A receita de Evo para ganhar sempre
O presidente da Bolívia, Evo Morales (foto), disputará neste domingo, 20, as eleições na tentativa de conquistar seu quarto mandato. Ao longo dos catorze anos no comando do governo, Morales tomou diversas medidas para garantir que, qualquer que fosse a preferência da maioria dos eleitores, ele vencesse na contagem final. Uma dessas medidas foi ampliar...
O presidente da Bolívia, Evo Morales (foto), disputará neste domingo, 20, as eleições na tentativa de conquistar seu quarto mandato.
Ao longo dos catorze anos no comando do governo, Morales tomou diversas medidas para garantir que, qualquer que fosse a preferência da maioria dos eleitores, ele vencesse na contagem final.
Uma dessas medidas foi ampliar o número de pessoas aptas a votar. Desde 2005, o primeiro ano de seu governo, o total triplicou. Como a população nesse período aumentou apenas 50%, muitos dos novos eleitores podem ser apenas o resultado de fraudes, como pessoas votando mais de uma vez.
A exemplo do que fez o venezuelano Hugo Chávez, Morales também mudou os contornos dos distritos eleitorais a seu favor. O bairro ao sul de La Paz, majoritariamente de oposição, tem uma representante no Congresso dominado pelo partido do governo, o Movimento ao Socialismo, o MAS. Isso porque a esse distrito foi adicionado um bairro popular e populoso, o de Pampahasi, de maioria oficialista.
Quando a vantagem eleitoral não foi obtida redesenhando os distritos, o governo apelou para deslocamentos populacionais. Ao longo dos últimos dez anos, milhares de pessoas do altiplano, onde o governo tem mais apoio, ganharam terras nos departamentos com economia mais dinâmica e que ficam mais perto do Brasil.
Entre os efeitos colaterais dessa mudança, estão os incêndios que ocorreram na Bolívia nos últimos meses. A maior parte deles foi iniciada por colonos que ganharam terras do Instituto Nacional de Reforma Agrária, em troca de votos.
Outro artifício foi nomear todos os mesários e juízes dos tribunais eleitorais, que conduzem a eleição e julgam quando há alguma pendência ao longo do processo de votação. "Todos os encarregados pela votação foram nomeados pelo MAS e sabem que devem obedecer ao partido", diz a cientista política boliviana Jimena Costa, em La Paz. "O controle do sistema eleitoral hoje é total."
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Comentários (10)
Uira
2019-10-21 20:23:54Se ele ainda conseguisse se reeleger, o mais prudente seria começar a se esterilizar e se afastar da corrupção. Do contrário, caminhará para ficar cada vez mais refém dela, arrastando o país junto com ele.
Uira
2019-10-21 20:21:41Evo enfraqueceu a sociedade boliviana para se manter no poder, o custo disto é que a dependência alimentada por ele irá cobrar o preço exatamente quando a economia se encontrar no atoleiro, as receitas caem, mas as despesas e os gastos não. Eleito ou não, a situação dele será complicada, mas ficará ainda pior se ele insistir em fazer que nem Maduro, ver que a economia está descendo a ladeira e resolver acelerar.
Uira
2019-10-21 20:16:08Todos estes fatores somados indicam que mesmo que ele consiga se eleger, a inércia do sistema fará com que ele cada vez mais veja Maduro no seu retrovisor, o que só tende a agravar o problema. Quanto menos margem para alterar o curso, mais ele teria que recorrer ao populismo e à repressão, primeiro velada, depois explícita. Isto não quer dizer que a alternativa a Evo vá fazer diferente e não vá meter o pé pelas mãos, é difícil mudar a sina de um país, às vezes será trocar 6 por meia dúzia.
Uira
2019-10-21 20:11:21A sorte de Evo está virando, ele muito provavelmente tem uma máquina totalmente ineficiente e refratária a qq coisa que possa significar o mínimo de ameaça a seus interesses, sua base eleitoral é mantida a base de anabolizantes populistas que dependem de um cenário externo favorável, as acusações de corrupção devem se acumular a tal ponto de já ser praticamente impossível negá-las ou abafá-las e, apesar de trazer alguma estabilidade, ele não investiu para aumentar a produtividade do país.
Uira
2019-10-21 19:56:50É fácil fazer prognósticos quando se olha o passado com os olhos do futuro, mas dado o nível de desenvolvimento da Bolívia, a própria mentalidade dos bolivianos e de Evo, o que se seguiu foi um caminho mais ou menos natural e que não tinha como ser muito diferente. Foi assim no Brasil, na Argentina, na Venezuela, no Peru (em partes), pq seria diferente na Bolívia? Mas o mais impressionante é que autocratas ou aspirantes a tal normalmente acham que a sorte não vai virar.
Uira
2019-10-21 19:51:53Evo talvez já saiba, pois ele certamente está vendo Maduro e a Venezuela no seu retrovisor. Ele até tem algum mérito por ter tido mais os pés no chão e não se deixar levar como Chávez (Maduro é um incompetente, mas ele já pegou a Venezuela descendo a ladeira, o erro dele foi ter acelerado mais ainda), mas o modelo por meio do qual ele se manteve uma hora ou outra iria se esgotar. E isto normalmente ocorre exatamente quando a situação começa a degringolar e o país não tem mais gás algum.
Uira
2019-10-21 19:47:30O que vem fácil, vai fácil. Evo chegou ao poder em uma onda que já se esgotou a algum tempo, além disto, a partir do momento em que ele se aproveitou de um choque exógeno decorrente de um cenário externo favorável, ele almejou melhorar a condição da população. Mas se isto foi propiciado por uma situação externa favorável, então assim que os ventos mudassem, as medidas que funcionaram para inflar a popularidade dele se transformaram em despesas correntes que sobrecarregam o Estado.
Uira
2019-10-21 19:42:45Todas estas manobras realizadas por Evo foram de graça? Seus "aliados" não cobraram nada em troca de desvirtuar o sistema político e eleitoral boliviano? A contrapartida para isto não foi lotear a máquina para a "companheirada"? E se ela estiver dominada, como é que ele irá reverter a situação sem que forças ocultas comecem a se manifestar? Se a máquina está dominada, os PARASITAS que se alojaram nela trabalham para quem, para o país ou para eles mesmos?
Rosileine
2019-10-21 18:29:34pobre Bolivia
Mário
2019-10-21 09:34:30A esquerda é desonesta no mundo todo. É de conhecimento mundial a forma como fazem eleição. Só neste mundo socialista existe a quase unanimidade nas eleições, à base de roubalheira e escamoteamento.