Sobre Wassef no seu palco preferido
O site de uma antiga revista de circulação nacional publica nesta quinta-feira, 17, mais uma de várias entrevistas que tem feito, com regularidade incomum, com Frederick Wassef, o notório advogado próximo à família Bolsonaro. Desta vez, Wassef usa a entrevista para acusar Crusoé de publicar fake news sobre os mais de 9 milhões de reais...
O site de uma antiga revista de circulação nacional publica nesta quinta-feira, 17, mais uma de várias entrevistas que tem feito, com regularidade incomum, com Frederick Wassef, o notório advogado próximo à família Bolsonaro.
Desta vez, Wassef usa a entrevista para acusar Crusoé de publicar fake news sobre os mais de 9 milhões de reais que ele recebeu nos últimos anos do frigorífico JBS e sobre um encontro que ele teve na Procuradoria-Geral da República para tratar de interesses dos igualmente notórios irmãos Batista.
A referida revista, curiosamente, faz perguntas que abrem o palco para Wassef dizer o que quer e construir, sem contestação, narrativas que lhe convêm.
A acusação a Crusoé, sem nos citar nominalmente, nasce a partir desta pergunta: “O senhor foi à PGR falar com o subprocurador-geral José Adonis para tratar da repactuação dos acordos de delação da JBS? O senhor pediu ajuda ao presidente Jair Bolsonaro para abrir caminho para essa tratativa?”.
É, para bom entendedor, uma daquelas perguntas que levantam a bola para o entrevistado cortar. Não se diz aqui que se trata de pergunta combinada. Mas a resposta de Wassef, essa sim, é uma combinação de raciocínios mal construídos e claramente manipulados – algo que qualquer jornalista que acompanha minimamente a história saberia, ou deveria, contestar.
Disse Wassef na entrevista:
“Fui contratado pela referida empresa (a JBS) em anos anteriores, quando fui contratado e recebi meus pagamentos para atuar na defesa do meu cliente na esfera de inquéritos policiais tão somente, ninguém sonhava que Jair Bolsonaro seria presidente da República e Augusto Aras não era PGR. Portanto, são fatos do passado e que não guardam vínculos com o presidente. Na verdade, houve distorção de informações propositais, eu fui vítima de fake news de uma capa de revista que disse a mando de Bruno Basso que eu recebi 9 milhões de reais para atuar a favor da JBS e que teria participação do presidente e do PGR. O PGR foi vítima do crime de calúnia, da mesma forma o presidente Bolsonaro. Jamais o presidente me ajudou em qualquer coisa do meu trabalho, nunca ligou para a PGR, nunca pediu para que me recebessem. Em momento algum eu afirmei que fui tratado com qualquer subprocurador sobre qualquer pauta. Quem alegou isso, vamos esperar eles trazerem à baila. Não posso falar de nada sobre a minha atuação profissional. Nunca fui cuidar de nenhum assunto referente à PGR e ao meu cliente JBS. Não tive qualquer ajuda do presidente e do PGR. É uma campanha para atingir a imagem do PGR e do presidente e compete uma investigação para apurar as pessoas que estão por trás disso. São mentiras levianas e novamente usando o meu nome para atingir terceiros que nada têm a ver com a história. Estão tentando criminalizar a advocacia, trazendo histórias do passado para induzir ao erro autoridades e a opinião pública.”
Bruno Basso, para que o leitor possa se situar, é ex-marido da ex-mulher do ex-advogado dos Bolsonaro e, conforme o próprio Wassef explica na entrevista, trava com ele uma guerra pessoal. Basso não é fonte de Crusoé. Ele passa longe, aliás, das apurações feitas por nós e às quais Wassef se refere. É mais um sinal do barulhento devaneio do advogado, com a ajuda da revista que gosta de lhe dar voz, ao menos na parte que nos toca.
