Casa BrancaTrump com Putin: a relação do presidente americano com a Rússia é ambígua

Russos na área

Com métodos aprimorados, a Rússia volta a se intrometer nas eleições americanas. Embora viva em conflito com Washington e seus aliados, Moscou quer mais quatro anos de Trump. Explicamos qual é o jogo
04.09.20

Pela terceira vez, os americanos irão às urnas sabendo que um dos ritos basilares da democracia, o debate público na campanha eleitoral, foi desvirtuado por um governo estrangeiro: a Rússia. Em 2016, os russos se reuniram com membros da campanha de Donald Trump e divulgaram e-mails roubados do comitê de campanha da democrata Hillary Clinton. Nas eleições legislativas de 2018, eles invadiram programas eleitorais e instigaram as tensões raciais. Neste ano, voltaram a mirar a democracia americana, dividindo o Partido Democrata para buscar a reeleição de Donald Trump.

Até agora, nada se mostrou capaz de conter as investidas de Moscou, que nega ter más intenções. Em 2018, o procurador especial Robert Mueller indiciou doze russos por hackear o comitê democrata de Hillary. No ano seguinte, o Departamento do Tesouro anunciou sanções contra o russo Yevgeniy Prigozhin, conhecido como o “chef” do presidente Vladimir Putin. Prigozhin é o dono da Agência de Pesquisa de Internet (IRA, na sigla em inglês), que invade sistemas de outros países e promove campanhas nas redes sociais. Empresas de tecnologia como o Facebook e o Twitter denunciam e cancelam a todo momento perfis falsos produzidos por russos. Tudo em vão. A máquina de desinformação do Kremlin nunca parou de funcionar.

O que as medidas punitivas fizeram foi levar os russos a aprimorar seus métodos. Nesta semana, o Facebook cancelou 13 perfis falsos e o Twitter, cinco contas. Eles estavam ligados a uma agência de notícias de esquerda chamada Peace Data, com 14 mil seguidores. Após uma dica do FBI, de que a empresa de Prigozhin estaria ligada à Peace Data, uma investigação foi iniciada. As empresas de tecnologia então descobriram que os russos não produzem mais, eles próprios, as mensagens, memes e matérias para desinformar a sociedade. Eles passaram a contratar jornalistas novatos, que ganham por matéria publicada. Sem cometer os erros de grafia que antes denunciavam uma operação estrangeira, esses jornalistas publicaram diversos artigos sobre costumes e cultura pop, além das questões mais sensíveis ligadas à política. A nova estratégia torna praticamente impossível identificar a mão da Rússia por trás dos conteúdos.

ReproduçãoReproduçãoOs russos estariam, de novo, interferindo na campanha presidencial americana
A campanha russa de desinformação na internet foi impulsionada após a ocupação da península da Crimeia, na Ucrânia, em 2014. Como os países ocidentais impuseram sanções pesadas contra a Rússia, o país iniciou uma guerra cibernética para dar o troco e fragilizar seus rivais. Os russos então se imiscuíram em diversos países que enfrentavam momentos de instabilidade. No Reino Unido, atuaram no Brexit. Na Espanha, ajudaram o movimento separatista da Catalunha. Nos Estados Unidos, os russos mandaram mensagens pedindo para que as pessoas levassem armas a protestos e tentaram mobilizar politicamente os imigrantes mexicanos.

Além de fragilizar democracias com as quais estão em conflito, os russos têm buscado insistentemente prejudicar o Partido Democrata. No início do ano, eles apoiaram o pré-candidato democrata Bernie Sanders, que não teria chances em um segundo turno contra Trump. Nas matérias publicadas pela Peace Data, o candidato democrata Joe Biden e sua vice, Kamala Harris, foram retratados como figuras muito à direita e ligadas ao lobby político de Washington. O objetivo era desestimular o voto dos mais jovens. Os russos também levantaram suspeitas sobre a capacidade cognitiva de Joe Biden, que está com 77 anos. O Departamento de Segurança Interna (Homeland Security) chegou até a produzir um relatório com o título “Rússia provavelmente vai explorar a saúde mental dos candidatos americanos para influenciar a eleição”.

