Um tênis para apoiar seu presidente americano favorito

Um dia depois de ter sido multado em 355 milhões de dólares (1,7 bilhão de reais) e ser proibido de ter a marca que leva seu sobrenome em Nova York, Donald Trump apareceu de surpresa em um encontro de colecionadores de tênis na Filadélfia. Não foi por acaso: ali, o ex-presidente anunciou o lançamento da sua própria linha de calçados — estrelado pelo sneaker dourado que ilustra a matéria, ao custo de 399 dólares (1.978 reais).

O sapato, chamado Never Surrender (“nunca se renda”), custa mais que o dobro de um Air Jordan — sapato que ele claramente se inspira — e será produzido em apenas mil unidades. “Eles são para os que vão atrás que não conhecem a palavra desistir”, argumenta o release da venda. “Esses pisantes são para os verdadeiros Patriotas.”

O acabamento dourado até no cadarço do sapato não parece a coisa mais incrível do mundo — e pode nem ser, já que um aviso no site indica que “as imagens mostradas são para propósito de ilustração e podem não ser uma representação exata do produto”.

O mesmo aviso vale para uma linha de tênis mais econômicos com o nome do virtual candidato republicano à presidência em 2024, que imita a linha Yeezy, do rapper Kanye West (199 dólares, ou 986 reais). Ou para a colônia “Victory 47”,  com o busto do republicano na tampa e que deve cheirar “a cítricos, cedro, couro e âmbar, criando uma presença de comando” (99 dólares, ou 490 reais).

Trump já associou seu nome a uma infinidade de produtos — garrafas de vodca, uma linha de bifes, até mesmo outras três fragrâncias produzidas entre 2004 e 2015. A Universidade Trump, outro de seus empreendimentos, durou cinco anos e fechou em 2010, após alunos a processarem alegando não terem aprendido nada e terem sido, em grande medida, enganados.

O ex-presidente americano segue os passos do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que desde o início do ano licenciou seu nome a uma linha de sapatos. Os produtos “originais do mito”, como o próprio site indica, são anunciados de maneira mais discreta (apenas Eduardo, o filho zero três, se deu ao trabalho de ser garoto-propaganda).

No exemplo brasileiro, o leque é mais amplo: nome do presidente e eventualmente sua assinatura estão no cabedal de botas de couro, tênis e mesmo as crocs, as populares sandálias de plástico cuja estética é no mínimo divisiva.