Polônia quer apagar da história a participação dos católicos no Holocausto
Desde que assumiu o poder em 2015, o governo de extrema-direita da Polônia, liderado pelo presidente Andrzej Duda, quer reescrever a história: recusa-se a aceitar que poloneses católicos colaboraram com os nazistas. O governo nacionalista — que se diz fundado nos valores judaico-cristãos — desconsidera o trabalho de diversos historiadores, muitos deles da própria Polônia,...
Desde que assumiu o poder em 2015, o governo de extrema-direita da Polônia, liderado pelo presidente Andrzej Duda, quer reescrever a história: recusa-se a aceitar que poloneses católicos colaboraram com os nazistas. O governo nacionalista — que se diz fundado nos valores judaico-cristãos — desconsidera o trabalho de diversos historiadores, muitos deles da própria Polônia, que desde o fim do comunismo coletaram uma série de evidências de que poloneses ligados à Igreja Católica contribuíram para o Holocausto (foto).
Dentro desse contexto em que vive o país, na terça-feira, 9, uma juíza de Varsóvia, capital polonesa, tomou uma decisão polêmica. Ewa Jonczyk decidiu que os historiadores Jan Grabowski, da Universidade de Ottawa, e Barbara Engelking, diretora do Centro Polonês de Estudos do Holocausto, em Varsóvia, devem redigir um pedido de desculpas para uma mulher de 81 anos chamada Filomena Leszczynska. Os dois historiadores foram acusados de ter manchado a honra do tio de Filomena.
Grabowski e Barbara publicaram em 2018 um livro chamado A noite sem fim: o destino dos judeus na Polônia ocupada. Em um dos trechos, a obra afirma que o tio de Filomena, o católico Edward Malinowski, então prefeito de uma pequena cidade, roubou uma mulher judia e delatou 22 judeus que estavam escondidos em uma floresta, em 1943. A informação foi obtida a partir do testemunho de uma sobrevivente do Holocausto.
Os advogados de Filomena contestaram a informação e afirmaram que seu tio era, na verdade, um herói nacional, responsável por salvar a vida de vários judeus. A juíza então entendeu que havia inconsistências no depoimento da sobrevivente e ordenou que os historiadores pedissem desculpas. Os dois prometeram recorrer da sentença.
"O problema dessa consideração da juíza é que a história tem mesmo essas incoerências. Uma pessoa pode ter salvado vários judeus e também ter entregado alguns judeus aos nazistas. Não se pode querer que o passado seja único e linear", diz o historiador Michel Gherman, professor da UFRJ e colaborador do Instituto Brasil Israel. "As autoridades polonesas querem submeter a história ao julgamento moral do presente. Querem uma história a serviço do poder", acrescentou Gherman.
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Comentários (6)
Márcia
2021-02-16 12:07:27se o papa da época auxiliou o holocausto, quem dirá os católicos. Quem bom que esse novo papa veio pra acabar com tudo isso, ou seja, com a igreja católica.
Helder
2021-02-15 12:17:23Duda Teixeira, com esse título de post, quer condenar todos os católicos pelo Holocausto. Deplorável.
Vimar
2021-02-15 11:50:11Sinceramente, em relação aos Judeus, eu não compreendo o porquê de tanto sofrimento.
Jose
2021-02-15 01:04:51Faz parte da cartilha dos extremistas de esquerda e da direita apagar a história. Se pudessem, queimariam todos os livros e adotariam uma ditadura tal como foi bem descrita por Orwell.
Magda
2021-02-14 19:31:50A juíza é da msm escola de Gilmar e Levandowski (aliás,nome polonês/russo),adapta a lei de acordo c/ interesses.Polônia,assim como Áustria,Suiça e o próprio Vaticano trabalharam ativa ou silenciosamente c/ e p/ os nazistas.Até a Inglaterra,cujo rei Eduardo VIII,tio da atual Queen,tinha uma amante,c/ quem casou-se dps de renunciar à coroa,q comprovadamente era espiã de Hitler.Salvaram-se poucos q ñ participaram ou ao menos ñ toleraram o morticínio.Todos tinham seu preço,até mesmo alguns aliados.
LAVA JATO VIVE - L⤴
2021-02-14 19:00:231.1 - No Brasil à esquerda quer pintar os que lutaram contra a ditadura de heróis; e o Bolsonaro, passar um verniz de heroísmo aos militares torturadores. A verdade é que a história prova tudo aquilo que a história se propõe a provar. No presente, mesmo com tudo registrado, observamos incrédulos, a tentativa de mudar fatos, como por exemplo, o general Pazzuelo, que propagou a cloroquina como panaceia, agora negar isso. No futuro, qual narrativa prevalecerá?