As ações russas contra os democratas ocorrem em razão das mudanças de postura do partido em relação a Moscou nas últimas três décadas. Após a queda da União Soviética nos anos 1990, os democratas lutaram para que o país fosse integrado ao G7, criando o G8. Anos depois, o comportamento belicoso de Vladimir Putin provocou uma mudança de estratégia. Na eleição americana deste ano, Biden tem se posicionado abertamente contra a Rússia. No final de agosto, sua campanha incorporou mais de 70 especialistas em segurança nacional que trabalharam com os presidentes republicanos Ronald Reagan, George H. Bush, George W. Bush e Donald Trump. A lista inclui ex-diretores das agências de inteligência, do FBI, da CIA e do Departamento de Segurança Interna. Entre os motivos para mudar de partido, eles apontaram a conivência com Putin. “Se for eleito, Biden estará bem assessorado e buscará retomar as alianças estratégicas com os países europeus, o que reduziria a esfera de influência da Rússia”, diz Oswaldo Dehon, professor de segurança internacional no Ibmec, em Belo Horizonte. “É algo que Putin certamente não deseja.”

J. Patrick Fischer/Own WorkJ. Patrick Fischer/Own WorkBase da Otan na Alemanha: implicância de Trump com a organização agrada a Moscou
A relação de Trump com a Rússia tem sido ambígua. Na primeira metade de seu governo, quando ainda estava amedrontado pela investigação sobre conluio com os russos, o presidente americano adotou posturas mais incisivas. Em 2018, o ex-expião russo Sergei Skripal e sua filha Yulia foram envenenados em Salisburg, no Reino Unido. A substância neurotóxica usada, o Novichok, sinalizou uma ação do governo russo. Seguindo as retaliações de países europeus, os americanos expulsaram 60 diplomatas russos. O Departamento de Estado americano também impôs sanções à Rússia por violar um acordo sobre armas químicas e biológicas. Mas a pressão logo arrefeceu.

Segundo o ex-assessor de Segurança Nacional John Bolton, em seu livro The Room Where It Happened (A Sala Onde Tudo Aconteceu, em tradução livre), Trump pediu para voltar atrás nas sanções. Nesta quarta, 2, o governo da Alemanha anunciou que o opositor russo Alexei Navalny, que está em tratamento em Berlim, foi vítima do Novichok — a mesma substância que vitimou Skripal e sua filha, em 2018. Autoridades da Europa condenaram o governo russo, mas Trump ficou em silêncio. “Precisamos de uma declaração urgente do presidente Trump exigindo uma explicação completa dos russos”, cobrou John Bolton no Twitter.

Reprodução/redes sociaisReprodução/redes sociaisAlexei Navalny, o opositor de Putin envenenado: zero palavra do presidente americano sobre o assunto
Em seu livro, Bolton descreve o presidente americano como um admirador de líderes autoritários, incluindo Putin. “Trump parecia pensar que criticar políticas e ações de governos estrangeiros poderia dificultar que ele mantivesse boas relações com seus líderes”, escreveu. Como exemplo, Bolton diz que o presidente americano cancelou a publicação de uma nota anódina criticando a invasão da Georgia pela Rússia, dez anos depois de o fato ter acontecido. Os europeus notaram a ausência e reclamaram. Decisões do governo americano em política externa também têm sido bem avaliadas pelo governo russo. Uma delas é a de cortar recursos da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, cuja função é servir de anteparo à Rússia.

Outra decisão foi a de retirar soldados americanos da Síria e suspender a aliança com as milícias curdas que lutavam contra o ditador sírio Bashar Assad. A retirada deixou o campo livre para os russos, que foram os grandes responsáveis por manter Assad no poder em Damasco. Na Síria atual, os russos agem com total desenvoltura. No final de agosto, um veículo militar russo se chocou intencionalmente com um carro da coalizão internacional comandada pelos americanos. Quatro soldados ficaram feridos. O presidente, mais uma vez, preferiu se calar. “A postura de Trump de evitar qualquer confrontação com a Rússia destoa totalmente daquela empregada com a China, que tem sido alvo constante de ataques”, diz Luis Fernando Baracho, professor de direito internacional, em São Paulo. “As atitudes do presidente mostram que os russos acertaram ao apostar nele em 2016. Agora, eles querem mais quatro anos de Trump.”

