias! Mas isso precisa ser trabalhado imediatamente.

  3. Boa entrevista! Apesar de algumas perguntas soarem medíocres (como a 3ª!). Entretanto, E. Giannetti é um ser humano que vale muito ouvir suas ideias. Sou um apreciador de seus livros, sendo que o último, Anel de Giges, não sai da minha cabeceira até hoje. Mas há algo tão importante nessa entrevista quanto seu conteúdo: a elegância do entrevistado em propagar suas opiniões.

  4. Análise lúcida e original, vai além dos vieses de ideologia política e econômica (direita-esquerda, socialismo-liberalismo, etc.) que se tornaram clichê nesse tipo de discussão.

  5. Não podemos tolerar mais privilégios, fôro privilegiado e outras regalias tais como cartão d crédito corporativo, motorista, carros, jatinhos, auxílios, lagostas, vinhos com premiações, etc. Precisamos de funcionários honrados e que deêm exemplos de retidão, moral, caráter, ética para a população e q mostrem isso p/ nosso povo. Precisamos de 1 nova Constituição. Precisamos exigir compromissos e planos d governo a serem apresentados nos próximos debates! Por q temos q escolher entre os 2 piores?

  6. O entrevistado se enganou, a última fala refere-se ao lularápio, que tem orgulho da própria ignorância e que diz que ler dá sono

    1. Os dois são ignorantes, mas o Lula é mais esperto e sabe atrair intelectuais para seu lado.

  7. Como é bom ouvir o Giannetti! Ele não se interessaria em escrever periodicamente para a Crusoé? Seria muito bem-vindo! Ainda mais com os desfalques da saída do Mario e do Diogo.

  8. Maravilhoso! A análise do projeto equivocado de Dilma é perfeita! E a abordagem sobre o ostensivo desprezo de Bolsonaro - e também Lula! - à respeito da Cultura e Informação está, infelizmente, a meu ver, correta. Deveriam superar seus complexos de inferioridade e pensar no bem maior! A perseguição de Bolsonaro às Artes e artistas é uma insanidade e completamente prejudicial à nação. Seus vários ministros da Educação e Cultura foram e são um desastre!

  9. As ideias nunca governam o mundo. Muito bem. Mas a ignorância pode desgovernar tudo. Tanto pelo Lularápio quanto pelo Demolidor, certo?

    1. Joelson, da’ licença? Fui PSDBista como poucos. Acreditava, mesmo, numa hegemonia política de longo tempo. A perda da liderança indiscutivel de Mário Covas liberou o ego imensuravel de FHC e a aprovação da reeleição foi a porta de entrada ao centrao e aa corrupcao (sem duvida o broto do mensalão surgiu aí). A Lava Jato foi atropelada, sobretudo por Gilmar Mendes, pois ia chegar ai.

    2. Uma exceção: FHC foi o intelectual e estadista que brilhou na redenção econômica brasileira e moralidade da administração pública.

  10. Pela primeira vez, não consegui entender uma entrevista que Duda trouxe. Só entendi a parte referente à Educação, isso sem desmerecer o Sr. Giannetti, nem Duda, a quem sempre aplaudi. Tentarei entender: Mensalão, Petrolão,etc. são exemplos de liberdade positiva? Cuba é ou não é? Só quero aprender...

    1. Boa essa dona Alba. Também não entendi a liberdade positiva do PT. Será que é o que andam falando pelas alcovas?

    1. Excelente a entrevista, o anel de Giges me dá o foro privilegiado sim, mas aí entra ou deveria entrar a ética. Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém. Enquanto o egoísmo pairar na humanidade...ela não avançará.

  11. NÃO EXISTE HONRA NA POLÍTICA. A sensação de poder é a droga dos políticos. O poder e a cocaína agem na mesma rede de recompensa do cérebro. Então o viciado em poder, assim como o viciado em cocaína, quer sempre mais e mais poder. Quando o poder da política se une ao poder da religião, instaura-se o caos. POR ISSO EU VOTO LULA 13. Para fugir do caos que se avizinha.

