Por que apoio de Bullrich a Milei não é unânime e pode destruir coalizão
A terceira colocada nas eleições presidenciais da Argentina, Patricia Bullrich, anunciou pelo início da tarde desta quarta-feira, 25 de outubro, que apoiará o libertário Javier Milei no segundo turno. Essa decisão não é unânime e deve levar a coalizão do ex-presidente Mauricio Macri, Juntos por el Cambio, ao colapso. Bullrich, que obteve 23,8% dos votos...
A terceira colocada nas eleições presidenciais da Argentina, Patricia Bullrich, anunciou pelo início da tarde desta quarta-feira, 25 de outubro, que apoiará o libertário Javier Milei no segundo turno.
Essa decisão não é unânime e deve levar a coalizão do ex-presidente Mauricio Macri, Juntos por el Cambio, ao colapso.
Bullrich, que obteve 23,8% dos votos do primeiro turno, representa apenas o partido Proposta Republicana (PRO). Essa é a legenda comandada por Macri e o principal componente da coalizão.
O anúncio desta quarta, provavelmente orquestrado pelo ex-presidente, desagrada a ala moderada do PRO, encarnada no chefe de governo da cidade de Buenos Aires e rival de Bullrich nas primárias, Horacio Rodriguez Larreta.
Ele anunciou coletiva de imprensa para as 17h desta quarta.
Além disso, o apoio de Bullrich a Milei aborreceu o movimento radicalista.
Os radicales compõem a coalizão Juntos por el Cambio e têm como principal partido a União Cívica Radical (UCR), uma legenda centenária de centro-esquerda associada à classe média.
Pelas 16h, a UCR anunciou oficialmente que não apoiará nenhum candidato no segundo turno e que não foi consultada por Bullrich sobre o apoio a Milei.
Gerardo Morales, líder da UCR, chamou, na coletiva, a atitude de Bullrich de "intolerável" e de "falta de respeito". Segundo ele, o anúncio "pôs em risco a continuidade de Juntos por el Cambio".
Os radicales fazem dura oposição a Milei principalmente por serem alvos constantes de ataques do libertário, mais mesmo do que os peronistas.
Milei os culpa pelo fim da ascensão econômica da Argentina do século 19. De fato, o momento coincide com a chegada dos radicales ao poder, na década de 1910, mas essa associação ignora o contexto.
O libertário também menospreza muito os últimos dois presidentes radicales, Raúl Alfonsín e Fernando de La Rúa, já na redemocratização — Alfonsín é um ídolo para os radicales, comparável a Juan Domingo Perón para os peronistas.
Um motivo a mais para raiva de Milei é o fato de a UCR ainda fazer parte da Internacional Socialista.
Para além da rixa nas lideranças partidárias, é importante ressaltar também que o eleitorado tem autonomia na decisão do voto.
"Muitas vezes acreditamos que os dirigentes políticos controlam um fluxo de votos importantes. Primeiro, ouvimos o posicionamento dos dirigentes. Depois, veremos a migração dos eleitores", diz Gustavo Córdoba, cientista político e diretor do instituto de pesquisa eleitoral Zuban Córdoba.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)