O teste de resistência da democracia chilena
O Chile terá neste domingo, 19, o segundo turno da eleição presidencial entre um candidato radical de esquerda, Gabriel Boric, e um de extrema-direita, José Antonio Kast. Boric e Kast não pertencem aos partidos que governaram o Chile nos últimos 30 anos. Eles estão nos extremos do espectro político. Os dois também adotam um discurso...
O Chile terá neste domingo, 19, o segundo turno da eleição presidencial entre um candidato radical de esquerda, Gabriel Boric, e um de extrema-direita, José Antonio Kast.
Boric e Kast não pertencem aos partidos que governaram o Chile nos últimos 30 anos. Eles estão nos extremos do espectro político. Os dois também adotam um discurso populista e polarizado.
"O Chile não é nem jamais será um país marxista nem comunista", disse Kast no ato de encerramento de sua campanha na quinta-feira, 16.
Nos últimos dias, Boric atacou Kast dizendo que seu adversário fez uma eleição suja. "O importante é que as pessoas o vejam com um candidato da ultradireita, a versão pinochetista do (presidente Sebastián) Piñera", disse Boric.
Nas mais recentes pesquisas, Boric aparecia com uma vantagem que variava de 3 a 9 pontos percentuais. Em grande parte, o resultado vai depender do comparecimento dos eleitores, uma vez que no Chile o voto é facultativo.
Qualquer que seja o vencedor na eleição deste domingo, a democracia chilena passará por um teste de resistência. Uma das maiores preocupações é com a nova Constituição, que está sendo elaborada e terá de ser aprovada por um plebiscito. Como a maior parte dos constituintes é de esquerda, eles podem mudar alguns pontos da Carta, permitindo a aprovação de novas leis por maioria simples no Congresso a fim de realizar mudanças radicais no país.
Mas há também vários motivos para acreditar que a democracia chilena será capaz de evitar caminhos indesejáveis. As agremiações de Boric e de Kast serão minoritárias no próximo Congresso. Na Câmara dos Deputados, a coalizão de Boric terá 20% das cadeiras e a de Kast, 11%. No Senado, dos 50 assentos, Boric terá cinco e Kast, um.
"A democracia chilena demonstrou sua capacidade de resiliência nos últimos anos difíceis. Kast e Boric, em geral, têm agendas programáticas que não trazem muitos danos potenciais às instituições democráticas", diz o cientista político Carlos Meléndez, da universidade chilena Diego Portales.
"Em um possível governo de Kast, o mais provável será a promoção de políticas conservadoras nas questões sociais e o endurecimento das medidas de segurança pública, mas com baixa probabilidade de concretização devido à resistência do Legislativo, do Judiciário e da sociedade civil", diz Meléndez. "Em um possível governo de Boric, não devem ocorrer atropelos à liberdade de imprensa ou à Justiça", acrescenta Meléndez.
Segundo o cientista político, nenhum dos dois candidatos quer alterar profundamente a estrutura institucional do Chile. "Kast não é o brasileiro Jair Bolsonaro. Boric não é o venezuelano Hugo Chávez. Eles estão mais próximos do colombiano Iván Duque e do peruano Pedro Castillo."
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Comentários (10)
FRANCISCO AMAURY GONÇALVES FEITOSA
2021-12-19 21:24:38o Chile suicidou hoje nas urnas e o Brasil será próximo país a virar lixo.
CARLOS
2021-12-19 12:56:35Capitalismo e comunismo são meros rótulos para manipular as massas...A realidade é bem diferente
PAULO
2021-12-19 11:22:031- O capitalismo venceu, mais não conseguiu debelar as angústias dos cidadãos. Como o futuro é cada vez mais incerto, o político extremista, que se vale de velhas teses, já testadas e com resultados catastróficos, conseguem fisgar a massa ignara, colocando-as em uma nova embalagem. No Chile, seja qual for o resultado da eleição, às instituições vão conseguir que a democracia do país, não tome caminhos indesejáveis.
AMAURY FEITOSA
2021-12-19 10:17:03o Chile onde o voto é opcional pode mostrar o rumo da América La T indo .. no caso quem conseguir mobilizar seu eleitorado bem mais politizado vencerá . o Brasil com Bolsonaro . com Luladrão ou Moro sem nenhuma dúvida nos trarão mais quatro anos extremamente difíceis . se o chefe de quadrilha vencer em 2026 seremos uma Argentina piorada ou uma ditadura mais explícita do esta que já temos com poder moderador e tudo . lá vai o Brasil descendo a ladeira ...
Ferreira
2021-12-19 10:16:35Diogo, estou aqui tentando ler Crusoé, e aparece propaganda com foto de carro usado. Fiz um print para tentar inserir nesse comentário, mas não consegui. Enfim, esse google tem que se explicar e indenizar sua Revista.
Claide
2021-12-19 08:49:35Que a Democracia vença !
MARCIO
2021-12-18 20:45:28Parece que as direitas e esquerdas alternativas estão na moda na América Latina, é bom lembrar que nós latinos nunca iremos progredir, isso é fato e regra
Fernao
2021-12-18 19:42:31Crusoé deveria analisar melhor a imcopetencia e desgoverno do esquerdista Castilho no Peru
JO EL
2021-12-18 19:22:05Confesso que estou com inveja dos chilenos neste particular do voto facultativo, penso ser imperativo isto no Brasil, vamos meu povo, pressionemos nossos politicos, briguemos por isto e tudo mais que nos torne uma democracia digna deste nome, com voto distrital, nao a reeleicao e candidaturas avulsas e independentes, nao a mais partidos politicos meu povo, isto tudo depende do povo politizado brigar, pressionar nossos omissos politicos, claro, eles nao querem, mas se pressionarmos conquistaremos
JO EL
2021-12-18 18:58:33Vejamos a diferenca cultural e de discernimento de uma nacao, no Chile o voto e facultativo como tem que ser em uma democracia de verdade, alias, se podemos de democracia a nossa no mundo a unica com voto obrigatorio e com voto da analfabeto, porque nao alfabetizaram os brasileiros, pra serem politizados e saberem escolher politicos competentes, assim os bandidos, salafrarios continuarao se reelegendo ate Maria chegar da lenha. Voto facultativo ja. Moro, o certo da forma certa.