ReproduçãoCalendário da Bolsonaro Store: loja criada pelo filho Eduardo

Negócios patriotas

Abertura de empresa para exploração de grafeno é mais um empreendimento do clã Bolsonaro que mescla política e lucro
19.07.24

Ao longo de toda a sua trajetória, a família Bolsonaro sempre colocou um pé na política e outro nos negócios. É o espírito empreendedor do clã. E as tentativas não foram poucas: lojas de chocolates, empresas de eventos, licenciamento de produtos, palestras e venda de bugigangas.

O mais novo negócio do clã foi revelado nesta semana por O Antagonista. Trata-se de uma companhia para venda e exploração de grafeno – material alardeado aos quatro ventos por Jair Bolsonaro que, com o nióbio, poderia revolucionar a indústria bélica e a geração de energia no mundo.

A Bravo Grafeno tem capital social de 100 mil reais e foi registrada na Junta Comercial do Distrito Federal em 11 de junho deste ano. Além de Jair e Flávio, aparecem como sócios na empreitada o assessor parlamentar de Flávio no Senado, Fernando Nascimento Pessoa, o ex-candidato à deputado distrital pelo Podemos, Pedro Leite, e o empresário gaúcho e entusiasta armamentista Maichel Chiste.

Pela constituição acionária, Flávio é o sócio majoritário com 30% das ações. Jair e Maichel detém 20% das ações cada. Fernando e Pedro Leite são donos de 15% das ações cada. Apesar de Pedro ser o sócio minoritário do empreendimento, é ele quem vai administrar o negócio, segundo o contrato social.

Mas chama a atenção o aspecto, até o momento, improvisado da nova companhia. Ela está sediada em uma sala de coworking na cidade administrativa de Águas Claras, ao lado do Taguatinga Shopping. Nem Jair, nem Flávio, pisaram no local até hoje, conforme apurou Crusoé. Ou seja: eles registraram o nome, colocaram um endereço para constar e pronto. Agora é esperar que o negócio deslanche por algum acontecimento do destino.

Flávio Bolsonaro afirmou que a decisão de criar a empresa “foi motivada pela convicção de que o grafeno representa uma revolução tecnológica, com grande potencial em vários segmentos”.

Jair Bolsonaro é uma espécie de embaixador do grafeno, pois foi pioneiro em dar visibilidade para os benefícios singulares desse mineral abundante no Brasil e sempre acreditou na capacidade dos pesquisadores brasileiros nesse segmento. Por acreditar no potencial do grafeno, está entusiasmado em fazer parte da empresa, o que muito nos honra”, declarou o senador por meio de nota.

De fato, Bolsonaro sempre foi um entusiasta da produção de grafeno no Brasil. Desde 2016, ele bate nessa tecla. Quase que sozinho. Como presidente, Bolsonaro instituiu uma política pública, por meio do Ministério de Ciência e Tecnologia, para a exploração do material – o Programa de Inovação em Grafeno (InovaGrafeno). Agora, o ex-presidente tenta lucrar em cima do material que ele mesmo ajudou a promover no passado.

Mas esse não é o único exemplo da simbiose entre política e negócios envolvendo o clã. Jair Renan, o “zero quatro”, entrou na mira da Justiça após ter aberto uma empresa de eventos chamada Bolsonaro Jr Eventos e Mídia. A companhia foi criada em 2020. Segundo denúncia apresentada pelo Ministério Público do Distrito Federal, o filho do ex-presidente da República teria cometido os crimes de de falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e uso de documento falso na obtenção fraudulenta de três empréstimos bancários. O valor dos três empréstimos beirou os 300 mil reais. O caso tramita na 5ª vara criminal do DF. Segundo investigações da Polícia Civil do DF, a empresa de Jair Renan chegou a ter faturamento de 4,5 milhões de reais em um ano.

Mas a confusão não para por aí. Quando Jair Bolsonaro estava na Presidência da República, o “zero quatro” foi beneficiado com a reforma de um escritório bancada pelo empresário Felipe Belmonte, antigo aliado do ex-presidente e fundador do Aliança pelo Brasil – partido que Bolsonaro queria fundar. Foi Jair Renan que tinha pedido a reforma.

