Por que Bolsonaro entrou em rota de colisão com sua principal aliada no Espírito Santo

Um projeto de lei colocou em lados opostos o presidente Jair Bolsonaro e uma de suas principais aliadas no Espírito Santo. A deputada federal Soraya Manato, do PSL, apresentou um projeto que prevê a criação de um imposto de 15% sobre a exportação de milho. A justificativa da parlamentar é garantir o produto para o mercado interno e evitar desabastecimento. A iniciativa, entretanto, gerou um levante no agronegócio, contrário à proposta, e Jair Bolsonaro ficou ao lado dos produtores. O presidente tem feito duras críticas ao projeto da aliada e já anunciou que, caso o texto seja aprovado pelo Congresso, pretende vetá-lo.

“Tem que se preocupar, ver quem é o autor, ver se essa proposta é boa ou não é. Pelo simples andar desse projeto, já houve uma grita no meio dos produtores rurais. Ele dá poderes para o governo federal aumentar a taxa de exportação do milho para que sobre no mercado interno. Mas isso é uma interferência do Estado no livre mercado”, disse Jair Bolsonaro na última quinta-feira. “Pode ocasionar inflação e desabastecimento.”

O episódio é mais um motivo de estremecimento entre Jair Bolsonaro e a família Manato – além de Soraya, o ex-deputado federal Carlos Manato, marido da parlamentar, também apoia o governo federal. Em vídeo gravado durante almoço com Soraya no ano passado, Bolsonaro chamou o ex-deputado de “irmão”. Quando o presidente se filiou ao PL, porém, Soraya e Carlos não conseguiram espaço na sigla, cujo diretório capixaba é comandado pelo ex-senador Magno Malta. Soraya, então, fechou com o PTB. Carlos Manato ainda tenta espaço no partido do presidente.