Paquistão e Arábia Saudita firmam pacto de defesa mútua
Arábia Saudita assinou importante acordo com vizinho detentor de armas nucleares num importante movimento regional

O Paquistão e a Arábia Saudita firmaram nessa quarta-feira (17) um acordo de defesa mútua que promete alterar os equilíbrios estratégicos no Oriente Médio e no Sul da Ásia.
Durante a visita do primeiro-ministro paquistanês Shehbaz Sharif a Riad, ele e o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman assinaram um compromisso em que qualquer ato de agressão contra um dos países será considerado agressão contra ambos.
É um acordo inédito, que formaliza uma parceria historicamente marcada por cooperação militar e apoio econômico, mas que nunca havia sido institucionalizada nesse nível.
O pacto reflete a busca da Arábia Saudita por diversificar suas garantias de segurança em meio à incerteza sobre o engajamento dos Estados Unidos na região.
Para Riad, contar com o respaldo de uma potência nuclear como o Paquistão adiciona um elemento de dissuasão num histórico de tensões com o Irã e da instabilidade em torno do conflito em Gaza.
Já para Islamabad, o acordo representa uma oportunidade de reafirmar relevância internacional e assegurar apoio econômico em um período de dificuldades financeiras e vulnerabilidade externa, como nas recentes tensões com a Índia.
Apesar da solenidade do anúncio, os termos do tratado ainda deixam muitas perguntas em aberto. Não há detalhamento sobre como será a cooperação em inteligência, logística ou tecnologia militar, nem quais seriam os mecanismos de resposta imediata em caso de ataque.
Na declaração conjunta não há menções explícitas ao uso arsenal nuclear paquistanês, embora o simples fato de existir uma cláusula de defesa mútua e que o Paquistão seja mencionado como potência nuclear alimente especulações sobre implicações estratégicas maiores alimente especulações sobre implicações estratégicas maiores.
O impacto do acordo poderá ser sentido em três frentes principais. No campo militar, reforça o efeito dissuasório ao elevar os custos de uma agressão contra qualquer um dos dois países.
No plano diplomático, sinaliza que Riad e Islamabad estão dispostos a construir arranjos paralelos às tradicionais garantias oferecidas pelo ocidente, sobretudo Estados Unidos, principal fornecedor de equipamentos militares para os sauditas e aliado dos paquistaneses.
E no cenário regional, coloca Índia, Irã e outros vizinhos em alerta diante da possibilidade de um bloco de segurança mais coeso.
Ao transformar uma relação de décadas em um compromisso formal de defesa, os dois governos indicam que pretendem ampliar seu protagonismo em um ambiente geopolítico em transformação
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