Lula Marques Agência Brasil

Pacheco vai mesmo desistir da política federal?

As eleições de 2026 ainda estão distantes, mas o presidente do Senado tem mencionado o desejo de encerrar a carreira; outros já desistiram de desistir
17.05.24

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), está cansado. Ao menos – e em teoria, diga-se – está cansado do novo jeito de se fazer política, cada vez mais calcado na polarização entre direita e esquerda.

No início de maio, Pacheco participou de um convescote na casa do ex-governador de São Paulo João Doria. Entre vinhos e requintes, Pacheco disse a seus colegas que já estava com o dever cumprido e que, atualmente, o poder público está carente de “homens de bom senso”, que não aceitam participar dessa dicotomia nefasta da política nacional.

Participaram do jantar políticos como o ex-presidente Michel Temer (MDB), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), o ex-governador de São Paulo Rodrigo Garcia (sem partido) e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil).

Segundo aliados de Pacheco, no entanto, por trás das falas está um temor: de que ele tenha sérias dificuldades de manter uma candidatura competitiva nos próximos anos.

Ao longo de 2023, Pacheco fez várias sinalizações, tanto para lulistas quanto para bolsonaristas, de olho em uma eventual disputa pelo governo de Minas Gerais, em 2026. Publicamente, disse que iria reservar a decisão sobre seu futuro para um “momento propício” e que mantinha o sonho de comandar o estado.

“Eu vou reservar o futuro para um momento propício, mas confesso que não tenho pretensão de ocupar novos cargos públicos, seja ministro de Estado, seja governador de Minas. Embora, obviamente, quem disser que não tenha o sonho de governar Minas sendo mineiro, está mentindo”, disse Pacheco, em entrevista a BandNews, em novembro do ano passado.

A questão é que esse é um sonho um tanto quanto distante para Pacheco. E o primeiro obstáculo está no próprio PSD, partido ao qual é filiado. O ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil lidera as principais sondagens para o governo de Minas em 2026, com um patamar superior a 40%. Pacheco, mesmo tendo o comando do Senado, hoje teria dificuldades para chegar aos dois dígitos.

No ano passado, pesquisa do instituto Doxa afirmava que nomes como o do deputado Nikolas Ferreira e do senador Carlos Viana eram mais competitivos que o do presidente do Senado. Se isso não fosse suficiente, a gestão Romeu Zema é uma das mais bem avaliadas do país. E qualquer um que subir no palanque de Zema terá uma boa vantagem na disputa pelo governo em 2026. Zema e Pacheco, no entanto, não se bicam.

Ou seja, a depender da conjuntura, Pacheco não teria espaço sequer no próprio partido.

Justamente por essa razão e para ganhar mais terreno, o presidente do Senado tentou dar um ar mais à direita ao seu comando do Senado, endossando pautas como a PEC que limita a atuação de ministros do STF,  por exemplo. Não deu seguimento, contudo, a iniciativas mais duras, como pedidos de impeachment de ministros da Corte, e ainda promoveu a PEC do Quinquênio – o texto institui um bônus automático, pago a cada cinco anos, aos funcionários de carreiras jurídicas. O adicional não entra no cálculo do teto constitucional e é mais uma benesse para agentes públicos já muito bem aquinhoados.

Segundo os próprios aliados de Pacheco, o reposicionamento foi dúbio, dificultando a conversa com o eleitor médio mineiro. Encurralado, o parlamentar teria aventando a hipótese de pendurar as chuteiras.

Mas nem tudo que se diz em jantares políticos deve ser levado ao pé da letra. Nem mesmo o que é dito publicamente.

Roseana Sarney, filha do ex-presidente do Senado José Sarney disse em 2014 que iria abandonar a política após ter sido derrotada por Flávio Dino; voltou a disputar uma eleição em 2018, foi novamente derrotada e, mais uma vez, anunciou sua aposentadoria.

Em 2022, deixou a aposentadoria de lado e disputou o mandato de deputada federal. Não foi a puxadora de votos que o MDB queria. Ela foi apenas a 11ª pessoa mais votada, com 97 mil votos. Uma realidade totalmente diferente de outrora.

Também do Maranhão, o emedebista João Alberto (MDB) – aquele que disse uma vez ter feito um governo “90% honesto” – vive um final de carreira melancólico. Após ter sido governador e senador, ele sequer foi eleito em 2020 para o cargo de vereador na cidade de Bacabal, município com 104 mil habitantes. Alberto já disse que será candidato ao cargo novamente em 2024 – mesmo com 89 anos – e que espera terminar sua carreira em Bacabal.

Às vezes a política dá sinais de que é melhor encerrar a carreira antes do declínio. Pacheco não está necessariamente cansado da política como ela é; provavelmente apenas esteja lendo os sinais que a vida lhe deu.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
  1. Cansado está a nação do Sr. Capacheco omisso, submisso e oportunista .. JÁ VAI TARDE e se falta um até logo ... ADEUS !!!

  2. O Senado e o Executivo perderam a autonomia fazem o que o STF quer. Esse argumento para o judiciário é desmoralizante

  3. CAPACHECUZÃO tem o espírito pusilânime de um tucano. Disseram antes nesses comentários que é apenas mais um alcolumbre ou um renan. Certíssimos

  4. Que vá para o inferno. Seu legado é a maldita pec do quinquênio e o dano brutal que causará ao país

  5. Se ele, que é parte da corja nojenta que assolou o país, está cansado, imagine nós que temos que aturar e sustentar esses mequetrefes?

  6. Pacheco usou muito emendas parlamentares. É um porc0 semelhante a Alcolumbre, Renan e tantos picaretas que presidiram o Senado.

  7. Ele se enterrou politicamente quando assumiu um perfil covarde diante de tantos absurdos no nosso país. A questão não é se ele desistiu e sim que os eleitores mineiros desistiram dele e ele sabe disso.

    1. Concordo plenamente com suas observações.

Mais notícias
Assine agora
TOPO