A vendedora de livros
Encontrei em um sebo a minha mãe morta. Fazia anos que eu não entrava em um sebo. Entrei por entrar, não estava à procura de livro nenhum, talvez estivesse em busca de mim mesmo, o jovem que adquiria livros em sebos, mas que foi se separando deles ao longo dos anos, juntamente com os cupins...
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Encontrei em um sebo a minha mãe morta. Fazia anos que eu não entrava em um sebo. Entrei por entrar, não estava à procura de livro nenhum, talvez estivesse em busca de mim mesmo, o jovem que adquiria livros em sebos, mas que foi se separando deles ao longo dos anos, juntamente com os cupins que os infestavam, os amigos que sumiram, as casas em que morei, os casamentos desfeitos, os namoros acabados e as grandes possibilidades que pareciam prestes a realizar-se, pelo menos para mim. Há alguns dias ouvi que não tenho timing da minha maior possibilidade de felicidade, ou ex-possibilidade, que acrescentou o defeito à extensa lista de falhas pessoais que me atribuem.
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Comentários (10)
Clarice
2022-07-14 13:31:18Parabéns Mário ! Tens uma alma fraterna que toca a gente quando se expõe ! O sebo te lembrou tua mãe e as coleções me lembraram meu pai que me fez crescer no meio de livros 📚 que custo me desfazer com objetos transacionais que são depois que ele me deixou!
José Cerqueira
2022-06-22 12:27:52Desculpe-me Mário, lágrimas escorreram do meu rosto, mas o seu texto não tem absolutamente nenhum vestígio de pieguice. Ao contrário, só encontrei pistas de um humanismo que quase sempre enxergo nos conteúdos que você assina. São de um desprendimento fascinante, que sempre se sobrepõem ao pânico que muitos que escrevem têm de ficar nú. Você venceu essa barreira.
Ana Helena Alves Correa
2022-06-19 09:25:51Como as estórias das mulheres “independentes” se parecem ! Revivi a minha ao ler seu texto, só que eu tentava vender comercias para rádio junto aos anunciantes avulsos e pequenas agências de publicidade , com 3 filhos para sustentar ! É doloroso !
Graziela Maria Picinin
2022-06-12 13:18:40Que texto lindo e emocionante!
JOSE LUIZ MANCUSI
2022-06-10 17:29:31Mas escreve bem pacas!!! Parabéns, grande Mario!!!
Rogério Carvalho Ribeiro Nogueira
2022-06-10 11:58:29Parabéns!!! Melhor texto do ano!!! Escreva por favor um livro com suas memórias!!!
Ana Vidal
2022-06-09 21:53:33Mario, que texto lindo! Meu pai tinha essas coleções na estante de casa. Foram nossa (minha e de meus irmãos) fonte de consulta para muitos trabalhos da escola. Que saudade... Linda e delicada declaração de amor à sua mãe, a melhor e mais importante vendedora de livros da sua vida... Texto comovente e timing perfeito. Grande abraço
Liliana
2022-06-09 12:46:45Quanta delicadeza nesta crônica!!! Amo ler seus textos! Quero vê-los em livro!
Angelo
2022-06-08 21:26:38Caro Mario Sabino, quem escreve uma crônica desse nível não tem direito à falsa modéstia. Já aguardo a próxima. Ou o livro.
Alba
2022-06-08 19:19:28Embora triste, o texto é belo. Apesar da perda, restam o orgulho de ter tido uma mãe assim, e uma lembrança eterna. Nem todas as pessoas podem dizer o mesmo, principalmente, hoje.