Reação de Bolsonaro nas pesquisas ajuda Lula a amansar esquerda radical

Aliados do ex-presidente Lula consideraram bastante oportuna a reação esboçada pelo presidente Jair Bolsonaro nas últimas pesquisas -- a diferença entre os dois caiu de 20 para 15 pontos em um mês, segundo o Ipespe.

Além de conter o clima de já ganhou, que contaminou uma parcela dos petistas no fim do ano passado, a melhora nos índices de Bolsonaro ajuda a pré-campanha de Lula a amansar a esquerda radical que tem atacado a aliança com Geraldo Alckmin.

O ex-tucano está prestes a se filiar ao PSB para ser vice na chapa petista. A articulação pela dobradinha, que começou no ano passado, foi duramente criticada por partidos de esquerda aliados do petismo, como o PSOL, e por integrantes da ala mais radical do PT, como os ex-presidentes José Genoino e Rui Falcão -- ambos aderiram a um abaixo-assinado contra a aliança.

Há, entre os petistas mais ideológicos, a crença de que é possível derrotar Bolsonaro sem precisar se aliar ao políticos que eles chamam de "golpistas" por terem apoiado e votado pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, caso de Alckmin e de filiados a outros partidos com os quais Lula tem conversado, como MDB e PSD.

Aliados de Lula passaram a argumentar que as últimas pesquisas mostram que Bolsonaro ainda está vivo na disputa e que, por isso, é importante esquecer as rusgas do passado recente para ampliar o arco de alianças.

O próprio Lula foi às redes sociais para tentar conter a euforia da militância e justificar as articulações com ex-adversários políticos. "Não existe essa de já ganhou. Precisamos de muita habilidade para construir alianças. Se eu não for conversar com quem votou a favor do impeachment, eu vou deixar de conversar com 400 deputados. Se ganharmos, precisamos ter também a maioria no Congresso Nacional", escreveu Lula no Twitter.