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    1. Crusoé / Antagonista... não dá mais para suportar... Virou molecagem. Estão pensando que estivemos em sono profundo nos nos últimos 30 anos ??? Acham que enganando a garotada cooptada pela Esquerdalha, seguidores de Anita e Fel. Neto vão conseguir manter a narrativa do politicamente correto, progressismo, globalismo, socialismo e o escambau? Ou pior! Deixa como tava e vida segue nessa trama maquiavélica.

    2. Perfeito! isso mesmo, ficam falando, falando, e nunca saem!

  1. Esse Duda Teixeira é mais um dos BUNDÕES da Crusoé. Mais um socilista bába-ovo, lambe-botas (ass kisser) do partido democrata. Segundo ele, o Putin uma hora apoia o Sanders, outra hora apoia o Trump. Duda, vc tá igualzinho a PT que agora fala bem do Collor, do FHC, e outros. Vai chupar a sua meia, Duda.

  2. Delírio esquerdopata desse repórter. Vou cancelar minha assinatura Cansei da hipocrisia e parcialidade deste pasquim tucano. Este tipo de "reportagem" me torna nauseabundo.

  3. Nenhuma alusão ao Obamagate nesse artigo??? Como sempre a Crusoé fala somente a versão da extrema imprensa, trata o Obamagate como "teoria da conspiração" inventada por Trump. Não vejo a hora da minha assinatura da Crusoé e do Antagonista acabar!!

    1. Sabem sim, xará. Eles sabem da ajuda russa nas eleições americanas. Isso derrubaria o Trump

  4. Essa é a grande questão: Trump favorece Putin, líder de um governo hostil aos EUA. O nome disso é traição. Faltou apenas abordar as ligações financeiras entre Trump e a Rússia e a natureza teatral dos confrontos com a China. Trump é só conversa. Será que a Crusoé está acordando?

  5. O jogo geo-político está a todo vapor. É justamente isso que o gado não consegue assimilar e os que jogam o jogo contam com isso.

    1. Os burrinhos de estimação vive no mundo das ilusões OS Antas sabe plantão bem o capim que eles consomem

    1. Cancelou nada... vai continuar aqui enchendo o saco...

    2. Thiago, cancela mesmo, mas vou ficar de olho para ver se vc cancelou mesmo! Kkkkk

  6. kkkkk gados bozistas tmbm são ferrenhos defensores do aloprado dos EUA..rs.. Arrotam tanto o ódio a esquerda comunista mas defendem a permanência de quem mais ajudou as nações comunistas. E viva o retardado e idolatrado Trump!

    1. Antigamente tínhamos um encantador de burros no Brasil e hoje temos um encantador de Antas

    2. Kkk!! E vai ganhar de novo!! Chega deste amontoado de socialistas agrupados num partido que se diz Democrata mas não passa de um bando de comunistas!! Adoradores de Lucifer!!!

  7. Requentar a fraude do russiagate, baseada em um dossiê comprado pelo Partido Democrata por um ex-espião inglês que nunca pisou na Rússia está valendo, então? Mais um lixo de matéria sobre os EUA, entre ler a Crusoé e panfletos de aluguel dos Democratas como NYT e WashPo a única diferença é o idioma.

    1. Melhor acreditar na FoxNews, único veículo de imprensa americana a sustentar sua narrativa. Panfleto de Aluguel trumpista.

    2. O lixo midiático americano é o mesmo do Brasil; o partido democrata é igual à união das esquerdas brasileiras, só oportunistas; agora Cruzoé se mete a divulgar teorias conspiratórias; é fato que a lenda e o mistério atraem muito mais do que a verdade. Good luck Cruzoé, welcome to the conspiracy theories world.

    3. Comentário pertinente de Rafael. Quando se trata de EUA, o Sr Duda, tendo como fontes NYT (vendido ha muito tempo)e Washington Post ( do cubano dono da Amazon) fica completamente vendido na jogada! Lamentavel!

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