  12. Na minha visão,este é um dos seres pensantes mais inteligentes que acompanho; acho leve, muito articulado,tem um ótimo senso de humor e escreve sobre a política,a economia,a filosofia,de forma tão leve que parece um romance,onde cada página é mais esperada que a outra,eu diria até que é um poeta ,mais que um escritor! parabéns!

  13. É irritante e desconcertante como a mudança editorial da Crusoé denuncia uma autêntica sem-vergonhice. Até uma simples entrevista com um renomado economista, induz sua parcialidade ao pedir ao entrevistado uma comparação intelectual entre Fernando Henrique Cardoso e Jair Bolsonaro. E por que não pediu também uma comparação entre FhC e Lula? Nenhum dos 3 prestam.

    1. A cada dia, cada edição, faz mais sentido a saída de Diogo e Mário. Lamentável.

  14. Tem um livro antigo, chamado Das Penas e dos Delitos. O autor, SMS, deve ser Cesare Bonesagna, um italiano que se refugiou na França para poder publicar seu livro e não ser preso. Todo crime, tem uma pena correspondente, independente, para todos, sem exceção.

  15. Em suma, não é a teoria específica do intelectual A ou B que governa o mundo, mas é o "espírito da época" que governa - e governa, MESMO. E este "espírito da época" é formado pela síntese dos pensamentos, idéias e princípios mais influentes - que provêem principalmente dos intelectuais, mas também de outras fontes (como religiões, por ex.). Gianetti, neste ponto, está profundamente errado, ao meu ver. Jamais despreze o poder das idéias - principalmente das MÁS idéias.

  16. Eu só discordo quando ele diz que as idéias não governam o mundo. Está profundamente equivocado. Não se trata de seguir à risca, "ao pé da letra" toda a obra de um ou outro intelectual. Mas é fato sim, que um determinado movimento intelectual - como o marxismo por ex., criou toda uma forma de pensamento que moldou gerações - e continua influenciando as pessoas até hoje. E está no "background" do pensamento de muitos políticos, sim. Gianetti deveria ler Thomas Sowell.

  17. Gosto de GIANETTI porque ele sabe refletir numa linguagem acessível para qualquer um. Neste momento seus pensamentos foram valiosíssimos sobre a educação das universidades que pipocaram pelo BRASIL. Não serviram para melhorar o nível educacional. Só entregaram "DIPLOMAS" que não servem para nada na hora de conquistar um bom emprego.

    1. As facurdade privada dão diproma, mai num resorve os nosso pobrema!

    2. lotando de “gratidão” os cofres do luloptismo e filiados pelo gesto de agradecimento da sempre mamadora elite empresarial, secção educacional. Claro direto da CEF direto aos cofres da mantenedora, o empréstimo pendurado do estudante sonhador com o diploma. Bom o diploma… e agora?

    3. Sim Marcia, considero a abordagem sobre as Universidades o ponto alto de sua análise. Faltou uma pimenta malageta sobre a imensa perda de influência cultural e social da Universidade Pública tomada de assalto, literalmente, pelo luloptismo- “esquerdismo” preguiçoso, portanto improdutivo, com cultura de gibi e imensamente bloqueador de ideias. Com o bolsafamilia, aas avessas (o tal fies), infringiram uma dívida ao impagável ao estudante,em início de carreira e enriqueceram os Mares Guia da vida,

  18. Ouvir e ler Giannetti da Fonseca é saciar a sede num oásis. Está impraticável viver nesse deserto de falta ideias, impunidade, ignorância e descaso com a ciência.

    1. Gianetti mantém-se fiel a seu ideário. isto é maravilhoso neste mar de lama e obscurantismo em que vivemos.

  19. Concluo que o PT propõe uma "liberdade positiva" de forma fraudulenta. E o Bolsonarismo propõe uma "liberdade negativa" da qual não tem a mínima idéia do que seja tal a confusão de ideias desconexas em seu ideário. Triste situação!

  20. Neste Século XXI , IDÉIAS e IDEAIS, continuam super bem- vindos, MAS com ressalvas. A atualização ilimitada e infinita em sua aplicação tem que estar acoplada a qqr projeto.

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