Perplexidade no Itamaraty após Senado barrar aliado de Ernesto; parlamentares falam em ‘recado’

16.12.20 07:38

O clima no Itamaraty era de completo espanto na noite desta terça-feira, 15, depois que o Senado rejeitou, por 37 a 9, a indicação de Fabio Marzano, secretário de Soberania Nacional e Cidadania do MRE, para ser o representante do Brasil em organismos internacionais em Genebra. Pessoas próximas ao ministro Ernesto Araújo, muito ligado a Marzano, relataram estar “perplexas”.

No entendimento da cúpula do MRE, Marzano estava tecnicamente correto ao dizer à senadora Kátia Abreu, do PP do Tocantins, que não poderia responder sobre o Acordo União Europeia-Mercosul, pois o assunto nunca foi de sua alçada. A parlamentar, no entanto, ficou indignada e bateu boca com o embaixador durante a sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado. Após o entrevero, alguns senadores chegaram a pedir desculpas ao diplomata em razão da situação constrangedora.

Houve, no entanto, uma ala de parlamentares que não gostou nada do que consideraram uma “grosseria” e um “desrespeito ao Senado” por parte do diplomata. O movimento para virar os votos foi capitaneado por Major Olímpio, mas ele logo ganhou a simpatia de nomes da oposição e do Centrão. Sob reserva, um líder ouvido por Crusoé avalia que o Senado queria há algum tempo mandar um recado a Ernesto Araújo, e o episódio na sabatina acabou sendo o pretexto. “Ao inferno, chanceler”, bradou Olímpio, direto da tribuna do Senado, na noite de ontem.

Um opositor do governo lembra que, em uma audiência pública há três meses, o próprio chanceler bateu boca com Rogério Carvalho, líder do PT, em reunião convocada para que Ernesto explicasse a visita de Mike Pompeo a Roraima.

Com a rejeição de Marzano, integrantes da Comissão de Relações Exteriores do Senado calculam que um nome para substituir a embaixadora Maria Nazareth Farani Azevêdo em Genebra só será aprovado no ano que vem.

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