Mas o fato é que, já na reta final do mandato de Jair Bolsonaro, os filhos resolveram montar empresas próprias como se previssem, no futuro, que o fato de ter comandado o país por quatro anos poderia gerar lucros em outras áreas.

O senador Flávio Bolsonaro sempre foi o que teve mais espírito empreendedor da família. Além da Bravo Grafeno, existem outras duas empresas em que o senador da República é sócio: a corretora de seguros All in one, aberta em abril de 2022, e um escritório de advocacia.

A All in One foi fundada ao lado do empresário fluminense Marcello Freire Palha, um ex-diretor da empreiteira Andrade Gutierrez, que também atua na área de aeroportos. A empresa surgiu um mês após o empresário ter deixado a direção comercial da Infracea, empresa que foi aquinhoada com cinco contratos com o governo federal durante a gestão Jair Bolsonaro. A empresa também presta consultoria na área de seguros.

Como advogado, Flávio tem seu próprio escritório de advocacia: o “Flávio Bolsonaro sociedade individual de advocacia”. A unidade funciona em uma residência no Lago Sul, na área nobre da capital federal.

Já Eduardo Bolsonaro resolveu instituir com a esposa Heloísa Wolf Bolsonaro uma empresa especializada na venda de cursos e de produtos ligados à família, a H&E Produções – negócio fundado em abril de 2022 com o nome Eduardo Bolsonaro Cursos LTDA. É a idolatria dando lucro ao clã.

Eduardo Bolsonaro é o proprietário do site Bolsonaro Store, em que se vende de tudo ligado à família: calendários, livros, cadernos, quadros, fotografias e copos térmicos estilo Stanley. O carro-chefe do site é o curso Ação Conservadora, para candidatos de direita com que têm o apoio da família. Um evento ocorrerá em São Paulo, na segunda semana de agosto, liderado por Eduardo Bolsonaro.

Além de cursos, Eduardo é presidente do Instituto Liberal Conservador, uma entidade de direito privado fundada basicamente para, na teoria, divulgar o conservadorismo no Brasil por meio de palestras e publicação de livros.

Até Carlos Bolsonaro, o Carluxo, tem o seu CNPJ. Em agosto do ano passado, ele montou a W F Advisory LTDA, empresa de design e tecnologia com capital social de 120 mil reais. A sede dela? A própria residência do clã no Condomínio Vivendas da Barra, conforme consta nos dados da Receita Federal.

A multiplicação de CNPJs em nome do clã Bolsonaro confirma que a exploração da imagem e do legado da família vai muito além de uma simples bandeira política ou de uma disputa com a esquerda. Trata-se de um modelo de negócio que traz muito lucro ao clã. E, pelo menos por enquanto, sem se envolver em polêmicas como a administração de uma loja de chocolates.

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  1. Wilson Por que não escreveu sobre a MP que beneficiou os Batista ? Não te parece mais relevante ? Ou és um soldadinho a serviços de interesses bilionários ?

    1. Quem tem poder o utiliza para ter dinheiro e vice-versa. Quem entra nesta espiral, só sai morto!

  2. Se o que tivéssemos que nos preocupar no Brasil fossem só questões como essa aí do grafeno, seríamos um país muito melhor. O cara propagandeou uma tecnologia pra trazer benefícios pro país e ninguém deu bola, depois ele criou uma empresa porque realmente acredita no produto. Boa sorte pra ele nos negócios! (mas espero não vê-lo mais na política).

  3. Quero só ver se essa empresa vai produzir, de fato, alguma coisa. Nada que venha dessa família inspira muita confiança ou seriedade. Se bobear, vai ser mais um esquema para fazer lavagem de dinheiro ou outras ilegalidades.

    1. ... algo a ver com os "negócios" do latro-moris do chiqueiro and family saídos da meLda para miliardários? produzem o que? manés sem memória ...

  4. Sim mas e daí? Ha algo ilegsl nisto? Por acaso roubou a grana de alguma estatal para compor a empresa? Insinuacões em vez de fatos? Se há mostrem-nos.

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