No mês passado, como bem sabe o nosso leitor, Crusoé revelou a existência de um relatório do Coaf que mostrava que Frederick Wassef recebeu 9 milhões da JBS. Na sequência, mas em outra frente de apuração, publicamos mais uma informação relevante: Wassef esteve na PGR no fim do ano passado para tratar da possibilidade de rescisão da delação premiada de Joesley e Wesley Batista. O encontro dele com procuradores do grupo de trabalho da Lava Jato em atuação àquela altura na Procuradoria-Geral se deu a pedido de Augusto Aras, que ao solicitar que seus subordinados o recebessem, disse que estava atendendo a um pedido do presidente Jair Bolsonaro.
São duas reportagens distintas, como bem sabe o nosso leitor. Só que Wassef, maldosamente, em atitude sórdida, mistura tudo ao dizer que houve “distorção de informações propositais, eu fui vítima de fake news de uma capa de revista que disse a mando de Bruno Basso que eu recebi 9 milhões de reais para atuar a favor da JBS e que teria participação do presidente e do PGR”.
Crusoé nunca estabeleceu relação de causa e efeito entre os 9 milhões de reais pagos pela JBS ao escritório de Wassef e a visita dele à PGR. Uma apuração até puxa a outra, em razão de os personagens da história serem os mesmos, mas nenhuma reportagem disse que a bolada recebida e a reunião com os procuradores guardam conexão. Crusoé também não escreveu, como diz o advogado, que os 9 milhões teriam “participação do presidente e do PGR”.
A despeito de todo o esforço de Wassef para descontextualizar e manipular, Crusoé mantém tudo o que foi publicado, exatamente nos termos em que foi publicado, sem tirar nem pôr.
É preciso dizer ao senhor Frederick Wassef e a seus amigos que nós da Crusoé não apenas não publicamos fake news como não agimos a mando de quem quer que seja. Felizmente.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (10)
Nádia
2020-09-18 15:58:52como não acreditar nessa pessoa honrada de caráter ilibado q criou ao menos três versões (acho q mais) para a presença de queiroz na sua casa por mais de um ano.. sem incluir aí, a de q ele nem conhecia queiroz.. kkkkk como não acreditar e como não confiar.. kkkkkk É.
MARIO
2020-09-18 11:22:30Incrível de toda esta história, é esta “empresa”, que cresceu a custas do pt e bndes, continua ativa e seus donos, livres leves e soltos! Essa “empresa”, se tornou a maior financiadora do pt e políticos diversos! Tudo com os $40 bi que tungaram do bndes! Triste!
EMYGDIO
2020-09-18 11:00:18Fico com a impressão de que tecido social brasileiro, de modo geral, se degradou demais ao longo dos anos. Lembro-me de quando era adolescente que a profissão de advogado era muito almejada e respeitada. Atualmente, observo que essa atividade foi permeada por gente totalmente desqualificada. Que vergonha para os profissionais decentes! Obrigado pelo espaço!
Ricardo
2020-09-18 03:13:02wassef já demonstra desespero com as notícias sobre suas ligações, no mínimo estranhas, com o poder e as consequências que podem advir
Regina
2020-09-17 20:19:48Parabéns a Revista Crusoé pelo profissionalismo , fazer a coisa certa sempre , idoneidade e caráter !!!!!
Max
2020-09-17 19:00:26Em frente Crusoé! Esse advogado Wassef, suspeito de muitos “casos estranhos”, vai ter que se explicar às autoridades. Por enquanto, “baila falante e reluzente” mas esse disfarce terá que enfrentar a polícia federal e o MP. Deixa estar. 🇧🇷
jaco
2020-09-17 17:28:09Depois que Paulo Esteves adquiriu a OIA, esta revista Humm.
Tanizia
2020-09-17 17:24:06Parabéns!!!
Nig
2020-09-17 17:17:39Zeca urubu... agente da familícia...
Eugenio
2020-09-17 17:14:42Eu entendi, que os 9 milhões comprometia o capitão, fiquei preocupado, agora vejo que fue uma notícia enviesada.