Trump quer militares americanos de volta ao Afeganistão
Donald Trump quer retomar a operação militar americana na base de Bagram, no Afeganistão. Talibã nega que isso possa acontecer

Donald Trump quer retomar a base aérea de Bagram, no Afeganistão. O anúncio provocou reação imediata em Kabul. O Talibã, que hoje comanda o país, rejeitou a proposta, afirmando que não permitirá presença militar estrangeira em território afegão, embora mantenha abertura para relações diplomáticas e econômicas com Washington em condições de igualdade.
A iniciativa reacendeu memórias da longa guerra iniciada por George W. Bush no país, encerrada em 2021 com a retirada apressada e muito criticada das tropas sob o governo Biden e a devolução do controle da base ao governo afegão, ainda cheia de equipamentos militares.
Bagram foi durante duas décadas o centro da operação militar dos EUA em solo afegão, concentrando logística, inteligência e missões de combate, com capacidade para receber 10 mil pessoas.
"Estamos tentando recuperar a base", anunciou Trump. "Demos (ao Talibã) de graça".
Autoridades do Talibã rejeitaram a ideia. "O Afeganistão e os Estados Unidos precisam se envolver sem que os Estados Unidos mantenham qualquer presença militar em qualquer parte do Afeganistão", postou Zakir Jalal, funcionário do Ministério das Relações Exteriores, nas redes sociais.
Para os americanos, representa a maior estrutura de apoio já instalada no Afeganistão; para os afegãos, é um lembrete da presença estrangeira que terminou em derrota política e militar para Washington.
Ao propor a retomada dessa base, Trump destacou sua localização estratégica, a apenas uma hora de voo da das instalações chinesas responsáveis pela produção de suas armas nucleares, argumentando que seria essencial para monitorar atividades militares de Pequim.
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Recuperar e operar a base exigiria enorme esforço logístico. Seriam necessários milhares de soldados, sistemas de defesa de alto custo e investimentos em infraestrutura, já que parte das instalações se deteriorou após quatro anos sem manutenção americana.
Além disso, a permanência em território hostil aumentaria os riscos de ataques insurgentes, comprometendo a tentativa de estabelecer presença duradoura.
Para o governo afegão, a simples menção a uma possível reocupação equivale a um retrocesso. O Talibã tenta consolidar legitimidade interna e busca ampliar o reconhecimento internacional, mas sempre com a narrativa de soberania como prioridade.
Aceitar receber tropas estrangeiras poderia fragilizar esse discurso nacionalista.
Do lado dos Estados Unidos, o movimento sobre retomar a base de Bagram mostraria não apenas preocupações com a segurança internacional, mas também com a disputa geopolítica com a China e a necessidade de demonstrar força em uma região estratégica.
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